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DÉCADA PERDIDA

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Por:   •  22/10/2014  •  588 Palavras (3 Páginas)  •  182 Visualizações

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A economia brasileira avançou na década seguinte à chegada ao

poder do ex‐presidente Lula. Ainda mais importante foi o avanço nos

temas sociais. Não obstante, o desempenho brasileiro, quando

medidoem relação ao melhor grupo de comparação entre

emergentes, foi, em geral, muito aquém do que poderia ter sido.

Tendo recebido um choque de renda externa mais generoso, o Brasil,

em relação ao melhor grupo de comparação:1) cresceu, investiu e

poupou menos; 2) recebeu menos investimento estrangeiro direto e

adicionou menos valor na indústria; 3) teve mais inflação; 4) perdeu

competitividade e produtividade, avançou menos em Pesquisa e

Desenvolvimento e piorou a qualidade regulatória; 5) foi pior ou

igual em quase todos os setores importantes; 6) a distribuição de

renda, a fração de pobres, e a subnutrição caíram em linha ou um

pouco menos; 7) a escolaridade avançou menos, a despeito de

maiores gastos; 8) a saúde andou em linha.Fomos melhor no

mercado de trabalho, onde avançamos na margem mais fácil: colocar

as pessoas para trabalhar. Em suma, o Brasil avançou, mas poderia

ter avançado muito mais. Neste sentido a década foi perdida.

Como julgar o desempenho de um governo? O método mais imediato é comparar

com o governo anterior. Apesar de simples e intuitivo, a comparação com

períodos anteriores é um método insatisfatório por um sem número de razões.

Para nossos propósitos, basta mencionar que, coincidente à eleição da então

oposição no pleito presidencial de 2002, os termos de troca do Brasil – e da

maioria dos emergentes – começaram a melhorar substancialmente. Isso, além

da política monetária frouxa nos EUA, criaram condições externas bastante

favoráveis, não vistas nos dez anos precedentes. O que melhorou no Brasil? Os

governos Lula e Dilma ou as melhores condições externas? Além disso, políticas

implantadas nos governos anteriores maturaram durante a década de 2000. Dois

exemplos: a universalização do ensino básico e a faxina do setor financeiro, que

custou algo como 15% do PIB (De Mello e Garcia, 2011).

Medir o desempenho de um governo é um problema de inferência causal. A

comparação satisfatória é com o que teria sido o desempenho do país sob outro

governo. É o chamado contrafactual que, por construção, não existe. Em ciências

laboratoriais, o contrafactual é imitado através da produção de dados

experimentais: escolhendo aleatoriamente aqueles que receberão um

certotratamento e os que não o receberão, infere‐se se o efeito

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