O Artigo de Opinião a Respeito do Racismo
Por: Thamirys Martins • 1/12/2022 • Dissertação • 1.212 Palavras (5 Páginas) • 119 Visualizações
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Dupla: Alisson Felipe e Thamirys Martins
Brasil: O cego que não quer ver
Há racismo no Brasil? Essa é uma pergunta na qual as respostas muitas vezes divergem. Resumidamente, Racismo é a denominação da discriminação e do preconceito (direta ou indiretamente) contra indivíduos ou grupos por causa de sua etnia ou cor.
Dado os vários anos de escravidão no País, o racismo se tornou algo enraizado na sociedade de maneira que as pessoas que são declaradamente negras, sofrem as consequências de uma nação ainda sequelada dos anos de servidão. Entretanto, atualmente, ainda há uma parcela da população que acredita na chamada “Democracia racial” que de acordo com Petrônio Domingues em seu artigo “O mito da democracia racial e a mestiçagem no Brasil (1889-1930)” publicado na revista Diálogos Latino-americanos, democracia racial pode ser entendida como “um sistema racial desprovido de qualquer barreira legal ou institucional para a igualdade racial, e, em certa medida, um sistema racial desprovido de qualquer manifestação de preconceito ou discriminação”.
A existência desse mito racial no Brasil se dá principalmente por causa dos Estados Unidos, que após os anos de escravidão, ainda estabeleceram no País medidas de segregação racial. Porém, como no Brasil não se tinha explicitamente esse tipo de medida segregatória, passou-se a acreditar que não existia racismo no País, e quando aconteciam atos que caracterizam racismo, denominavam apenas como injúria racial. Contudo, dado todo o histórico de opressão até mesmo no dialeto das pessoas paralelo aos dados estatísticos podemos concluir que a realidade está longe de ser essa que algumas pessoas acreditam existir.
Atualmente no Brasil, temos o que chamamos de racismo estrutural, que trata-se de uma junção de definições que culminam em práticas baseadas em ações que estão enraizadas, de maneira que muitas vezes as pessoas não percebem o teor ofensivo. Um exemplo desse racismo estrutural, está no nosso dialeto, que é cheio de falas preconceituosas. Alguns exemplos são: “da cor do pecado”- deixa subentendido que a cor preta leva as pessoas ao pecado, sendo empregado com conotação sexual, enfatizando a sexualização de pessoas negras e mais uma vez as objetificando - “não sou tuas negas” - também é usado com o intuito de objetificar essas pessoas, com ênfase nas mulheres. É como se com as negras eles pudessem fazer o que quisessem, enquanto que com as brancas não, sexualizando a cor mais uma vez- “ a coisa tá preta, denegrir, lista negra, mercado negro”- todos esses termos remetem a cor preta a algo ruim, negativo- “mulato(a)”- descende da palavra mula, que trata-se do cruzamento entre cavalo e jumenta ou entre égua e jumento, fazendo referência a missigenação de brancos e pretos, e por esse motivo é um termo racista- “inveja branca”- remete o branco como algo bom, enquanto que o negro é usado para coisa ruim - “serviço de preto”- um serviço relaxado, desleixado, dando a entender que pessoas pretas sao preguiçosas e desleixadas-, entre outros.
Ademais, outro importante ponto voltado à veracidade do racismo intrínseco no brasil é um racismo conhecido como recreativo. Logo, analisando primeiro o significado de recreativo, temos o sentimento de algo que traga alegria, na escola a hora do recreio era sempre muito esperada pelos alunos pois era um momento onde poderia haver brincadeiras; já trazendo o sentido de recreativo ao racismo a palavra continua gerando o mesmo sentido, porém se o racismo recreativo gera sorriso de uns, de outros gera lágrimas e dor. Resumidamente, em palavras mais conceituais o racismo recreativo é o racismo que está atrelado a piadas ou brincadeiras, vistas diariamente em conversas presenciais ou na internet.
Sobre a internet, atualmente no Brasil é crime qualquer prática de racismo tanto quando são envolvidos atos de violência física como também verbal, porém em meio online pessoas racistas veem um local para poderem expressar suas ofensivas em meio ao anonimato de perfis fakes, não é difícil encontrar em redes sociais (em especial o twitter) mensagens ou piadas com conotações racistas. Hoje essas práticas são incentivadas por um sistema falho de filtros que não barram conteúdos ofensivos, por isso diariamente são vistas pessoas alertando e denunciando mensagens racistas, e reflexo disso são mensagens de outras pessoas tratando como “mimimi” a dor delas. Aliás, além disso, essa cultura do “mimimi” é infelizmente cada vez mais observada no país, muitas vezes incentivada por personagens políticos ou artistas, resultado disso é o afloramento da falta de sensibilidade e ignorância de uma grande parte da população tratando como banal atitudes e falas que ofendem outras pessoas, não só racistas mas também homofóbicas e xenofóbicas.
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