O CURRÍCULO, CONHECIMENTO E CULTURA

Resenha: Currículo, Conhecimento e Cultura

Antonio Flavio Barbosa Moreira1

Vera Maria Candau2

Os autores colocam em foco em ambos os textos, a preocupação sobre os estudos e o desenvolvimento do currículo educacional pelas autoridades, professores, gestores, pais, estudantes e membros da comunidade. Dessa maneira, a importância na perspectiva de promover uma educação de qualidade para todos e para todas, de forma democrática, vai além do entendimento da palavra “currículo”.

A palavra currículo tão comumente utilizada por nós no dia a dia, socialmente e em nosso contexto familiar, muitas vezes não dispomos tempo para analisamos o sentido do seu termo. Segundo o autor:

“À palavra currículo associa-se a distintas concepções, que derivam dos diversos modos de como a educação é concebida historicamente, bem como das influências teóricas que a afetam e se fazem hegemônicas em um dado momento.”

(Moreira & Candau, 2007)

        Nesse aspecto, o currículo sempre foi ligado a história da educação e às suas influências em determinados períodos que se fizeram importantes para a humanidade. Dessa forma, há diversos fatores como sócio-econômicos, políticos e culturais que contribuem para que o currículo venha a ser entendido como um conjunto de conteúdos a serem ensinados e aprendidos através das experiências de aprendizagem escolares a serem vividas pelos alunos, por planos pedagógicos elaborados por autoridades, professores e sistemas educacionais, com objetivos a serem alcançados por meio dos processos de ensino.

        De acordo com os autores, o processo de criação e revisão do currículo escolar faz-se importante, pois nele incorporam relações sociais que formam o cenário em que os conhecimentos se ensinam e se aprendem, sobre as transformações que desejamos efetuar em nossos alunos(as), sobre os valores que desejamos recomendar e sobre as identidades que pretendemos construir. O currículo associa-se, assim, ao conjunto de esforços pedagógicos desenvolvidos com intenções educacionais.

        No entanto através da elaboração do currículo proposto, também há um segundo currículo não mencionado, utilizado para indicar efeitos alcançados na escola, que não estão explícitos nos planos e nas propostas discutidas, não sendo sempre percebidos claramente pela comunidade escolar. Este segundo currículo, designado currículo oculto, envolve dominantemente, atitudes e valores transmitidos subliminarmente, pelas relações sociais e pelas rotinas do cotidiano escolar.

        O conhecimento escolar é um dos principais elementos centrais do currículo e sua aprendizagem constitui condição necessária para que os conhecimentos socialmente produzidos possam se aprendidos, criticados e reconstruídos por todos os estudantes do país (Moreira e Candau, 2007).

        No entanto, é importante definir os processos educacionais relevantes e significativos para a educação escolar propostos no currículo. No âmbito educacional, entendermos relevância como o potencial de tornar as pessoas capazes de compreender o papel que devem ter na mudança de seus contextos imediatos e da sociedade em geral, bem como de ajuda-las a adquirir os conhecimentos e as habilidades necessárias para que isso aconteça.

        Mediante a esse contexto, podemos entender que os processos educacionais derivam-se dos contextos históricos, da relevância e da interação entre aluno/professor, e do sistema educacional de nosso país. Entretanto, a construção do conhecimento escolar sofre, inegavelmente, efeitos de relações e poder.

        Podemos perceber de forma clara que, os conhecimentos impostos em nosso currículo, não é igualitário, de forma que prioriza-se e supervaloriza-se muitas vezes por exemplo, áreas das chamadas disciplinas científicas, e secundarizam-se os saberes referentes as outras áreas como às artes e ao corpo. Sendo assim, legitimam-se saberes socialmente reconhecidos e estigmatizam-se saberes populares.