Fichamento do Filme: O Jardineiro Fiel

O filme “O Jardineiro Fiel” traz à tona a reflexão de que: até aonde as minhas atitudes influenciam na vida e no bem estar do outro?

        No filme, claramente vê-se a diferença social que separa um único lugar em “dois mundos”, onde o pobre e de outra etnia não possui direitos e, em contrapartida, o rico estrangeiro que possuir mais influências financeiras e de nome detém o poder sem qualquer questionamento sobre a concordância ou não de tomá-lo.

        Durante toda a trajetória do filme nitidamente observa-se a falta de ética e moral quando deixa-se de pensar e respeitar os direitos do outro independente de classe social, cor, renda ou grau de escolaridade. É notável que o ser deixe de possuir vida e direitos e passa a se tornar um prêmio para quem dispor de mais interesses econômicos e/ou representar uma empresa de maior nome. Mas, quem deu-lhes o direito de dominar e reger dessa maneira a vida do outro sem o seu consentimento?

        A personagem a qual levanta essa questão e luta para que os direitos legais de todos os seres sejam respeitados é vista como inimiga dos negócios e, em vista disso, torna-se mais uma vítima do capitalismo quando o grande Vilão retém a sua vida tirando-a. No entanto, sua dedicação à luta pelos menores levanta tal indignação que, não só marca a trajetória do filme, como também é dada como um grito impactante na vida de todos os que assistem deixando o recado de que os fins definitivamente não justificam e nunca justificaram os meios.

O descaso com a população menos favorecida que peregrina de século em século onde o menos favorecido é alvo de experimentações e não tem qualquer opinião nem ao menos sabe o que lhe está sendo feito, é observado desde a Segunda Guerra Mundial nos campos de concentração e, buscando uma solução para o combate à violência contra a vida de cada indivíduo nasceram códigos e relatórios que reforçam os Direitos Humanos levando em conta a autonomia de cada ser. Justamente, buscando o Direito à Vida, é que a protagonista do filme luta e que nos remete a ética de profissionais da saúde que usufruíram de seus postos cooperando para a experimentação de medicamentos em pessoas que ao menos sabiam o que lhes era dado.

A prática incorreta mostrada no filme vai contra a base do Relatório de Belmont de 1978, criada pelo governo norte-americano, que “Define as bases éticas para a proteção dos seres humanos submetidos à pesquisa biomédica, onde são reconhecidos os princípios da beneficência, da justiça e a necessidade do consentimento pós-informação em respeito à autonomia dos sujeitos pesquisados”, porém, no filme vemos claramente que este relatório não é respeitado, bem como os Princípios da Bioética (publicado em 1994) de Tom Beauchamp e James Childress que defendem que: a não malefiência, a beneficência, o respeito à autonomia e a justiça, são deveres prima facie, ou seja, obrigações que devem ser cumpridas, a não ser que entrem em conflito com outro dever igual ou mais forte. 

Visando a defesa à vida, tanto o Relatório de Belmont como os Princípios da Bioética, menciona-se a justiça associada à ética onde nos mesmos Princípios cita-se: “A ética, em seu nível público, além de proteger a vida e a integridade das pessoas, objetiva evitar a discriminação, a marginalização e a segregação social” e que “Nesse contexto, o conceito de Justiça deve fundamentar-se na premissa que as pessoas têm direito a um mínimo decente de cuidados com sua saúde.”

Em síntese, a luta da protagonista pelo direito de cada indivíduo que tinha sua vida usada como fonte de pesquisa de medicamentos, está fundamentada em bases legais e de maneira geral deveria ser um engajamento para que todo o direito de vida e respeito à mesma, fosse alastrado por todo o mundo.