Nuvem tóxica vaza no porto do Guaruja
Por: Khris Simonetti • 13/9/2017 • Pesquisas Acadêmicas • 1.517 Palavras (7 Páginas) • 272 Visualizações
Nuvem tóxica vaza no Porto do Guarujá, no litoral de São Paulo
Introdução: Na tarde do dia 14/01/2016 no Terminal 1 do complexo do Porto de Santos, na margem esquerda, localizado na cidade do Guarujá, um container da empresa Localfrio, responsável pelo local, apresentou uma fissura que permitiu a entrada da água da chuva, ocasionando uma reação exotérmica*, causando um vazamento de gás que liberou uma nuvem tóxica atingindo cidades do litoral de São Paulo.
*Uma reação exotérmica é uma reação química cuja energia é transferida de um meio interior para o meio exterior, assim aquecendo o ambiente. Ou seja, ocorre liberação de calor, sendo, portanto, a energia final dos produtos menor que a energia inicial dos reagentes. Disso se conclui que a variação de energia é negativa.
De acordo com a Localfrio, a água da chuva entrou indevidamente num contêiner carregado com ácido dicloro isocianúrico de sódio, nome comercial do composto dicloroisocianurato de sódio (C3 O3 N3 NaCl2).
De acordo com especialistas este produto é extremamente tóxico, que produz irritações de pele e de olhos e, caso seja inalado, causa irritação também nos pulmões, náuseas, desmaios podendo até levar a morte.
Devido ao vento a névoa se espalhou pelas cidades do Guarujá, Santos, São Vicente e até em Cubatão, onde foram constatados diversos atendimentos médicos devido à intoxicação.
(vídeo)
O fogo foi extinto às 4h da manhã do sábado, dia 16/01/2016, 37 horas após seu início. Os bombeiros trabalharam na contenção e extinção das chamas fazendo revezamento e utilizando de diversas técnicas de resfriamento.
FALHA – Por volta das 15 horas do dia 14 de janeiro houve um vazamento de gás tóxico na margem esquerda do complexo do Porto de Santos, no litoral do estado de São Paulo. Alguns instantes após o ocorrido, um incêndio se iniciou e atingiu um total de 80 contêineres com diferentes produtos. O fogo ocorreu na Localfrio, no Terminal 1 do porto, que fica no Distrito de Vicente de Carvalho, em Guarujá. De acordo com a Cetesb, tudo indica que alguma avaria ou abertura no contêiner permitiu o contato de água da chuva com o dicloro isocianurato de sódio (C3 O3 N3 NaCl2) e a reação química originou as névoas. Cada contêiner continha 20 big bags, com 1 tonelada de produto granulado cada. Contêineres com diversos produtos foram atingidos.
O dicloro isocianurato de sódio é armazenado em estado sólido. Ele é base para a formulação de desinfetantes, sanitizantes, fungicidas, bactericidas e algicidas para o tratamento de água em piscinas, spas, etc. O vazamento do composto é preocupante por se tratar de um produto oxidante, corrosivo, que oferece risco aos olhos e pele, além de ser altamente tóxico quando inalado. O contato do composto com pequenas quantidades de água resulta numa reação exotérmica com liberação de gases tóxicos. Alguns produtos tóxicos decorrentes da decomposição do dicloro isocianurato de sódio são o bicloreto de nitrogênio, cloro e monóxido de carbono.
RISCOS / IMPACTOS – Decorrente do vazamento de ácido dicloro isocianúrico de sódio, nome comercial do composto dicloroisocianurato de sódio (C3 O3 N3 NaCl2), se formou uma fumaça tóxica que devido aos ventos foi se espalhando por várias cidades do litoral paulista. Mais de noventa pessoas foram atendidas com problemas de saúde causados pela inalação da fumaça, em unidades médicas das cidades de Santos e Guarujá. Pessoas que moram em Cubatão também foram afetadas. Na pronto-socorro da cidade foram registrados 17 atendimentos de pacientes com sintomas de ardência nos olhos, secura na boca e na garganta.
A fumaça invadiu o Pronto-Socorro de Vicente de Carvalho, por esse motivo, os pacientes lá internados estão sendo transferidos, em conjunto com as equipes e ambulâncias, para a UPA Boa Esperança, para receber tratamento especializado.
O produto é estável, mas possui alto teor de cloro, que se dissolve na água. Por esse motivo, outro problema será a questão ambiental que virá. Especialistas ainda não sabem mensurar qual será o impacto na contaminação do solo e da água. Para verificar se foram causados danos à vida aquática e à qualidade do corpo d’água, técnicos da Cetesb coletaram água do estuário. “Em vistoria realizada por barco, pelo estuário, não foi identificada mortandade de organismos aquáticos”, informou a companhia.
Foram coletadas amostras da água que escoaram do pátio e da água do estuário. Não houve indício de contaminação no estuário. Porém o monitoramento continua. Também foi instalada uma estação móvel para medir e monitorar a qualidade do ar em Vicente de Carvalho.
Devido ao alto índice de toxicidade do composto, o maior risco ambiental seria para a vida marinha, pois se a concentração fosse elevada nas áreas dos mangues e no canal do porto. O risco de contaminação foi elevado devido à chuva que traria esses componentes para baixo, mas devido aos ventos fortes no momento do acidente, o mesmo acabou se dissipando, não causando mortandade nem contaminação na vida marinha.
Outro grande risco evidenciado, foi decorrente das explosões, porém por este terminal estar afastado dos outros nenhuma outra empresa foi afetada.
A estratégia utilizada pelo Corpo de Bombeiros para evitar mais danos foi de isolar os contêineres com substâncias mais perigosas. Foi a melhor opção atacar o foco contêiner por contêiner, porque, dependendo do contêiner, é uma substância diferente que tinha ali dentro. Por questão de segurança algumas empresas vizinhas tiveram as atividades suspensas e os funcionários orientados a evacuar o local.
Foi colocado em prática o Plano de Auxílio Mútuo do Porto, uma espécie de plano de contingência, que conta com a participação da Defesa Civil, Corpo de Bombeiros, Órgãos Ambientais Municipais e Estaduais e empresas, para definir ações rápidas em caso de incidentes de grande porte.
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