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O Brasil Precisa Poupar

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Por:   •  5/8/2014  •  821 Palavras (4 Páginas)  •  236 Visualizações

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O Brasil Precisa Poupar, Mas Poucos Estão Dispostos a Isso

Por Beatriz Ferrari, especial para a Revista Veja

Henrique Meirelles, ex-presidente do Banco Central (BC) classificou como um dos principais desafios do Brasil o aumento da poupança doméstica. Entende-se por este conceito algo semelhante ao que se aplica a uma família: a capacidade de acumular recursos próprios no decorrer dos anos, graças a um esforço de gerar mais riqueza do que de consumi-la. De fato, esse tipo de avanço, tido pelos especialistas como fundamental para que a economia continue a crescer de forma sustentável, não tem se verificado.

Os índices mais recentes para o país são do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e referem-se a 2011. A taxa verificada foi de 18,1% naquele ano, muito atrás da China (50%) e da Alemanha (25,9%), por exemplo. Os últimos dados trimestrais apontam queda: as taxas estão ao redor de 15%.

A expansão da poupança doméstica – destacada por Meirelles mais em tom de recomendação do que de alerta – reflete-se na elevação do investimento e na melhoria das taxas de produtividade. O raciocínio é simples: maior disponibilidade de poupança interna permite melhores condições de financiamento à atividade produtiva, além de segurança nos momentos de crise, quando linhas de crédito externas costumam ‘secar’.

Governo tem de cumprir seu papel – Para a analista de economia internacional da Tendências Consultoria, Alessandra Ribeiro, o governo brasileiro, tradicionalmente deficitário, deveria ser o primeiro a contribuir. “A necessidade mais urgente é fazer o Estado economizar”, afirma. De acordo com os últimos dados divulgados pelo Banco Central, o setor público registrou, no acumulado de janeiro a maio, déficit nominal de 2,69% do Produto Interno Bruto (o que equivale a 37,6 bilhões de reais).

Como o governo é gastador, a capacidade de produção futura fica na dependência quase exclusiva do setor privado, que é obrigado a economizar para arcar com os investimentos. Em função disso, as empresas brasileiras não fazem feio na comparação internacional. Sua taxa de poupança, de 15,6% do PIB em 2009, calculada pelo IBGE, era próxima da praticada na China, de cerca de 20% em 2010, conforme dados do FMI.

Brasileiro economiza pouco – Já as famílias brasileiras poupam pouco, apenas 4,71% do PIB. A título de comparação, os chineses conseguem guardar 20% de seu PIB. Entre as causas desta taxa reduzida, uma chama a atenção: a influência do sistema de seguridade social. De forma geral, explicam os economistas, quanto mais difundida é a Previdência, menos a população se preocupa em guardar dinheiro. No caso do Brasil, muitas pessoas ainda confiam que conseguirão viver com suas aposentadorias, a despeito dos riscos relacionados a seu déficit e do fato de a Previdência ser, na realidade, generosa para poucos.

A renda média nacional, baixa para o padrão dos países desenvolvidos, inibe o acúmulo de recursos, face às tantas necessidades básicas do dia-a-dia. Alguns economistas também apontam o peso da alta carga tributária, que abocanha parte considerável do dinheiro que poderia ser economizado. Desta forma, as famílias guardam apenas 7,6% de sua renda, segundo dados do IBGE

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