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LOGÍSTICA REVERSA E EMBALAGEM DE RETORNO

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Por:   •  2/4/2014  •  Tese  •  5.573 Palavras (23 Páginas)  •  296 Visualizações

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INTRODUÇÃO

A logística reversa vem sendo reconhecida como a área da logística empresarial que planeja, opera e controla o fluxo e as informações logísticas correspondentes ao retorno de bens ao seu ciclo produtivo de origem ou à sua destinação, como matéria-prima, a outro ciclo produtivo. O bem pode retornar em forma próxima à original, como retorno pósvendas, ou em forma de resíduos, rejeitos ou refugos, como retorno pós-consumo. O retorno pós-vendas é devido, principalmente, a problemas de qualidade, tais como defeitos de fabricação ou erros de projeto, e a problemas comerciais, tais como erros de expedição, consignações não requisitadas, sobras de promoções, obsolescência tecnológica ou de moda e perda de validade. O retorno pós-consumo se dá, principalmente, pela incapacidade de quem consome o bem de dar destinação adequada às partes resultantes do consumo ou aos resíduos.

A fronteira entre logística direta e reversa não é estritamente definida, na medida em que os conceitos de matériaprima e de cliente final podem ser relativizados em algumas cadeias produtivas. Carros sucateados, por exemplo, são importante matéria-prima para aciarias equipadas com fornos elétricos a arco voltaico.

Fluxos reversos desempenham papel central na estratégia de empresas que vendem por catálogo ou em consignação. Nestes casos, a produção ocorre antes que se tenha a perspectiva exata do potencial de venda, o que faz com que compradores intermediários, eventualmente, tenham que devolver ou mudar a localização de itens não vendidos (DAUGHERTY; MYERS; RICHEY, 2002). A alocação de estoques de segurança em cadeias produtivas e de distribuição é outra estratégia que pode requerer fluxos reversos para a recuperação e retorno de itens não mais necessários (MINNER, 2001).

A logística reversa se insere em um processo de revisão conceitual da manufatura, na medida em que esta passou a discutir os impactos econômicos e ambientais da produção mais limpa em suas estratégias de negócios. Gaither e Frazier (2002) apresentam exemplos de empresas que mudaram estratégias de manufatura e logística e obtiveram benefícios econômicos e ambientais. Leite e Brito (2003) apontam a logística reversa como oportunidade de gerar valor a clientes, seja pela coleta e processamento de resíduos potencialmente perigosos, seja dando nova destinação a bens já utilizados, mas que ainda possuem algum tipo de valor.

O descarte de embalagens industriais é um processo que pode ser especialmente problemático em fluxos reversos. Embalagens industriais retornáveis específicas, não padronizadas, podem reduzir o descarte e ainda proporcionar melhor aproveitamento de espaço no transporte. Um caso importante ocorre na exportação de bens manufaturados. Neste caso, custos elevados e legislações específicas podem viabilizar o desenvolvimento deste tipo de embalagem.

O objetivo deste artigo é apresentar um estudo de caso, em que são enumerados e analisados os ganhos proporcionados pela adoção de embalagens retornáveis por uma empresa fabricante de motores a diesel, em sua operação de exportação de cabeçotes de motores do Brasil para os Estados Unidos da América. O caso faz parte das atividades do grupo de pesquisa em planejamento da competitividade empresarial, do PPGEPS da UNISINOS. O restante deste artigo contém uma revisão bibliográfica, a metodologia de pesquisa e de trabalho, uma discussão crítica do caso e conclusões e direções para continuidade de pesquisa.

A literatura sobre logística reversa trata essencialmente de modelos quantitativos, estudos de caso e tentativas de construção de teorias (BRITO; DEKKER, 2003). Fontes de pesquisa em logística reversa foram úteis em diversos momentos deste trabalho, citando-se: Brito e Dekker (2003), que apresentam uma revisão histórico-bibliográfica e um quadro de referência sobre logística reversa, e Dowlatshahi (2000), que caminha em direção a uma teoria de logística reversa; Kroon e Vrijens (1995), Pohlen e Farris (1992), Shih (2001) e Rodrigues e Pizzolato (2003), que apresentam e discutem casos de aplicação de logística reversa em indústrias específicas; Fleischmann et al. (1997), Fleischmann et al. (2001), Krumwiede e Sheu (2002) e Richey et al. (2005), que apresentam modelos com alguma generalidade; Daugherty; Myers e Richey (2002) e Daugherty et al. (2005), que estudam a importância dos sistemas e da tecnologia de informação em logística reversa; Rosenau et al. (1996) e Georgiadis e Vlachos (2004), que associam a logística reversa e desempenho ambiental; e Prahinski e Kocabasoglu (2006), que apresentam direções para pesquisas e uma lista de referências. Finalmente, Rogers e Tibben-Lembke (2001) e Leite e Brito (2003) apresentam surveys, que investigaram a natureza e as motivações para operações de logística reversa em múltiplas indústrias.

LOGÍSTICA REVERSA E EMBALAGENS RETORNÁVEIS

Termos como canais reversos ou fluxos reversos têm sido usados desde os anos 1970. Estes termos, em princípio, têm sido mais usados em operações ligadas a reciclagem de materiais e gerenciamento ambiental, sendo menos associados a objetivos de redução de custo e aumento de valor econômico (BRITO; DEKKER, 2003).

Para que se compreenda a motivação das operações reversas, deseja-se revisitar algumas das definições e considerações acerca de logística reversa que foram encontradas na literatura. Justifica-se a revisita pela observação de Leite (2003) de que o conceito de logística reversa ainda está em evolução e ainda não se chegou a uma visão unificada, portanto entende-se que valha a pena agregar múltiplas perspectivas. De uma perspectiva gerencial, a logística reversa pode ser tratada como um sistema a ser gerenciado e as técnicas nela usadas podem ser integradas, formando a RLM (reverse logistics management, gestão da logística reversa).

A primeira definição conhecida de logística reversa foi publicada pelo então denominado Conselho de Gerenciamento Logístico (Council of Logistics Management, CLM), precursor do atual Conselho de Profissionais de Gerenciamento de Cadeias de Suprimentos (Council of Supply Chain Management Professionals, CSCMP), no início dos anos 1990 (STOCK, 1992, apud BRITO; DEKKER, 2003, p. 2):

"[...] logística reversa é o termo geralmente usado para referir o papel da logística na reciclagem, disposição de resíduos e gerenciamento de materiais perigosos; uma perspectiva mais ampla se relaciona com atividades logísticas de redução de fontes de abastecimento, reciclagem, substituição, reuso de materiais e disposição".

Talvez por ser uma visão inicial, esta definição ainda estava mais ligada

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