Gerenciamento De Crise
Ensaios: Gerenciamento De Crise. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: • 27/6/2014 • 6.735 Palavras (27 Páginas) • 727 Visualizações
GOVERNO DO ESTADO DA BAHIA
SECRETARIA DA SEGURANÇA PÚBLICA
POLÍCIA CIVIL DA BAHIA
ACADEMIA DA POLÍCIA CIVIL
CURSO DE FORMAÇÃO DE
AGENTE E ESCRIVÃO DE POLÍCIA
2008
GERENCIAMENTO DE CRISES
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2
Sandro do Nascimento, desempregado - vítima da
sociedade - faz refém a professora Geisa F. Gonçalves,
no episódio que ficou conhecido como ônibus 174.
Rio de Janeiro em 12/06/2000.
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Se você conhece o inimigo e conhece a si mesmo,
não precisa temer o resultado de cem batalhas.
Se você se conhece mas não conhece o inimigo,
para cada vitória ganha, sofrerá também uma derrota.
Se você não conhece o inimigo nem a si mesmo,
perderá todas as batalhas.
Sun Tzu. 500 a.C.
Extraído do Livro “A Arte da Guerra”
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Apresentação
O cenário de violência instalado e vivenciado pela sociedade brasileira nos últimos anos, tem
comprovado a necessidade cada vez maior do aprimoramento das instituições policiais e em
especial dos seus profissionais. Com essa convicção formada, partimos do pressuposto de que,
combater a criminalidade de forma empírica, como já fora vivenciado no passado, já não possui
mais espaço em uma sociedade tão exigente, consciente e ao mesmo tempo necessitada de
respostas policiais eficientes e eficazes.
O processo evolutivo da violência, da criminalidade e da inobservância aos direitos humanos,
impuseram, cada vez mais, as instituições policiais ao enfrentamento de ocorrências que fujam da
normalidade buscando conhecimentos técnicos na sua resolução. Desta forma, o entendimento
passou a ser de que ocorrências policiais desta natureza requerem um tratamento diferenciado e
especializado.
Outro entendimento digno de registro mostra que não basta tão somente aumentar o número de
policiais nas ruas para que as pessoas se sintam seguras e tranqüilas, é necessário sim, aumentar nas
ruas a quantidade de policiais com preparo técnico profissional. Essa é, com toda certeza, a
contextualização mais evidente de que para o policial, no exercício da sua função, desempenhar seu
mister com tranqüilidade e autoconfiança, buscando a maior probabilidade de acerto, necessário se
faz capacitá-lo de tal forma que ele tenha um leque, o mais amplo possível, de alternativas táticas
para a resolução das ocorrências com as quais irá se deparar.
Nas situações que a intervenção do aparato policial se faz essencialmente necessário, o surgimento
de uma crise é bastante provável, principalmente se ele surpreende um crime em andamento, tendo
como reflexos imediatos, situações onde pessoas são tomadas como reféns, criando um verdadeiro
impasse e colocando em risco o mais valioso bem que um ser humano pode ter, a vida.
Uma vez observados e pontuados tais situações críticas, o Sistema de Defesa Social Norte-
Americano, nas últimas quatro décadas, têm catalogado e estudado milhares de crises ocorridas nos
Estados Unidos e, a partir desses estudos, estabelecendo condutas e noções de ação planejada para
a Polícia no gerenciamento de eventos cruciais. Para a Academia Nacional do FBI (Federal Bureau
of Investigation), os fundamentos teóricos servem de suporte para o atendimento de eventos
cruciais, capacitando o policial na identificação, na classificação e na tomada de decisões durante o
processo. Por outro lado, no Brasil a doutrina sobre gerenciamento de crises é um tema recente,
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tendo o Delegado da Polícia Federal Roberto das Chagas Monteiro como sendo o primeiro
profissional e estudioso a publicar uma apostila relacionada ao assunto na década de 1990.
O atendimento de ocorrências de alto risco exige das instituições policiais muito mais que boa
vontade, rusticidade e experiências acumuladas. Não se pode admitir neste ramo de atuação, uma
polícia amadorística, empírica, sobretudo porque as ações como essas, ganham destaque nacional e
porque não afirmar internacional e certamente os seus possíveis erros tenderão a serem submetidos
à divulgação, expondo as fragilidades encontradas nas instituições policiais.
O gerenciamento de crises, pela complexidade que se apresenta, como explica o TC PMTO
Glauber de Oliveira Santos, "exige das instituições policiais formação e treinamento especiais,
pessoas que atendam perfis específicos para cada atividade desenvolvida no teatro de operações.
(...) é uma tarefa que implica na resolução de problemas com base em probabilidades. Porém é
importante lembrar que não é uma ciência exata, ou um processo rápido e de fácil solução de
problemas. Cada crise apresenta características únicas e exige, portanto, soluções individualizadas
que demandam cuidadosa análise e reflexão".
Ten PMBA Jorge Ramos de Lima Filho
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ÍNDICE
Origem do Gerenciamento de Crises 07
A Crise 07
O Gerenciamento de Crises 10
Características das Crises 12
Objetivo do Gerenciamento de Crises 13
Critérios de ação 13
Classificação dos graus de risco 14
Níveis de resposta 15
Fases do processo de Gerenciamento de Crises 15
FASE DA PRÉ-CONFRONTAÇÃO 16
FASE DA CONFRONTAÇÃO (RESPOSTA IMEDIATA ou AÇÃO) 17
FASE DA PÓS-CONFRONTAÇÃO DE UM EVENTO CRÍTICO 21
Alternativas táticas 22
NEGOCIAÇÃO 22
CARACTERÍSTICAS QUE DEVE TER O NEGOCIADOR 23
OBJETIVOS DA NEGOCIAÇÃO 23
TÁTICAS DE NEGOCIAÇÃO - Regras Básicas 23
TÉCNICAS NÃO-LETAIS 24
O TIRO DE COMPROMETIMENTO (SNIPER) 25
A INVASÃO TÁTICA 25
Elementos de informações 26
Fontes de informação 26
BIBLIOGRAFIA 28
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Origem do Gerenciamento de Crises
A doutrina estudada e aplicada sobre Gerenciamento de Crises no Brasil, já vem sendo
consolidada a praticamente duas décadas recebendo um tratamento de caráter científico nos EUA,
estando atualmente o assunto consolidado em bases doutrinárias consistentes.
Nas Academias de Polícia dos EUA, e em especial na Academia Nacional do FBI (Federal
Bureau of Investigation), o Gerenciamento de Crises tornou-se matéria de tão grande importância,
que é ministrada tanto nos cursos de formação, como também, nos cursos de especialização e
aperfeiçoamento de policiais. Podemos até afirmar que tal disciplina se apresenta como sendo
essencialmente necessária na cartilha dos executivos de polícia daquele país, fazendo com o que, o
resultado de tal conscientização sobre sua importância, têm proporcionado uma padronização no
atendimento de ocorrências em eventos cruciais.
A Crise
Primeiramente temos que entender que crise é diferente de problema. É um evento
imprevisível capaz de provocar prejuízos significativos a uma instituição e, consequentemente, aos
seus integrantes.
É bem verdade que o termo crise sofreu um processo de banalização nos últimos anos.
Raro será o noticiário ou o jornal que não dispense a veiculação da palavra crise no seu contexto.
O estudo etimológico da palavra “crise” nos mostra o seu verdadeiro significado atual. O
termo “crise” – que possui variações mínimas em muitos idiomas – origina-se do grego krinein,
que quer dizer “decidir” ou, mais apropriadamente, “a capacidade de bem julgar”. A primeira – e
muito apropriada – aplicação do termo ocorreu na Medicina. Cumpre guardar essa noção, válida
tanto para Hipócrates, Pai da Medicina, na Grécia Antiga, quanto para os Encarregados da
Aplicação da Lei nos dias atuais: na essência do termo “crise” está uma qualidade – mais arte do
que ciência – definida como “a capacidade de bem julgar”.
Em diversos idiomas orientais, não há uma distinção clara entre os conceitos de “crise” e
“oportunidade”. No chinês, o mesmo ideograma representa as duas idéias e o tradutor ocidental
certamente escolherá o significado que lhe aparecer mais apropriado. Destarte, há uma lição prática
a observar: a “crise” não deve ser vista como algo apenas negativo. Todo momento de crise traz
embutida a oportunidade de crescer, a oportunidade de rever conceitos e métodos, enfim, a
oportunidade de mudar o mundo. No “gerenciamento de crises”, este lado positivo do fenômeno,
muita das vezes, é o que perdurará da ação policial.
Segundo Salignac (2001):
A ciência política considera uma crise quando o Estado percebe uma
brusca mudança na vida em sociedade, com teor manifestamente violento,
repentino e rápido, traduzindo-se em um momento perigoso ou difícil de um
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processo do qual deve emergir uma solução. Há uma crise quando a
tranqüilidade social está em dissonância com a realidade percebida.
Por outro lado, o fato que leva à crise é o que se denomina situação
crítica. Parte-se da situação crítica para a crise, ou seja, o evento grave, difícil
e perigoso aponta a crise.
O Gabinete de Segurança Institucional da República Federativa do Brasil, utiliza a
definição de crise como sendo:
“Fenômeno complexo, de diversas origens possíveis, internas ou
externas ao País, caracterizado por um estado de grandes tensões, com elevada
probabilidade de agravamento – e risco de sérias conseqüências – não
permitindo que se anteveja com clareza o curso de sua evolução”.
Gabinete de Segurança Institucional da República Federativa do Brasil.
No contexto policial, a crise é também conhecida como evento ou situação crucial e se mal
administrada, pode macular a credibilidade e a imagem da instituição policial. Uma verdadeira
manifestação violenta e imprevisível do rompimento do equilíbrio, da normalidade, enfim, da paz
social.
O Delegado da Polícia Federal Roberto das Chagas Monteiro, em uma de suas obras
(1994), cita o conceito de crise adotada pela Academia Nacional do FBI, como sendo:
“Um evento ou situação crucial que exige uma resposta especial da
Polícia, a fim de assegurar uma solução aceitável”. (grifo nosso)
FBI
Destacamos a expressão “resposta especial da Polícia” para ressaltarmos que, segundo o
FBI, a responsabilidade de gerenciar e solucionar as situações cruciais são exclusivamente das
instituições policiais e a expressão “solução aceitável”, para mostrar e ao mesmo tempo chamar a
atenção que não é utilizando qualquer forma ou qualquer método que resolvemos um evento
crucial, pois, por mais simples que seja a solução para uma crise, deverá necessariamente possuir
uma solução aceitável em todos os segmentos da sociedade, seja no segmento moral, político, ético
e até mesmo no segmento religioso.
Para o Gabinete de Gerenciamento de Crises – GCRISES da Polícia Militar do Ceará, o
conceito de crise se apresenta como sendo:
“Todo o incidente ou situação crucial não rotineira, que exija uma
resposta especial da Polícia, em razão da possibilidade de agravamento
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conjuntural, inclusive com risco de vida para as pessoas envolvidas, e
que possa manifestar-se através de motins em presídios, assaltos a
bancos com reféns, seqüestros, atos de terrorismo, tentativas de suicídio,
ocupação ilegal de terras, bloqueios de estradas, dentre outras
ocorrências de vulto, surpreendendo as autoridades e exigindo uma
postura imediata das mesmas, com emprego de técnicas especializadas”.
GCRISES da PMCE
O conceito de crise desenvolvido e aplicado pela Polícia Militar do Estado da Bahia, nos
mostra o balizamento oriundo do conceito formulado pelo FBI, então vejamos:
“Fenômeno sócio-político-administrativo que possui natureza crucial e
necessita de uma intervenção especial dos órgãos que compõem o
Sistema de Defesa Social, coordenados pela Polícia, objetivando abordálo,
entendê-lo e solucioná-lo de forma a preservar vidas humanas”.
PMBA
Uma crise é um problema de certa gravidade e urgência que os órgãos que compõem o
Sistema de Defesa Social, devem identificá-lo, entendê-lo e juntos buscarem soluções aceitáveis
objetivando sempre preservar vidas humanas e aplicar a Lei.
Definido o que seja crise no contexto policial, torna-se conveniente e importante registrar
alguns exemplos de crises, em que os órgãos que compõem o Sistema de Defesa Social do Estado
terão que dar uma resposta especial:
- Assalto com tomada de reféns.
- Seqüestro de pessoas.
- Rebelião em Estabelecimentos Prisionais.
- Assalto a bancos com reféns.
- Atos de terrorismo.
- Ameaça de bombas.
- Tentativas de suicídio.
- Invasão de terras.
- Capturas de fugitivos.
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O Gerenciamento de Crises
A crise, uma vez instaurada, exigirá dos órgãos que compõem o Sistema de Defesa Social
do Estado, uma resposta imediata que acontecerá através do gerenciamento. Como nos ensina o
Ten PMES Irio Doria Junior (SENASP 2007), “o Gerenciamento de Crises por sua vez pode ser
descrito, como uma metodologia, que se utiliza, muitas vezes, de uma seqüência lógica para
resolver problemas que são fundamentados em possibilidades. Devemos observar que o
Gerenciamento de Crises não é uma ciência exata, pois cada crise apresenta características
exclusivas, exigindo, soluções particulares, que exigem uma cuidadosa análise e reflexão”.
O Gerenciamento de Crises pode ser descrito como um processo racional e analítico de
resolver problemas baseados em probabilidades.
A Academia Nacional do FBI conceitua o Gerenciamento de Crises, da seguinte forma:
“Gerenciamento de Crises é o processo de identificar, obter e aplicar os
recursos necessários à antecipação, prevenção e resolução de uma crise.”
(grifo nosso)
FBI
Importante ter destacado do conceito de Gerenciamento de Crises formulado pelo FBI, as
expressões “antecipação” e “prevenção”, pois, no primeiro momento, pode causar estranheza o
conceito ora firmado e consolidado pelo FBI e uma das características da crise, a imprevisibilidade.
Para que se possa entender melhor as supostas “incoerências”, primeiramente teremos que fazer o
seguinte questionamento: como pode um evento crucial, ou seja, uma crise, ter como uma de suas
características a imprevisibilidade e no conceito de gerenciamento de crises, formulado pelo FBI,
possuir a expressão “antecipação” e “prevenção”, ou seja, como se antecipar ou prevenir algo que é
imprevisível? Simples! Fazendo o que estamos neste momento, ou seja, estudando, construindo,
firmando a doutrina sobre Gerenciamento de Crises, enfim, ao nos prepararmos técnica e
profissionalmente, já estamos fazendo parte desta antecipação. Da mesma forma que, supondo que
eu trabalhe num Estabelecimento Prisional e o simples fato de estar preparando um “plano de
contingência”, já faz parte desta prevenção tão bem preconizada no conceito formulado pelo FBI.
O Gabinete de Gerenciamento de Crises – GCRISES da Polícia Militar do Ceará
considera o Gerenciamento de Crises, como sendo:
“Considera-se Gerenciamento de Crises o processo eficaz de se
identificar, obter e aplicar, de conformidade com a legislação vigente e
com o emprego das técnicas especializadas, os recursos estratégicos,
adequados para solução de crise, sejam medidas de antecipação,
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prevenção e/ou resolução, a fim de assegurar o completo
restabelecimento da ordem pública e da normalidade da situação”.
GCRISES da PMCE
Não obstante o conceito de Gerenciamento de Crises formulado pelo FBI, a Polícia Militar
do Estado da Bahia, em consonância com a doutrina norte-americana, define Gerenciamento de
Crises sendo:
“O processo de gestão política, estratégica, tática e administrativa por
equipes de profissionais, voltados para a utilização de conhecimentos
técnico-científicos no fenômeno de crise, visando identificar, obter e
aplicar os recursos necessários à prevenção, resolução e estudo de
ocorrências de alto risco”.
PMBA
Conforme menciona Ten PMES Doria (SENASP 2007), as ocorrências que envolvem
crises policiais, por suas características, geram e criam, no cenário da Segurança Pública, sempre
situações decisivas, onde o Gerente da crise deve estar preparado para ser o administrador de todo
um cenário.
Assim sendo, podemos afirmar que a capacidade de gerenciar crises torna-se necessária
para todas as organizações policiais, pelas seguintes razões:
1. Os órgãos encarregados de gerenciar e resolver a crise agem em nome do Estado, de
onde podemos afirmar que, se o processo for mal conduzido, poderá gerar problemas de
responsabilidade civil para o Estado, especialmente nos casos em que houver mortes de reféns ou
pessoas inocentes.
2. A crise é não-seletiva e é inesperada, ou seja, ninguém está imune à ocorrência de uma
crise em sua área de atuação e tampouco poderá prever quando esse evento vai ocorrer.
3. A veiculação dos fatos pela mídia durante o desencadear de um evento crucial, faz com
que os erros que porventura possam ser cometidos pelas instituições policiais no processo de
gerenciamento de crises sejam vistos sob uma lente de aumento. Além do que, a ampla divulgação
de tais erros causa um desgaste da confiança e por sua vez um descrédito da sociedade nas
instituições policiais e um constrangimento natural dentro da própria comunidade policial.
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Características das Crises
A doutrina norte-americana formulada pela Academia Nacional do FBI (EUA), enumera
três características principais sobre um evento crucial:
AMEAÇA À VIDA – Configura-se como um componente essencial do evento crítico,
mesmo quando a vida em risco é a do próprio indivíduo causador da crise. Assim, por exemplo, se
alguém ameaça se jogar do alto de um prédio, buscando suicidar-se, essa situação é caracterizada
como uma crise, ainda que inexistam outras vidas em perigo.
IMPREVISIBILIDADE – A crise é não-seletiva e inesperada, isto é, qualquer pessoa ou
instituição pode ser atingida a qualquer instante, em qualquer local, a qualquer hora. Sabemos que
ela vai acontecer, mas não podemos prever quando. Sendo assim, as instituições policiais não
podem se valer da possibilidade de se preparar tão somente quando o evento crítico acontecer,
devemos estar preparados para enfrentar qualquer crise.
COMPRESSÃO DE TEMPO (urgência) – Os processos decisórios que envolvem
discussões para adoção de posturas no ambiente operacional devem ser realizados, em um curto
espaço de tempo. Os eventos cruciais de alta complexidade impõem às autoridades policiais
responsáveis pelo seu gerenciamento: urgência, agilidade e rapidez nas decisões.
O gerenciamento de uma crise deve ser trabalhado sob uma compreensão de tempo e
considerando os mais complexos problemas: sejam sociais, econômicos, políticos e ideológicos.
Deve avaliar potenciais riscos e preparar planos preventivos para agir em relação a cada situação.
NECESSIDADE DE:
Postura organizacional não-rotineira:
A necessidade de uma postura organizacional não-rotineira é de todas as características
essenciais, a que causa maiores transtornos ao processo de gerenciamento, principalmente, quando
a instituição policial não desprende energias suficientes para se planejar antes mesmo da crise
acontecer. Contudo, é a única cujos efeitos podem ser minimizados, graças a um preparo e a um
treinamento prévio da organização para o enfrentamento de eventos críticos.
Planejamento analítico especial e capacidade de implementação:
Sobre a necessidade de um planejamento analítico especial é importante salientar que a
análise e o planejamento, durante o desenrolar de uma crise, são consideravelmente prejudicados
por fatores como a insuficiência de informações sobre o evento crítico, a intervenção da mídia e o
tumulto de massa geralmente causado por situações dessa natureza.
A capacidade de implementação resume-se na habilidade que terá o Gerente da crise em
mobilizar todos os recursos necessários para solucionar a crise.
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Considerações legais especiais:
Com relação às considerações legais especiais exigidas pelos eventos críticos, cabe
ressaltar que, além de reflexões sobre temas como estado de necessidade, legítima defesa, estrito
cumprimento do dever legal, responsabilidade civil, etc., o aspecto da competência para atuar é
aquele que primeiro vem à baila, ao se ter notícia do desencadeamento de uma crise. “Quem ficará
encarregado do gerenciamento?” - é o primeiro e mais urgente questionamento a ser feito, sendo
muito importante na sua solução um perfeito entrosamento entre as autoridades responsáveis pelas
organizações policiais envolvidas.
Objetivo do Gerenciamento de Crises
O Gerenciamento de Crises tem como principal objetivo, em absoluta ordem axiológica,
PRESERVAR VIDAS e APLICAR A LEI.
O Gerente de uma situação de crise deve ter sempre em mente esses objetivos, mesmo que
optando por preservar vidas de inocentes, possa contribuir para uma momentânea fuga ou vitória
dos elementos causadores da crise.
A preservação de vidas serve para todos os envolvidos no cenário da crise, os reféns, o
público em geral, os policiais e até mesmo os criminosos.
A aplicação da lei deverá consistir na prisão dos infratores protagonistas da crise, na
proteção do patrimônio público privado, como também, garantindo o estado de direito.
Critérios de ação
No decorrer do processo do gerenciamento de uma crise, o GERENTE DA CRISE (mais
alta autoridade presente no teatro de operações) tomará decisões das mais diversas espécies e
pertinentes aos mais variados assuntos. Para balizar e facilitar o processo decisório no curso de uma
crise, a doutrina estabelece o que se chamam critérios de ação, que se traduzem em referenciais
para nortear a tomada de decisões.
A doutrina de Gerenciamento de Crises do FBI estabelece três critérios de ação, a saber: a
necessidade, a validade do risco e a aceitabilidade.
O critério da necessidade indica que toda e qualquer ação somente deve ser implementada
quando for indispensável.
O critério da validade do risco, nos mostra que toda e qualquer ação têm que levar em
conta se os riscos dela advindos são compensados pelos resultados.
A aceitabilidade, implica em que toda ação deve ter respaldo legal, moral e ético.
ACEITABILIDADE LEGAL – Toda decisão deve ser tomada com base nos princípios
ditados pelas leis.
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ACEITABILIDADE MORAL – Toda decisão para ser tomada deve levar em consideração
aspectos de moralidade e bons costumes.
ACEITABILIDADE ÉTICA – O responsável pelo gerenciamento da crise, ao tomar uma
decisão, deve fazê-lo lembrando que, o resultado da mesma não pode exigir de seus comandados a
prática de ações que causem constrangimentos à corporação policial.
Resumindo, o GERENTE DA CRISE, no momento das suas tomadas de decisões, deve
estar a todo o momento se questionando sobre as suas determinações ou decisões:
É necessário correr este risco ou existe uma outra forma de se resolver? Vale a pena correr
este risco? A minha decisão possui um respaldo legal, esta dentro dos princípios morais e éticos da
sociedade?
Classificação dos graus de risco
O objetivo de estudarmos e entendermos a classificação dos graus de risco ou ameaça dos
eventos críticos, é para dimensionarmos os recursos humanos e materiais a serem empregados na
ocorrência de forma que não fiquem super ou subdimensionados.
A avaliação da classificação do grau de risco deve ser uma das primeiras ações a ser
mentalizada pelo Gerente da crise.
Essa classificação obedece a um escalonamento de quatro graus:
1º Grau – ALTO RISCO
2º Grau – ALTÍSSIMO RISCO
3º Grau – AMEAÇA EXTRAORDINÁRIA
4º Grau – AMEAÇA EXÓTICA
CLASSIFICAÇÃO TIPOS EXEMPLOS (FBI)
1º GRAU ALTO RISCO
Assalto a banco promovido por uma ou
duas pessoas armadas de pistola ou
revólver, sem reféns.
2º GRAU ALTÍSSIMO RISCO
Um assalto a banco por dois elementos
armados mantendo três ou quatro pessoas
como reféns.
3º GRAU AMEAÇA EXTRAORDINÁRIA
Terroristas armados de metralhadoras ou
outras armas automáticas, mantendo
oitenta reféns a bordo de uma aeronave.
4º GRAU AMEAÇA EXÓTICA
Um indivíduo de posse de um recipiente,
afirmando que seu conteúdo é radioativo e
de alto poder destrutivo ou letal, por um
motivo qualquer, ameaça uma população.
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Níveis de resposta
Os níveis de resposta correlacionam-se com o grau de risco do evento crítico, ou seja, o
nível de resposta sobe gradativamente na escala hierárquica, na medida em que cresce o vulto da
crise.
NÍVEL RECURSOS RESPOSTA
UM
EFETIVO ORDINÁRIO
+
CIA ESPECIAL
As guarnições do Policiamento Ordinário
e as guarnições da Cia Especial de área
poderão atender a ocorrência.
DOIS
EFETIVO ORDINÁRIO
+
CIA ESPECIAL
+
COE
As guarnições do Policiamento Ordinário
e as guarnições da Cia Especial de área
com o apoio de Unidades Especializadas
poderão atender a ocorrência.
TRÊS
TODOS DO NÍVEL DOIS
+
REFORÇO
As guarnições do Policiamento Ordinário
e as guarnições da Cia Especial de área
com o apoio de Unidades Especializadas
poderão atender a ocorrência, juntamente
com outros efetivos de reforço.
QUATRO
TODOS DO NÍVEL TRÊS
+
ASSESSORIA ESPECIAL
As equipes especializadas são empregadas
com o auxílio de áreas específicas.
Uma correta avaliação do grau de risco ou ameaça, representado por uma crise, concorre
favoravelmente, para a solução do evento, possibilitando, desde o início, o oferecimento de um
nível de resposta adequado à situação, evitando-se, destarte, perdas de tempo desnecessárias
(MONTEIRO, 1994).
Fases do processo de Gerenciamento de Crises
Quando falamos sobre fases do processo de Gerenciamento de Crises, o primeiro
pensamento que nos vem a cabeça, é que o processo de Gerenciamento de Crises só se inicia
quando o evento crucial explode. Entretanto, a doutrina nos ensina que o processo de
Gerenciamento de Crises se inicia muito antes da crise eclodir, como também, observaremos que
ele continua mesmo tendo sido solucionado a crise.
As fases do processo de Gerenciamento de Crises são divididas em:
- Fase da pré-confrontação;
- Fase da confrontação;
- Fase da pós-confrontação.
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FASE DA PRÉ-CONFRONTAÇÃO (PREPARO)
É a fase que antecede a confrontação do evento crucial. Durante esta fase, a instituição
policial se prepara, administrativamente, em relação à logística, operacionalmente através de
instruções e operações simuladas, planejando-se para que possa atender qualquer crise que vier
acontecer na sua esfera de competência.
São todos aqueles procedimentos fundamentais, que irão permitir aos órgãos e pessoas
envolvidos em um evento crítico, possuir condições de interagir de maneira pró-ativa com as
situações encontradas. A ausência e ou carência de uma destas fases proporcionarão dificuldades
ou até mesmo impedirá uma resposta satisfatória para sociedade, arranhando desta forma a
credibilidade do Sistema de Defesa Social (SDF) e colocando vidas em risco.
Esta é a fase em que nos encontramos neste exato momento. É a fase da normatização, da
formação (apresentação, estudo, pesquisa) de doutrina, da elaboração de um plano de contingência
ou segurança, estruturação e treinamento.
NORMATIZAÇÃO
A normatização serve antes de tudo como o embasamento legal de atuação dos órgãos
envolvidos. Apesar de constar na Constituição Federal de 1988, no seu Art. 144, a competência dos
órgãos do Sistema de Defesa Social (SDF), atribuindo às Policiais Civis a repressão mediata, ou
seja, através da investigação policial, elucidar delitos, além de subsidiar o Poder Judiciário através
do Inquérito Policial dos elementos para o início da ação penal, cabendo às Policiais Militares o
Policiamento Ostensivo, ou seja, a repressão imediata (instantânea), mesmo com a existência do
policiamento preventivo, ocorrendo o delito o PM deverá de imediato agir em defesa da sociedade.
Em alguns estados membros da União existe norma específica sobre a matéria, evitando assim, o
conflito de atribuições. Muito embora, no Estado da Bahia as instituições de um modo geral têm
trabalhado numa constante harmônica cooperação, proporcionando a sociedade baiana, bons
resultados na resolução de conflitos críticos.
FORMAÇÃO DE DOUTRINA
É de fundamental importância que os envolvidos em eventos críticos tenham o
conhecimento dos procedimentos a serem adotados quando na confrontação e através de um
programa contínuo e criterioso de divulgação, com cursos, estágios, palestras e oficinas, a
Secretaria de Segurança Pública tem transmitido aos integrantes do Sistema de Defesa Social
(SDF), a necessidade de padronização de posturas e de cooperação para resolução dos conflitos da
vida moderna, tendo o devido cuidado com referencia ao nível de informação, para não reduzir ou
até mesmo anular, as técnicas de respostas, utilizadas pelo Sistema de defesa Social do Estado,
contra a escalada da violência que vitima a nossa sociedade.
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PLANO DE CONTIGÊNCIA OU SEGURANÇA
O plano de contingência ou segurança está intimamente relacionado ao planejamento
estratégico que é elaborado pelas instituições, avaliando-se dentro do Estado os locais, pessoas e
negócios sensíveis, notáveis e importantes na nossa estrutura, reduzindo desta forma a incidência
dessas ocorrências ou minimizando seus efeitos quando é deflagrada.
ESTRUTURAÇÃO
Com aumento de ocorrência desta natureza, ficou irreversível a necessidade de criação de
uma estrutura específica para tratar do assunto, com pessoal treinado, espaço definido e
principalmente equipamentos eficientes para fazer frente aos eventos críticos.
TREINAMENTO
Como já entendemos que crise é um fenômeno social, e como fenômeno social está sempre
num processo de mudanças, os profissionais que atuam nesta área não podem se permitir parar no
tempo, pois, esta estagnação poderá custar uma preciosa vida, logo, o aprimoramento técnicoprofissional
deve ser contínuo, avaliando através de estudo de casos os procedimentos adotados em
todas as ocorrências, formando um banco de dados eficiente.
FASE DA CONFRONTAÇÃO (RESPOSTA IMEDIATA ou AÇÃO)
A fase de confrontação ou resposta imediata corresponde ao momento em que as primeiras
medidas devem ser adotadas, imediatamente a eclosão de um evento de alta complexidade. Nesta
fase, os Policiais Militares que estão no serviço de policiamento ostensivo, uma vez conhecedores
da doutrina sobre gerenciamento de situações cruciais, são de extrema importância, pois, na
maioria dos casos são eles que serão os primeiros a se depararem com tais ocorrências.
Segundo Monteiro (1994) “(...) de uma resposta imediata eficiente depende quase que 60%
do êxito da missão policial no gerenciamento de uma crise”. (grifo nosso)
É a fase do conflito propriamente dito, onde ocorre a resposta imediata da Polícia através
de ações urgentes de controle da área crítica, dividida nas seguintes etapas:
CONTENÇÃO
Como menciona Ten PMES Doria (SENASP 2007), “a contenção de uma crise consiste em
evitar que ela se alastre, isto é, impedindo que os seqüestradores aumentem o número de reféns,
ampliem a área sob seu controle, conquistem posições mais seguras, ou melhor, guarnecidas,
tenham acesso a mais armamento, vias de escape, ou seja, a contenção é o impedimento do
deslocamento do ponto crítico”. Completa ainda, exemplificando a contenção que fora realizada na
manutenção do perpetrador dentro do ônibus no caso do Ônibus 174, acontecido no Rio de Janeiro,
em 2001.
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Enfim, é a ação policial que visa evitar o agravamento da situação ou que ela se alastre,
impedindo que o causador:
Aumente o número de reféns;
Amplie a área de controle;
Conquiste posições mais seguras;
Tenham acesso a recursos que facilitem ou ampliem o seu potencial ofensivo.
ISOLAMENTO
É a ação policial que visa cortar todos os meios de contato, visual, audiovisual e ou
material dos envolvidos diretamente no conflito. É o “congelamento” do objetivo (local), visando
interromper o contato da vítima ou refém e principalmente do causador com o exterior.
Recomenda-se o corte de energia elétrica, linha telefônica, sistema de abastecimento de
água, gás e qualquer outro meio de independência por parte dos causadores.
Permite que a Polícia assuma o controle como único veículo de interlocução. Quanto
melhor o isolamento melhor a possibilidade de negociação.
A ação de isolar o ponto crítico se desenvolve praticamente ao mesmo tempo em que a de
conter a crise. Os perpetradores devem ser isolados de forma que se imponha a eles a sensação de
estarem completamente sozinhos. Torna-se conveniente registrar, a ressalva do Ten PMES Doria
(SENASP 2007), “(...) dentro do isolamento será feito a evacuação das pessoas que não são
envolvidas com a ocorrência, como: transeuntes e trabalhadores do local. Após a evacuação serão
determinados os perímetros interno e externo.”
INÍCIO DAS NEGOCIAÇÕES
Considerado o momento mais tenso, por não termos os elementos essenciais de
informações, como número de reféns ou vítimas, quantidade de causadores, armamento utilizado,
conhecimento do espaço físico. É o principal momento em que o policial pode encontrar uma certa
agressividade por parte dos causadores. A técnica recomenda que este contato inicial seja através
de instrumentos de comunicação como megafone, etc. Mesmo que a autoridade que primeiro tiver
contato com a crise não seja um negociador oficial, este deverá iniciar o processo de negociação
assim que as condições do terreno o permitam.
PERÍMETROS DE SEGURANÇA
São os anéis de controle, que propiciam a segurança da população, das autoridades
envolvidas, da imprensa, das vítimas ou reféns e dos protagonistas do evento. A sua forma e
tamanho podem variar de acordo com cada ocorrência, pois dependeremos de vários fatores como:
espaço físico onde esta ocorrendo a crise, poder de letalidade do armamento que está sendo
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utilizado e a tipologia do causador do evento crítico, vale lembrar que quanto maior suas
dimensões, mais difícil sua manutenção. Os perímetros de segurança geralmente são divididos em
três etapas: EXTERNO, INTERMEDIÁRIO e INTERNO.
• PERÍMETRO EXTERNO
É o local onde deverão ficar todas as pessoas que não estão envolvidas diretamente com o
conflito, a exemplo de curiosos, policiais de folga ou de serviço em outra área de atuação, a
imprensa, etc.
• PERÍMETRO INTERMEDIÁRIO
É local onde é estabelecida toda estrutura operacional para resolução do conflito, neste
perímetro ficam instalados:
COMANDANTE DO TEATRO DE OPERAÇÕES (CTO)
A competência para gerir as atividades policiais é atribuída naturalmente aos Comandantes
de Unidade Operacional, a depender do grau de risco e proporcionalidade da ocorrência, através de
entendimento do escalão superior, são acionados outras autoridades para o local.
O Comandante do Teatro de Operações é:
Autoridade máxima para todas as ações no local;
Quem adota as medidas doutrinárias, observando os critérios de ação;
É quem determina à estratégica;
É quem autoriza todas as ações táticas (com exceção das abordagens emergenciais);
É quem estabelece e supervisiona a cadeia de comando e assegura uma coordenação com o
seu substituto.
CHEFE DO GRUPO DE NEGOCIADORES
Está subordinado diretamente ao CTO;
Tem controle direto sobre os negociadores;
Determina condições viáveis de negociação e as recomenda ao CTO;
Assegura o cumprimento das estratégias do CTO;
Formula táticas de negociação específicas e apresenta ao CTO para aprovação;
Assegura a coordenação de iniciativas táticas com os integrantes do grupo tático;
Faz levantamento periódico da situação psicológica dos causadores, bem como do
negociador principal.
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CHEFE DO GRUPO DE APOIO OPERACIONAL
Coordena os elementos de apoio operacional envolvido no gerenciamento das subunidades
operacionais, dos grupamentos especializados da unidade, do acionamento do plano de chamada e
da elaboração de escalas de serviço.
CHEFE DO GRUPO DE VIGILÂNCIA TÉCNICA
É quem recomenda as opções de vigilância técnica ao CTO;
Prepara à vigilância técnica de modo a retro alimentar o sistema de defesa social e respaldar
a ação policial.
COMANDANTE DO GRUPO TÁTICO
Tem o controle direto sobre a zona estéril;
Determina as opções táticas viáveis e as recomenda ao CTO;
Formula planos táticos específicos, visando apoiar as estratégias concebidas pelo CTO;
Assegura a comunicação rápida das informações passadas pelos atiradores de precisão.
CHEFE DO GRUPO DE APOIO ADMINISTRATIVO
Coordena os elementos de apoio administrativo, financeiro e logístico, envolvidos no
gerenciamento como:
Pessoal de informações;
Pessoal de logística;
Elementos de assessoria exógena;
Assessoria de imprensa;
GRUPO DE INFORMAÇÕES
Coleta, processa, analisa e difunde informações atuais e oportunas a todos os usuários (CTO,
CGT e Negociadores);
Desenvolve e assegura a consecução de diretrizes investigatórias, com vistas à coleta de
informações.
GRUPO DE LOGÍSTICA
Têm como missão:
Prover e coordenar o sistema de transporte entre o local da crise e a repartição policial;
Prover e coordenar os serviços de manutenção;
Prover e coordenar a distribuição de víveres e local de repouso da tropa;
Matem um completo inventário dos equipamentos e demais insumos utilizados no local da
crise.
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GRUPO DE ASSESSORIA EXÓGENA
Aplicação de assessoria de profissionais ligados a áreas de conhecimentos não dominados
pelo aparelho policial. Exemplo:
Medicina;
Epidemiologia;
Energia Nuclear, etc.
ASSESSORIA DE IMPRENSA
Preferencialmente terá a frente dessa missão, alguém que conheça de Comunicação Social;
É o único elemento responsável pela divulgação dos fatos;
Deve estar se policiando para não passar, de forma alguma, técnicas ou táticas empregadas
na operação;
Antes de iniciar cada contato com a imprensa, falar antes com o CTO, para as devidas
orientações, sobre o que vai ser passado;
Utilizar a própria mídia como fator de sucesso no gerenciamento da crise.
• PERÍMETRO INTERNO
O perímetro tático interno é um cordão de isolamento que circula o ponto crítico, formando o
que se denomina de zona estéril. No seu interior, somente devem permanecer os perpetradores, os
reféns (se houver) e os policiais especialmente designados.
FASE DA PÓS-CONFRONTAÇÃO DE UM EVENTO CRÍTICO
Fase que sucede o encerramento de um evento crítico.
Algumas pessoas acreditam que com a libertação dos reféns a ocorrência já está terminada,
vamos citar algumas dentre as varias medidas que o aparelho policial precisa adotar após a
confrontação:
Atendimento médico para os reféns ou vítimas:
Uma das primeiras medidas a serem tomadas, é o acionamento de atendimento médico para
o local, ao final da ocorrência mesmo que a pessoa não queira ser atendida, torna-se conveniente
que um profissional da área de saúde, possa fazer este primeiro contato, visando verificar o seu
estado de saúde, e desta forma evitar certas surpresas.
Cumprimento das garantias:
Não podemos garantir o que não podemos cumprir. Estabelecida a negociação por parte do
aparelho policial, ela tem que está pautada antes de tudo na aceitabilidade legal, moral e ética.
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Autuação em Flagrante dos causadores torna-se uma conseqüência natural na maioria das
ocorrências de Gerenciamento de Crises, atribuindo inclusive, responsabilidades aos seus autores.
Relatório do Evento (Fatos e críticas):
Constar tudo que for julgado importante sobre a ocorrência, e com riqueza de detalhes, pois,
não podemos esquecer que este relatório é uma das peças fundamentais do processo legal.
Estudo de Caso pormenorizado (Fotos, entrevistas, filmagens, depoimentos, manuscritos,
reportagens, documentos etc.).
Alternativas táticas
De acordo com a doutrina norte-americana, as alternativas táticas existentes no processo de
Gerenciamento de Crises são:
- Negociação;
- Técnicas não-letais;
- Tiro de comprometimento;
- Invasão tática.
NEGOCIAÇÃO
Considerado o momento mais tenso, por não termos os elementos essenciais de
informações, como número de reféns ou vítimas, quantidade de causadores, armamento utilizado,
conhecimento do espaço físico.
É o principal momento em que o policial pode encontrar uma certa agressividade por parte
dos causadores. A técnica recomenda que este contato inicial seja através de instrumentos de
comunicação como megafone, etc. Mesmo que a autoridade que primeiro tiver contato com a crise,
não seja um negociador oficial, ainda assim, este deverá iniciar o processo de negociação assim que
as condições do terreno permitir.
O negociador, pessoa com treinamento específico, tem um papel de grande
responsabilidade no processo de gerenciamento de crises, sendo muitas as suas atribuições. Assim
sendo, não pode a sua função ser desempenhada por qualquer outra pessoa, influente ou não, como
já ocorreram e ocorrem em diversas ocasiões.
Monteiro (1994) cita em uma de suas obras que:
“Faz parte da história policial recente, no Brasil, a utilização de religiosos, psicólogos,
políticos e até Secretários de Segurança Pública como negociadores. Tal prática tem-se revelado
inteiramente condenável, com resultados prejudiciais para um eficiente gerenciamento dos eventos
críticos, e a sua reincidência somente encontra explicação razoável no fato de a grande maioria das
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organizações policiais do país não ser dotada de uma equipe de negociadores constantemente
treinada para essa missão”.
O papel mais específico do negociador é o de ser intermediário entre os causadores da crise
e o Comandante do Teatro de Operações. Ele é o canal de conversação que se desenvolve entre, as
exigências dos causadores do evento crítico e a postura das autoridades, na busca de uma solução
aceitável.
CARACTERÍSTICAS QUE DEVE TER O NEGOCIADOR:
• Conhecimento global da doutrina;
• Respeitabilidade e confiabilidade;
• Maleabilidade;
• Fleugma e paciência;
• Espírito de equipe;
• Disciplina Autoconfiança Autocontrole;
• Comunicabilidade;
• Perspicácia;
• Não ter poder de decisão.
OBJETIVOS DA NEGOCIAÇÃO:
• Ganhar tempo;
• Abrandar exigências;
• Colher informações;
• Prover um suporte tático.
TÁTICAS DE NEGOCIAÇÃO - Regras Básicas:
• Estabilize e contenha a situação;
• Escolha a ocasião correta para fazer contato;
• Procure ganhar tempo;
• Deixe o indivíduo falar - é mais importante ser um bom ouvinte que um bom conversador;
• Não ofereça nada ao indivíduo;
• Evite dirigir a sua atenção as vítimas com muita freqüência e não os chame de refém;
• Seja tão honesto quanto possível, evitando truques;
• Atenda pequenas exigências;
• Nunca diga a palavra “NÃO”;
• Procure abrandar as exigências;
• Nunca estabeleça um prazo fatal e procure não aceitar prazo fatal;
• Não faça sugestões alternativas;
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• Não envolva pessoas “não policiais” no processo de negociação;
• Não permita qualquer troca de reféns, principalmente não troque um negociador por refém;
• Evite negociar cara a cara.
TÉCNICAS NÃO-LETAIS
É o conjunto de métodos utilizados para resolver um determinado litígio ou realizar uma
diligência policial, de modo a preservar as vidas das pessoas envolvidas na situação. Segundo o
conceito adotado pela Polícia Militar do Estado de São Paulo, é: “Toda ação coroada de êxito, onde
o PM atua em uma ocorrência policial que, dependendo do desfecho, faça o correto emprego dos
meios auxiliares para contenção da ação ilícita, somente utilizando a arma de fogo após esgotarem
tais recursos”.
Essa alternativa tática, com o passar do tempo e seu emprego, têm mostrado que os
equipamentos tidos como não-letais, se forem mal empregados, podem ocasionar a morte, além de
Não produzir o efeito desejado.
Segundo De Souza e Riani (2007, p. 4),
• Não-letal é o conceito que rege toda a produção, utilização e aplicação de técnicas,
tecnologias, armas, munições e equipamentos não-letais em atuações policiais.
• Técnicas não-letais – conjunto de métodos utilizados para resolver um determinado litígio
ou realizar uma diligência policial, de modo a preservar as vidas das pessoas envolvidas na
situação (...) somente utilizando a arma de fogo após esgotarem tais recursos.
• Tecnologias não-letais – conjunto de conhecimentos e princípios científicos utilizados na
produção e emprego de equipamentos não-letais.
• Armas não-letais são as projetadas e empregadas especificamente para incapacitar pessoal
ou material, minimizando mortes, ferimentos permanentes no pessoal, danos indesejáveis à
propriedade e comprometimento do meio ambiente.
• Munições não letais – são as munições desenvolvidas com objetivo de causar a redução
da capacidade operativa e/ou combativa do agressor ou oponente. Podem ser empregadas
em armas convencionais ou específicas para atuações não-letais.
• Equipamentos não-letais – todos os artefatos – inclusive os não classificados como armas
– desenvolvidos com finalidade de preservar vidas, durante atuação policial ou militar,
inclusive os equipamentos de proteção individual (EPI’s).
Podemos, então, afirmar que as terminologias “não letal”, “menos letal” e “menos que
letal” podem ser usados, pois referem-se ao objetivo a ser alcançado, e não do resultado
incondicional do uso de tais tecnologias ou equipamentos.
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As armas não-letais atuam através de ruído, irritação da pele, mucosas e sistema
respiratório, privação visual por ação de fumaça e luz, limitação de movimentos através de choque
elétrico, e impacto controlado. Essas armas objetivam inibir ou neutralizar temporariamente a
agressividade do indivíduo através de debilitação ou incapacitação. (DE SOUZA E RIANI, 2007,
p. 7).
O TIRO DE COMPROMETIMENTO (SNIPER)
Segundo Lucca (2002, p. 4),
O tiro de comprometimento constitui também uma alternativa tática de fundamental
importância para resolução de crises envolvendo reféns localizados. No entanto, a aplicação dessa
alternativa tática necessita de uma avaliação minuciosa de todo o contexto, sobretudo, do polígono
formado pelo treinamento, armamento, munição e equipamento, que são os elementos
fundamentais para que o objetivo idealizado seja alcançado. Ser um sniper (atirador de elite)
transcende ter uma arma qualquer e uma luneta de pontaria, para acertar um tiro na cabeça.
Um fato curioso é que, por diversas razões, grandes estragos tem sido feitos pelos snipers,
em crises com reféns localizados, sendo, portanto, o ponto mais sensível de todos os grupos de elite
do mundo. A decisão de um gerente de crises em fazer o uso de tal alternativa tática é de grande
responsabilidade e deve ser efetuada, quando todas as outras forem inadequadas e quando o cenário
para tal fato seja favorável.
O atirador de elite só atua mediante autorização. Isso deve ser entendido no que diz
respeito somente ao seu posicionamento e também quando de ordens expressas que lhe autorizem o
emprego do armamento, quer preservando a vida do criminoso, quer atuando para a eliminação
total do risco (LUCCA, 2002, p. 109).
A INVASÃO TÁTICA
A invasão tática representa, em geral, a última alternativa a ser empregada em uma
ocorrência com reféns localizados. Isso ocorre porque o emprego da invasão tática acentua o risco
da operação, aumentando, como conseqüência, o risco de vida para o refém, para o policial e para o
transgressor da lei. Isso por si só, vai de encontro com um dos objetivos principais do
gerenciamento de crises que é a preservação da vida.
Dessa forma, só se admite a aplicação dessa alternativa tática quando, no momento da
ocorrência, o risco em relação aos reféns se torna um risco ameaçador à integridade física dos
mesmos ou ainda quando, na situação em andamento, houver uma grande possibilidade de sucesso
do time tático.
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Elementos de informações
P PERPETRADOR (causador, captor)
R REFÉM OU VÍTIMA
O OBJETIVO(local)
A ARMAS
Fontes de informação
- Reféns liberados ou escapados;
- Negociadores;
- Atiradores de Elite;
- Vigilância Técnica;
- Investigação;
- Documentos;
- Mídia;
- Exploração Tática, etc.
Síndrome de Estocolmo
É uma ambiência psicológica desenvolvida a partir de momentos cruciais das vidas das
pessoas envolvidas nas crises (negociadores, reféns, causadores, etc.) de onde advêm os
sentimentos de proteção, zelo, amor e cumplicidade.
INSTALAÇÃO DA SÍNDROME DE ESTOCOLMO
FATORES QUE DIFICULTAM:
- Patologias psicológicas;
- Drogas;
- Pessoas que conhecem a síndrome;
- Pessoa com idiomas diferentes.
FATORES QUE FACILITAM:
- Pequeno espaço físico;
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- O tempo;
- Reduzido número de reféns e causadores;
- Reféns e causadores de sexos opostos.
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BIBLIOGRAFIA
- Constituição da República Federativa do Brasil.
- Manual do Curso Básico de Gerenciamento de Crises – CBGC da PMBA.
- Apostila do Curso de Gerenciamento de Crises – SENASP.
Autores: Ten PMES Irio Doria Junior.
Ten PMES José Roberto da Silva Fahning.
- Apostila da disciplina Gerenciamento de Crises – CFAP
Autor: Cap PM Júlio César Ferreira Santos.
- Texto: "JANELAS QUEBRADAS" - UMA INTERPRETAÇÃO BRASILEIRA.
Autores:
* DANTAS, George Felipe de Lima, Tenente-Coronel Reformado da Polícia Militar do Distrito
Federal (PMDF), Professor Doutor em Educação ("The George Washington University") com
dissertação doutoral sobre treinamento policial, docente e coordenador do componente de
segurança pública do Núcleo de Estudos em Defesa, Segurança e Ordem Pública (NEDOP) do
Centro Universitário do Distrito Federal (UniDF) de Brasília, Distrito Federal. Consultor-Sênior
do Centro de Regional de Treinamento em Segurança Pública (TREINASP) da Secretaria Nacional
de Segurança Pública (SENASP) do Ministério da Justiça.
** BRITO, Carlos Eugênio Timo, Gestor Público Federal, atualmente com exercício no Gabinete
do Secretário-Executivo do Ministério da Justiça, Professor Mestre em Relações Internacionais
(Universidade de Brasília) e Justiça Criminal ("The London School of Economics), docente do
Núcleo de Estudos em Defesa, Segurança e Ordem Pública (NEDOP) do Centro Universitário do
Distrito Federal (UniDF) de Brasília, Distrito Federal e do curso de graduação em Relações
Internacionais do UniCEUB de Brasília, Distrito Federal.
*** MAGALHÃES, Luiz Carlos, Agente de Polícia Federal. Especialista (MBA) em Gestão da
Segurança Pública e Defesa Social e Bacharel em Direito. Pesquisador Associado do Núcleo de
Estudos em Defesa, Segurança e Ordem Pública (NEDOP) do Centro Universitário do Distrito
Federal (UniDF) de Brasília, Distrito Federal.
Sugestões de filmes:
- A Negociadora (FBI; Negotiador). Dir: Nicholas Kendall. EUA/CANADÁ. 2005.
- A Negociação (The Negociator). Dir: F. Gary Gray. EUA. 1998.
- O Plano Perfeito (Inside man). Dir: Spike Lee. EUA. 2006.
- Refém (Hostage). Dir: Florent Siri. EUA. 2005.
- 16 Quadras (16 Blocks). Dir: Rihard Donner. EUA. 2006.
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