Evolução Histórica da Questão Ambiental
Por: Mariana Andrade • 30/4/2016 • Resenha • 1.573 Palavras (7 Páginas) • 1.252 Visualizações
FICHAMENTO – Livro “Fundamentos da política e gestão ambiental”, Maria Augusta Bursztyn e Marcel Bursztyn. Capítulo 2, Evolução histórica da questão ambiental – 1: dos primórdios até o Relatório Brundtand
- Reflexão sobre os impactos da ocupação humana no planeta desde os primórdios
O surgimento da humanidade, mesmo que relativamente recente, causa impactos ao meio ambiente desde o início. Viver, mesmo que dá forma mais sustentável, é degradar algo que antes era naturalmente intocado. Portanto, todas as nossas ações, evoluídas, melhoradas e aprimoradas através de técnicas desenvolvidas aos poucos, se apresentam maiores e mais degradantes a cada dia.
Segundo o texto, “no início, as mudanças causadas pela humanidade se davam de forma lenta; mas nos tempos mais recentes elas passaram a ocorrer de modo acelerado e intenso”. É por isso, que hoje, vemos as consequências de um processo contínuo de transformação do meio ambiente em virtude da relação com a humanidade tão surpreende e ao mesmo tempo preocupante.
Essa transformação que causamos ao nosso planeta é espantosa e admirável, pois tantas coisas fez o homem em tão pouco tempo, a ponto de mudar a maneira como um sistema complexo e extremamente interligado – o planeta Terra – funcionava.
Ainda assim, foi depois de muito tempo que a percepção de como esses impactos nos afetariam, chegou. Diga-se de passagem, ela veio aos poucos e com muita dificuldade até nós, para que seja possível finalmente entender que a vida, em sua mais complexa definição, está em risco. Primeiramente, o pensamento antropogênico que se preocupava com nossas futuras gerações e só depois, o entendimento concreto de que “há o risco da finitude da própria natureza diante de uma humanidade demasiadamente capaz”. A culpa caía sobre nós.
Hoje, o “debate público sobre a vulnerabilidade da natureza” está em alta, mas nada nos dá certeza de que realmente podemos reverter um quadro tão dramático. As ações tomadas têm caráter emergencial e parecem resolver problemas a curto prazo, o que não surte os efeitos necessários diante de tantos problemas.
O que falta à questão ambiental tão discutida e falada, por tanta gente, ainda é perceber que se “os problemas ambientais não são [...] fenômenos recentes”, mas “resultam de processos milenares de transformação da relação da humanidade com a natureza”, então para revertê-los não basta um passe de mágica.
- Evolução histórica de nossa apropriação do espaço e os impactos gerados
Desde o surgimento da espécie humana, o planeta sofre os impactos da sua ocupação. A medida que o homem evoluía, suas técnicas de exploração da natureza se tornavam mais eficientes e favoráveis a apropriação do espaço e os impactos aumentavam. Estes são identificados conforme as primeiras civilizações se estabeleciam enquanto sociedade. “A combinação entre habilidades técnicas e gestão ambiental pode ter sido o diferencial entre sociedades que se mantiveram prósperas por longos períodos e outras que entraram em colapso. [...] Se, por um lado, as condições naturais determinaram migrações, a evolução das condições técnicas, por outro lado, permitiu a sedentarização, ao longo da história”.
Dependência da natureza: os impactos provocados pelas ações humanas, nesse momento, são pequenos em virtude do número reduzido de habitantes no planeta; ainda assim, por serem diretamente dependentes da natureza, há indícios de eventos de degradação como o “uso deliberado do fogo para desmatamento”.
Revolução neolítica: intensificação da ação humana sobre a natureza e marco do início das civilizações, ou seja, dá espaço para as aglomerações urbanas, já que o sedentarismo se torna possível “pelo domínio da agricultura, pela invenção de instrumentos de trabalho e de caça e pesca, e pela produção de excedentes”.
Idade do Ferro: “observa-se a intensificação da pressão das atividades agrícolas sobre a floresta” uma vez que nesse período o homem desenvolveu técnicas avançadas do uso do ferro como metal para diversos instrumentos de trabalho.
Submissão da natureza: a partir do final da Idade Média, muitos eventos sociais, culturais e econômicos influenciam e marcam o “fim de uma era de temor do mundo natural”, fazendo com o homem da época adotasse um caráter expansionista que resultaria mais uma vez na ampliação do uso dos recursos naturais; “a ciência passa a ser direcionada para dominar e controlar a natureza”. Nesse momento, seguem-se dois grandes eventos marcantes para a historiografia humana e para as transformações do meio ambiente que vemos hoje:
- A 1° Revolução Industrial gera impactos intensos tanto no campo social (urbanização desordenada, mudanças nas condições de trabalho humano) quanto no ambiental (desenvolvimento da mineração e siderurgia, intensificação na produção e consumo de energia, mudança do papel da agricultura) mas que na verdade, se integram nessa mudança do eixo campo-cidades industriais resultando na transformação da natureza e do seu papel enquanto provedora de recursos.
- A 2° Revolução Industrial intensifica ainda mais essa necessidade de usar a natureza como “objeto a serviço dos humanos, um meio de produção de riquezas”; além da introdução de carvão e petróleo na matriz energética mundial que tem como consequência direta a poluição atmosférica através do lançamento contínuo de carbono no ar.
- As origens do debate ambiental
Século XVIII
– A preocupação ambiental acerca de como a humanidade se relaciona com a natureza é expressa através de correntes antagônicas: visão biocêntrica (“todas as formas de vida eram igualmente importantes”) versus visão antropocêntrica (“a humanidade seria o foco da existência”).
Século XIX
– Percepção social do declínio da qualidade de vida: a questão urbana toma mais importância uma vez que a degradação ambiental tem consequências diretas no funcionamento de uma cidade e logo a população percebe que a inexistência de saneamento básico e a poluição do ar resultante das fábricas está mudando o modo de viver de todos.
– Primeiras regulamentações internacionais e movimentos de defesa da natureza e da vida selvagem: “No bojo da crescente consciência de uma responsabilidade moral relacionada à proteção dos recursos naturais, associado a uma construção social idealista da natureza, ganhou importância o movimento no sentido de preservar regiões percebidas como selvagens ou primitivas”.
Século XX
As guerras mundiais e a expansão dos meios de produção não foram favoráveis à preservação dos recursos naturais como queriam os preservacionistas e conservacionistas (ambientalistas norte-americanos que defendiam meios de cuidado ao meio ambiente), no entanto, já eram realizados encontros internacionais para discutir sobre a relação homem-natureza e sobre estratégias de proteção ambiental.
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