Mercosul: as dificuldades da agenda interna e o avanço do comércio

Mercosul: as dificuldades da agenda interna e o avanço do comércio

Três aspectos devem ser considerados na análise das perspectivas para o Mercosul no

segundo semestre de 2005. O primeiro refere-se à imposição de medidas que significam

indisciplina comercial no bloco e à manutenção de um clima de marasmo na mesa de

negociações. Os resultados da Cúpula de Assunção apóiam esta interpretação ao mostrarem

que, apesar da orientação positiva dada pelo Programa de Trabalho 2004-2006, os

compromissos vêm sendo continuamente postergados. Por outro lado, algumas das Decisões

aprovadas poderiam ser comemoradas, não fosse pelo limitado alcance ou pelas reduzidas

perspectivas de implementação no curto prazo.

O segundo aspecto diz respeito ao panorama comercial que vem apresentando superávits para

o Brasil apesar da situação cambial favorável à Argentina. Isto demonstra um aumento da

competitividade brasileira no mercado argentino, acompanhando o crescimento da demanda

daquele país, enquanto observa-se uma perda de espaço no mercado brasileiro para produtos

argentinos. Neste contexto, continuam presentes as demandas por mecanismos de proteção

para diversos setores da economia argentina. A “Cláusula de Adaptação Competitiva”,

mecanismo que vem sendo proposto por aquele país para lidar com as assimetrias de

competitividade, deve ser avaliada com cuidado.

O último aspecto a ser ressaltado diz respeito, por fim, aos projetos da Presidência Pro

Tempore uruguaia. O Uruguai deve imprimir marca própria neste último semestre de 2005. O

calendário de eventos e reuniões que foi proposto e que deve estar sendo discutido com os

sócios indica atenção para temas como política industrial e coordenação macroeconômica. Um

dos principais eixos de trabalho da presidência do Uruguai no Mercosul deve ser, igualmente,

maior aproximação com a sociedade civil