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O CONTEÚDO GINÁSTICA EM AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR.

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Por:   •  21/11/2013  •  5.075 Palavras (21 Páginas)  •  825 Visualizações

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O CONTEÚDO GINÁSTICA EM AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR.

Ana Rita Lorenzini1

A questão da ginástica, no caso específico da Educação Física Escolar,

pode ser problematizada visando elevar o nível de desenvolvimento do

conteúdo substantivo. Desta forma, nossa intenção consiste no resgate de uma

genealogia, encontrada na literatura especializada, situando as origens da

Ginástica pontuando marcas ao longo de sua historicidade, discutindo sua

constituição diante das possibilidades e limites referentes à Pedagogia, a

Escola, a Educação Física. Num segundo momento da reflexão buscamos

estabelecer nexos e relações do conteúdo específico, visualizando uma

possibilidade de trabalho no âmbito escolar.

Não há prática educativa sem conteúdo, quer dizer sem objeto de

conhecimento a ser ensinado pelo educador e apreendido, para poder ser

aprendido pelo educando. Isto porque a prática educativa é naturalmente

gnosiológica e não é possível conhecer nada a não ser que nada se

substantive e vire objeto a ser conhecido, portanto vire conteúdo. A

questão fundamental é política. Tem que ver com que conteúdos ensinar, a

quem e a favor de que e de quem, contra quê, como ensinar. Tem que ver

com quem decide sobre que conteúdos ensinar, que participação têm os

estudantes, os pais, os professores, os movimentos populares na

discussão em torno da organização dos conteúdos programáticos

(FREIRE, 1991, p. 44-45).

Com a palavra geradora, com a tematização, como sugere FREIRE

(1987), compreendemos que o Conhecimento da Ginástica possui significados

e vem sendo ressignificado pela humanidade. O mesmo se constitui e é

constituído nas contradições do trabalho, do estudo e tempo livre, nos

diferentes segmentos sociais e institucionais, dos distintos projetos vividos

pelo ser humano ao longo dos períodos históricos. Situamos um percurso

temporal visando compreender relações e nexos da historicidade do conteúdo.

Para LANGLADE (1970), a Pré-História foi marcada pela luta pela

sobrevivência onde os humanos utilizavam as próprias ações corporais.

1 Especialista em Educação Psicomotora na pré-escola e séries iniciais pela Universidade de

Caxias do Sul e professora da Escola Superior de Educação Física da Universidade de

Pernambuco. Coordenadora do Ethnós – Grupo de Estudos Etnográficos em Educação Física

e Esporte.

Na Antigüidade não existia a palavra, ginástica, mas ela foi para os ideais

clássicos da Grécia e Roma Antigas, o espaço platônico de conferência, de

palestra e orquestra, referentes a um assunto. Este entendimento presente na

Academia de Platão nos reporta às características da atual Instituição Escola.

Neste período histórico a ginástica também foi constituída por objetivos

religiosos, terapêuticos e guerreiros relacionados aos ideais de beleza e

perfeição gregos e às contradições romanas entre as exibições corporais

praticadas no circo e o menosprezo à vida praticados nas arenas ou estádios.

A Ginástica foi definida como a arte de exercitar o corpo nu, inspirada

pelo ideal grego de harmonia entre corpo e espírito, ou visualizada como a arte

das exibições corporais humanas, oriunda do circo, de feiras, de festas. “Sua

origem vem do grego gymnikos, adj. que é relativo aos exercícios do corpo, e

de gimn(o), elemento de composição culta que traduz a idéia de nu, do grego

gymnós, “nu, despido”, não coberto, que se limita ser alguém ou alguma coisa,

puro e simples, sem acessórios ou sem modificações” (SOARES, 1998, p. 20).

Com o advir da Idade Média2, fortemente marcada pela sociedade feudal,

pelo imperialismo, pela soberania dos papados, pelos sistemas corporativistas

da indústria e do comércio, a sociedade sofreu as marcas da canalização dos

bens de produção para determinados proprietários, grandes concentradores de

riquezas oriundas principalmente do trabalho escravo. A Escola era destinada à

elite, sendo que nas universidades medievais, os estudantes eram

considerados perfeitos quando afastados de toda atividade recreativa ou

divertida.

Para LANGLADE (1970), a luta pêlos ideais religiosos gerou proibição de

exercícios e recreação levando a juventude à bebida, aos jogos de azar, aos

vícios. Deste contexto compreendemos que houve aprisionamento corporal

devido a uma tirania religiosa que elegeu a Fé, a intelectualidade, a disciplina,

a moral contrapondo-se à procura do prazer e do espetáculo das exibições

corporais artísticas. Estas sempre existiram por meio “... das práticas corporais

realizadas

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