O Brincar não é uma preparação para nada, é fazer o que se faz em total aceitação
Por: joaopedro15 • 20/6/2017 • Artigo • 9.332 Palavras (38 Páginas) • 217 Visualizações
INTRODUÇÃO
Tentar definir brincadeiras e jogos infantis não é tarefa fácil. Quando se pronuncia cada uma das palavras acima, a pessoa pode apresentar uma definição diferente, conforme esteja se baseando na tese deste ou daquele pesquisador. A variedade de fenômenos que estão ligados às brincadeiras e jogos mostra a complexidade da tarefa de definir tais atividades que, tem pelo menos um ponto em comum entre si: o forte apelo a ludicidade.
Todas as manifestações lúdicas são muito importantes para o desenvolvimento pleno das crianças, seja na área cognitiva, afetiva, psicomotora etc. O grande número de teóricos que vêm discutindo sobre o tema ao longo dos tempos demonstra que o muito que já se descobriu a este respeito ainda é pouco perto das descobertas que estão por vir. “Infância” é um termo que oportuniza inúmeras discussões e em diversos focos. Esses focos podem ser sobre: a educação, o brincar, os direitos e deveres, os pais e filhos, a precocidade, a hiperatividade, o aprender, o faz-de-conta, o cuidar, a escola, o professor, os limites, o carinho e a atenção, enfim a infância é cercada de várias especificidades.
Nesta, será apresentado o significado da infância, objetivando compreendê-la e situá-la num contexto histórico, além de ver sua evolução até os dias de hoje.
“O brincar não é uma preparação para nada, é fazer o que se faz em total aceitação...” (Maturana, 2004, p. 231). O Brincar é a mais bela forma de linguagem inocente de uma criança. Esta é uma atividade que quando realizada espontaneamente, é vivida só no presente, com total entrega, cuja atenção é voltada para ela própria e não para seus resultados.
Winnicott (1896 – 1971) psicanalista inglês, afirma que brincar é sinal de saúde, pois quando uma criança está bem, sempre irá buscar uma atividade lúdica.
Ele ressalta que as brincadeiras também podem ser úteis para detectar problemas físicos e psicológicos, isso porque quando uma criança brinca, ela expressa sentimentos e pensamentos.
A brincadeira sempre foi uma atividade significativa na vida dos homens em diferentes épocas e lugares. Estudos históricos mostram que muitos jogos e brincadeiras de Europa Medieval permanecem ainda hoje em muitas partes do mundo. A brincadeira é, portanto uma atividade que ao mesmo tempo identifica e diversifica os seres humanos em diferentes tempos e espaços.
Estudos feitos sobre a história da infância mostram que a criança vê o mundo através do brinquedo. Observa-se que ao longo desta história é que sempre existiram formas e jeitos para se brincar. A maneira de organizar, lidar, respeitar e valorizar as brincadeiras das crianças demonstra através da história da infância o entendimento que se tem das crianças. A brincadeira é também uma forma de ação que contribui para a construção da vida social e coletiva.
O objetivo desta é contribuir na reflexão sobre a importância da brincadeira e do lúdico na Educação Infantil para o desenvolvimento cognitivo, afetivo, emocional e social da criança. Os espaços da educação infantil precisam garantir as crianças tanto suas necessidades básicas físicas e emocionais quanto às de participação social, também a constituição de identidades e subjetividades e a ampliação progressiva de experiências e conhecimentos sobre o mundo. Essas diferentes dimensões articulam-se por meio de um trabalho focado nas relações sociais entre crianças e adultos e destas entre si mesmas.
Assim sendo, buscou-se defender a ideia de que os jogos e as brincadeiras são de fundamental importância no processo de desenvolvimento e conhecimento da criança, e que, se a infância é um período em que o ser humano esta se constituindo culturalmente a brincadeiras assume importância fundamental como forma de participação social.
Pesquisando o tema, portanto, buscou-se nesta monografia defender a idéia de que as brincadeiras e os jogos podem contribuir significativamente para o processo de construção do conhecimento da criança. Utilizou-se como material para o desenvolvimento desta monografia, livros e revistas pedagógicas, e como método de pesquisa a técnica bibliográfica.
1-HISTORICIDADE DA EDUCAÇÃO INFANTIL E LUDICIDADE
1.1 - História da ludicidade na atualidade
A educação lúdica é reconhecida, na atualidade, como sendo essencial ao desenvolvimento cognitivo, psíquico, moral, social e físico da criança durante a Educação Infantil (0 a 6 anos). Sisto et al. (1999) afirmam que quando a criança tem acesso à Educação Infantil, sua adaptação à Escola Fundamental costuma ser mais tranqüila. Ainda assim, problemas diversos podem provocar problemas de relacionamento entre colegas, entre o aluno e o professor, medo de permanecer longe dos pais e vários outros.
Para dar mais segurança à criança, facilitando a sua socialização e a integração no ambiente escolar, a educação lúdica é muito usada. Aliás, como afirma Brougére (apud KISHIMOTO, 1998), brincar é reconhecidamente a atividade mais natural para uma criança, é através dos jogos e brincadeiras que tem ocorrido à superação dos problemas enfrentados nestes primeiros contatos com a escolarização formal.
Durante a Educação Infantil, sobretudo dos três a seis anos, a criança está vivendo o seu período pré-operatório de desenvolvimento. A sua vitalidade e curiosidade são excepcionais, não sendo possível propor a ela atividades passivas, que as prendam em uma carteira escolar nesta fase, por ser algo inteiramente oposto à sua natureza.
O momento representado pelo estágio operatório-concreto é dominado pelos jogos de exercícios sensório-motores, sendo compatível com o desenvolvimento cognitivo, social e afetivo da criança neste período de sua vida; e, quando é corretamente explorado pela professora, contribui não apenas para a adaptação da criança à Escola Fundamental, como também para seu desenvolvimento afetivo e emocional.
Embora não exista, a teoria de Piaget, um momento rígido para o ser humano entrar e sair de um determinado período ou estágio de desenvolvimento cognitivo estima-se que a fase dos jogos de exercícios perdure ao longo desse período já mencionado: do nascimento ao aparecimento da linguagem: e que os jogos de exercícios sensório-motores tenham início por volta dos 18 meses e perdurem até os 6 anos de idade.
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