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Ecológico- Preservacionista X sócio-ambiental

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Por:   •  20/3/2015  •  773 Palavras (4 Páginas)  •  4.273 Visualizações

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Por mais que a educação ambiental se faça presente na legislação ambiental e nas intenções das políticas públicas federal, estaduais e municipais, ela não é uma unanimidade, mesmo quando se trata de termos práticos de viabilização, ou até mesmo em termos conceituais. Os conceitos que permeiam os programas, projetos e ações, governamentais e não governamentais, são muitas vezes discrepantes, criando então, práticas também diferentes. Segundo Medina (1994), as atividades de educação ambiental, podem ser classificadas segundo duas grandes vertentes de abordagem: a ecológico- preservacionista e a sócio-ambiental. A vertente ecológico-preservacionista se associa com o jeito com que a educação ambiental foi tratada nas décadas de 60 e 70, época que se falava de educação ecológica, levando em consideração o prisma das questões naturais e na separação do mundo construído do mundo natural, demandando a interrupção do desenvolvimento e atribuindo a natureza um valor supremo. Nessa vertente, o ser humano é analisado como entidade imaterial, que permanece distante da natureza, também imaterial, a qual atribui valores estéticos e éticos de não violação. Há uma dissimilação dos conflitos pelo uso dos recursos naturais, derivado do modelo de desenvolvimento em vigência, deixando de lado os aspectos políticos e econômicos que causam a devastação ambiental. Ademais ela busca um retorno das comunidades naturais, como modelos de sociedades harmônicas, em contato permanente com a natureza. No que se refere ao conhecimento, existe uma tendência a privilegiar o conhecimento originário da experiência, priorizando, portanto, o conhecimento popular. Em relação à educação, há uma inclinação aos processos não formais, que foquem mudanças individuais e comportamentais em relação à natureza. Por isso, há uma frequente confusão entre educação ambiental e ecologia, incluindo os conteúdos desta última como objeto fundamental do ensino e se caracterizando, também, pela promoção de eventos isolados, como as datas comemorativas relacionadas a meio ambiente. Outros autores, como Tanner (1978) fazem referência a esse tipo de enfoque, com uma denominação de Educação Ambiental Conservacionista, cuja principal característica é o foco no ambiente não-humano, mostrando os impactos das atividades humanas na natureza e ressaltando os problemas ambientais como resultantes do desconhecimento dos princípios ecológicos. Dessa forma, a educação conservacionista seria uma ferramenta para as mudanças de comportamentos. Loureiro (2004), também critica a educação conservacionista, que tem suas ações práticas dirigidas para a defesa da biodiversidade e da manutenção intacta de áreas protegidas, dissociando, portanto, sociedade e natureza, e focando o ato educativo numa mudança comportamental compatível a um padrão idealizado de relação correta com a natureza. Contrapondo-se à vertente naturalista / ecológico-preservacionista, surge a abordagem da educação ambiental na vertente sócio-ambiental, que se designa por reinserir o ser humano na natureza, ressaltando o meio ambiente como resultado do processo histórico das interrelações entre processos sociais e naturais, mediado pelo estilo de desenvolvimento. Essa abordagem analisa criticamente os problemas ambientais, buscando determinar suas causas e consequências, visualizando a sociedade e a cultura como categorias inseparáveis, produtos do processo histórico de evolução da humanidade, atestando e valorizando as diversidades culturais e buscando a construção de novas formas sociais de aproveitamento dos recursos naturais e de novas relações sociais entre os seres humanos. O conhecimento, para os que adotam essa vertente, deve sempre buscar o resgate da experiência tradicional e popular, dando destaque à interdisciplinaridade e a uma visão sistêmica de mundo, no estudo dos complexos problemas ambientais, considerando que a educação formal e não formal se complementam e muitas vezes se fundem. A educação ambiental na vertente sócio-ambiental procura levar o indivíduo a se localizar historicamente no tempo e no espaço, levando-o a pensar e agir de forma crítica e transformadora, atuando com ética e responsabilidade na sociedade em que vive. Entretanto, não são todos que trabalham com educação ambiental que acreditam no seu aspecto crítico e transformador. Analisando as diferentes formas de pensamento e ação em relação à educação ambiental, é possível perceber que existem diferenças conceituais significativas entre os que a observam como instrumento para mudança de comportamentos e atitudes relacionados ao meio ambiente, os que a cogitam como responsável pela transmissão de conhecimentos técnico-científicos sobre as questões ambientais e aqueles que a contemplam como processo político capaz de interferir sobre a realidade e seus problemas sócio-ambientais, transformando-se num exercício prático de cidadania (TOZONI-REIS, 2006). Esse avanço teórico-metodológico da educação ambiental vem sendo feito por inúmeros autores ao longo dessas décadas, cada um dando a sua parcela de contribuição para a problematização do tema.

REFERÊNCIAS

BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. Educação ambiental: curso básico à distância. Brasília, DF: 2001

LOUREIRO, C.F.B. Trajetória e fundamentos da educação ambiental. São Paulo: Cortez, 2006

TANNER, Thomas R. Educação Ambiental. São Paulo: EDUSP, 1978.

TOZONI-REIS, M.F.C. (Re) pensando a educação ambiental. In: CONGRESSO IBEROAMERICANO DE EDUCAÇÃO

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