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LÍNGUA REGIONAL - POPULAR NO BRASIL DO NORTE-ESTE: ASPECTOS

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Por:   •  5/1/2015  •  Projeto de pesquisa  •  1.165 Palavras (5 Páginas)  •  433 Visualizações

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A LINGUAGEM REGIONAL – POPULAR NO NORDESTE DO BRASIL: ASPECTOS

LÉXICOS

Maria do Socorro Silva de Aragão

Universidade Federal do Ceará

INTRODUÇÃO

Os estudos lingüísticos no Nordeste têm se destacado em determinadas áreas, em

momentos diferentes. Assim, tivemos uma fase da Dialetologia e Geografia Lingüística e uma

fase, atual, da Sociolingüística, cada uma dessas fases abordando aspectos específicos da análise

lingüística da Língua Portuguesa, desde o fonético-fonológico, ao léxico e ao morfossintático.

De alguns anos para cá tem surgido uma nova onda de estudos dialetais e

sociolingüísticos com enfoque no aspecto léxico, mais precisamente na publicação de dicionários,

vocabulários e glossários de falares regionais nordestinos, começando pela Bahia, com o do

baianês, passando por Alagoas, com o do alagoanês, por Pernambuco, com o do pernambuquês,

pelo Ceará, com o do cearês e pelo Piauí, com o do piauiês.

Essa tendência atual segue uma tradição começada por Pereira da Costa (1937) com o

Vocabulário pernambucano; Leon Clerot (1959), com o Vocabulário de termos populares e

gírias da Paraíba; Raimundo Girão (1967) com o Vocabulário Cearense; Horácio de Almeida

(1979) com o Dicionário popular paraibano; Raimundo Nonato (1980) com o Calepino potiguar

- gíria riograndense; Tomé Cabral (1982) com o Dicionário de termos e expressões populares;

Leonardo Mota (1982) com o Adagiário brasileiro e Florival Seraine (1991) com o Dicionário de

termos populares - registrados no Ceará.

Uma das características dos novos dicionários, vocabulários e glossários é que seus

autores não são lexicógrafos ou lingüistas. São pessoas com outras formações profissionais:

jornalistas, engenheiros, médicos, folcloristas ou pessoas curiosas que resolveram listar e

publicar, em forma de dicionário, palavras e expressões populares que, crêem eles, são típicas

daquele estado específico.

Este trabalho faz uma rápida análise da estrutura desses dicionários, vocabulários e

glossários regionais nordestinos.

1. LÉXICO, SOCIEDADE E CULTURA

Ao se estudar a língua, os contextos socioculturais em que ela ocorre são elementos

básicos, e, muitas vezes, determinantes de suas variações, explicando e justificando fatos que

apenas lingüisticamente seriam difíceis ou até impossíveis de serem determinados, pois, no dizer

de BARBOSA (1981:158): “Língua, sociedade e cultura são indissociáveis, interagem

continuamente, constituem, na verdade, um único processo complexo...”

No caso específico do léxico, esta afirmação é ainda mais verdadeira pois toda a visão de

mundo, a ideologia, os sistemas de valores e as práticas socioculturais das comunidades humanas

são refletidos em seu léxico.

Ainda segundo BARBOSA (1993:1): “... o léxico representa, por certo, o espaço

privilegiado desse processo de produção, acumulação, transformação e diferenciação desses

sistemas de valores.”

Para se apreender, compreender, descrever e explicar a “visão de mundo” de um grupo

sócio-lingüístico-cultural, ou de um grupo de especialistas ou profissionais, o objeto de estudo

principal são as unidades lexicais e suas relações em contextos.

O lingüista francês MATTORÉ ao estudar a sociedade francesa viu a política social, o

jornalismo, as artes e os esportes através do que chamou palavras-chave, as que exprimem,

numa sociedade, uma idéia, um ser, um sentimento que a sociedade reconhece como modelo, e as

, como elementos em função das quais se hierarquiza e se coordena a palavras-testemunho

estrutura da comunidade.

A palavra é o fenômeno ideológico por excelência. Todo ato ou todo objeto ideológico é

sempre acompanhado, comentado, analisado, glosado por discurso, na medida em que a ligação

que une linguagem e pensamento é uma ligação de unicidade.

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