GODOY, A. S. Pesquisa qualitativa: tipos fundamentais

1. TEXTO H2

GODOY, A. S. Pesquisa qualitativa: tipos fundamentais. Revista de Administração de Empresas. V.35, No.3, p. 20-29. São Paulo. Mai/Jun 1995.

1.1 OBJETIVO: descreve as características essenciais e três tipos de delineamentos possíveis dentro da pesquisa qualitativa (estudo de caso, etnografia e documental).

1.2 LINHAS ARGUMENTATIVAS

Atualmente, a pesquisa qualitativa ocupa uma posição importante no fazer científico “social” que busca entender as interações entre os seres humanos nos mais variados espaços. São diversos os caminhos possíveis para se estudar os fatos sociais, que permitem construir uma visão interligada dos fenômenos através dos vários coletados, dentre eles é possível citar: a pesquisa documental, o estudo de caso e a etnografia.

“Considerando, no entanto, que a abordagem qualitativa, enquanto exercício de pesquisa, não se apresenta como uma proposta rigidamente estruturada, ela permite que a imaginação e a criatividade levem os investigadores a propor trabalhos que explorem novos enfoques”. (p.21)

A pesquisa documental é uma importante fonte de dados para as pesquisas qualitativas, esta propicia a interpretação de dados sob diferentes óticas, por se caracterizarem como dados primários. Os documentos são produzidos por pessoas (que sabem ler e escrever) em um determinado recorte histórico, permanecendo inalterados ao longo do tempo, podendo ser definida como uma fonte natural de informação. Algumas limitações são caracterizadas pela impossibilidade de se registrar certas experiências culturais e vivências usando uma metodologia científica. Outro ponto é que grande parte dos documentos registram relatos verbais, não provendo informações sobre comportamentos não verbais, que, às vezes, são imprescindíveis para se analisar o sentido de determinada fala.

“Muitos dos documentos por ela utilizados não foram produzidos com o propósito de fornecer informações com vistas à investigação social, o que possibilita vários tipos de vieses.” (p.22)

A escolha dos documentos leva em consideração a proposta das pesquisas, sendo que uma vez terminada essa etapa (seleção), o pesquisador passa para as fases de coleta, codificação e análise dos dados. Como recurso metodológico, a análise do conteúdo é aplicável para todas as formas de comunicação, independente da natureza do seu suporte. A análise do conteúdo se desenvolve em três etapas: a pré-análise que consiste na organização dos documentos, a partir da qual serão formulados hipóteses e objetivos. A fase de exploração garante o bom desenvolvimento das fases previamente definidas e finalmente, a fase de tratamento dos resultados visa a interpretação dos dados sob um enfoque holístico dos fenômenos sociais analisados, devido à complexidade e dinamicidade das ciências sociais.

Segunda possibilidade de levantamento de informações em uma pesquisa qualitativa é o estudo de caso, que consiste no exame detalhado de um indivíduo, ambiente ou situação em particular com o intuito de analisar exaustivamente esse “sujeito”.

“O estudo de caso tem se tornado a estratégia preferida quando os pesquisadores procuram responder às questões "como" e "por quê" certos fenômenos