IMPACTO AMBIENTAL DAS OCUPAÇÕES IRREGULARES
Por: supertiano10 • 22/7/2019 • Monografia • 5.860 Palavras (24 Páginas) • 141 Visualizações
UNIVERSIDADE GAMA FILHO
CRISTIANO SOUSA SANTOS
REFLEXOS DA OCUPAÇÃO URBANA NO ENTORNO DA SERRA DO PERIPERI.
VITÓRIA DA CONQUISTA
JUNHO DE 2010
CRISTIANO SOUSA SANTOS
REFLEXOS DA OCUPAÇÃO URBANA NO ENTORNO DA SERRA DO PERIPERI.
1 INTRODUÇÃO
As últimas décadas caracterizaram-se por uma intensificação dos problemas que envolvem questões de ordem sócio-ambientais, tal processo deve-se a um tipo de modelo econômico, cuja base é o consumo, e seus reflexos afetam de forma sistemática todas as esferas da sociedade, uma vez que as cadeias produtivas deste modelo se organizam de modo que os interesses econômicos sobrepõem-se aos coletivos, fato que acaba por acarretar, entre outras coisas, um intenso impacto ambiental.
A tendência da sociedade atual é manter este tipo de organização social que tem o lucro como principal objetivo em detrimento da preservação da natureza, contudo, no ano de 1972 acontece a Convenção de Estocolmo, a qual serve como marco para o início de uma tomada de consciência em relação ao meio ambiente, sobretudo no que se refere à sua conservação, bem como sobre a utilização sustentável do mesmo. Deste modo, pesquisas relacionadas a esta temática vêm sendo realizadas com o intuito de favorecerem um aprofundamento dos conhecimentos sobre a questão ambiental, além de apresentarem medidas que sejam capazes de promover uma intervenção que estimule a apropriação equilibrada dos recursos naturais.
Grande parte dos problemas ambientais deve-se à ocupação desordenada destes espaços naturais, que muitas vezes, ocorre devido às necessidades de sobrevivência humana. Um exemplo deste processo pode ser observado na cidade de Vitória da Conquista – BA, localizada na região Sudoeste do estado da Bahia, mais especificamente numa região denominada Serra do Periperi, a qual sofreu um processo de urbanização, que se deu de forma ampla, e que tem sua explicação no fato de que o povoamento da cidade aconteceu sem que houvesse um planejamento estratégico das áreas a serem habitadas.
Diante dessas observações verificou-se que o estudo desta área pode servir como uma espécie de panorama geral de ocorrências comuns no Brasil, uma vez que, historicamente, este tipo de ocupação vem sendo reatualizada em diversas regiões do nosso país.
Portanto, pretende-se verificar de que forma o processo de urbanização contribuiu para modificação do espaço que compreende a Serra do Periperi - área de preservação ambiental que tem como principal referência a Reserva do Poço Escuro – e, sobretudo quais conseqüências podem ser identificadas após a ocupação da referida área. Para tanto, será observado de que maneira a infra-estrutura dos bairros, que ficam no entorno da Serra, afetam de forma direta na degradação das áreas verdes da Serra do Periperi.
2 OBJETIVOS
2.1 OBJETIVO GERAL
- Compreender de que forma se deu a ocupação urbana desordenada na Serra do Periperi.
2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS
- Analisar o processo de urbanização na cidade de Vitória da Conquista.
- Identificar a infra-estrutura dos bairros no entorno da Reserva do Poço Escuro;
- Visitar bairros próximos a Serra do Periperi para identificação de supostos problemas estruturais;
- Entrevistar moradores sobre as características infra-estruturais dos bairros próximos a Serra do Periperi;
- Descrever quais problemas decorre dessa ocupação não planejada;
- Indicar medidas que possam diminuir os impactos ambientais na referida área.
3 A CONSTITUIÇÃO DO ESPAÇO URBANO EM VITÓRIA DA CONQUISTA
Dados documentais demonstram que desde os anos de 1780 existiam cerca de sessenta pessoas que compunham o Arraial da Conquista. Posteriormente, verificou-se que, com o desenvolvimento da economia advinda da lavoura de algodão e da passagem de boiadeiros que seguiam em direção à cidade de Salvador, o arraial se ampliou e passou à categoria de Vila, fato que implicou num inicial planejamento da ocupação do território urbano.
A cidade de Vitória da Conquista configura-se, atualmente, como um dos municípios que integram a região Sudoeste da Bahia. Tal cidade compreende onze distritos e possui extensão de um raio de 200 km, que é habitado por uma população de aproximadamente dois milhões de habitantes, tais características permitem identificá-la como o terceiro município mais populoso do interior da Bahia. Além disso, a cidade de Vitória da Conquista se destaca das demais por possuir uma localização geográfica privilegiada, uma vez que se encontra no ponto de interseção com diversas regiões, como por exemplo, as rodovias que ligam as regiões Norte-Sul do país (BR-116), e Leste-Oeste do Estado (BA-262), também encontra-se a 134 km da ferrovia de Brumado. Esta localização possibilita a integração com o Rio São Francisco / Rio Corrente, o qual facilita o escoamento da produção de soja, bem como com o sistema rodoviário que a liga ao Porto de Ilhéus. Segundo Ferraz (2001):
No decorrer do século XIX, o crescimento urbano foi lento e perdurou assim até as primeiras décadas do século subseqüente. Esse crescimento ocorria na direção norte/sul, acompanhando o leito de um córrego, cuja nascente situa-se na Serra do Periperi, no atual Poço Escuro. Outro fator que interferiu no direcionamento da expansão desse núcleo foram as estradas que cortavam a localidade. (FERRAZ, 2001, p. 30-31).
O grande avanço no processo de desenvolvimento econômico da cidade deu-se, predominantemente, através da cafeicultura, implantada nos anos de 1970 e 1987, e estimulada pela construção da rodovia BR 116, conhecida por Rio – Bahia. Além da cafeicultura, outro setor econômico do município que se desenvolve é o da prestação de serviços das mais diversificadas áreas. Ferraz (2001) ainda assegura que:
Durante a década de 70, a cidade de Vitória da Conquista experimentou transformações que vêm repercutindo até os dias atuais.
O governo federal, com a finalidade de expandir a lavoura cafeeira para além das regiões sul e sudeste do Brasil, destinou vultosos recursos financeiros para essa região da Bahia e outras áreas do país. Assim, o comércio de terras propícias para o plantio de café se intensifica, e o preço sobe consideravelmente, o que dificulta o acesso à terra por pequenos proprietários e impulsiona a migração rural. (FERRAZ, 2001, p. 33).
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