O Estudo das psicopatologias desenvolvidas pelo abuso sexual infanto – juvenil
Por: Bruna Paiva • 13/2/2018 • Artigo • 2.067 Palavras (9 Páginas) • 407 Visualizações
O estudo das psicopatologias desenvolvidas pelo abuso sexual infanto – juvenil
Bianca Tegon, Bianca Spirandeli, Bruna Paiva, Lígia Souza, Sthefani Azevedo, Stephanie Oliveira
Introdução
Os grandes problemas de nossa sociedade atual estão diretamente relacionados a falhas em relacionamentos interpessoais, há incompreensão, exploração e em contra partida falta respeito para com o outro. É comum que relacionamentos sejam regados por abusos: físico, emocional, moral, psicológico e sexual, mas é preciso ressaltar algo que está em nossa frente e nem sempre enxergamos: o abuso sexual. O abuso sexual é um tipo de violência frequente em nosso âmbito social, e se define basicamente como a atividade sexual não desejada, onde o agressor usa a força, faz ameaças ou exclui vantagens da vítima que se torna incapaz de negar consentimento, ele acontece quando alguém em um posição superior, de autoridade, usa desse poder, se aproveita desse relacionamento para envolver essa outra pessoa em atividades sexuais, que ela não consente.
De acordo com Watson (1994, p.12) O abuso sexual deixa a maioria das pessoas incomodadas. É triste pensar que adultos causem dor física e psicológica nas crianças para satisfazer seus próprios desejos, especialmente quando esses adultos são amigos ou confiáveis membros da família.
O abuso sexual infanto-juvenil pode ser compreendido como um evento traumático e um fator de risco para o desenvolvimento das vítimas têm sido considerados um grave problema de saúde pública (WHO, 2002). Muitos estudos e pesquisas já demonstraram que as vítimas de abuso sexual podem desenvolver desde alterações comportamentais, emocionais e cognitivas, até chegar a quadros psicopatológicos (Chartier, Walker, & Naimark, 2010; Saywitz, Mannarino, Berliner, & Cohen 2000).
O impacto psicológico sofrido pela vítima pode apresentar consequências a curto ou longo prazo, durante o seu desenvolvimento. Não tem como determinar apenas um sintoma para cada pessoa, isso irá variar de vítima para vítima, pois há uma ampla variedade das consequências psíquicas, como também pode haver vítimas que não apresentem nenhuma consequência negativa decorrente do episódio abusivo (Saywitz et al., 2000).
Esse tipo de abuso infantil tem influências desde a idade medieval, onde na época, acreditava-se que a criança fosse indiferente a sexualidade, ao prazer, por essa razão, se podia “brincar” com ela desta forma, tudo era emitido na frente das crianças, por não terem essa malícia sexual desenvolvida. Neste contexto, era comum, os adultos brincarem com as crianças, sem a observância do pudor, da moral, pois a prática familiar de associar as crianças às brincadeiras sexuais dos adultos fazia parte do costume da época e não chocava o senso comum. (Ariés, 1981, p. 77). Este tipo de exposição tornava a criança muito vulnerável ao abuso sexual, prejudicando não só o seu desenvolvimento físico, mas também o social, e não menos importante, o cognitivo.
O abuso sexual em menores por muito tempo foi considerado um tema - tabu para a sociedade, sendo extremamente negado. Sabe-se que no nosso dia-a-dia a violência sexual em crianças ocorre com uma grande frequência, bem mais elevada do que pensamos, de acordo com as estimativas do National Committee for the Prevention of Child Abuse, a cada ano são relatados aproximadamente 150.000 a 200.000 novos casos de abuso infantil (Kaplan, Sadock, & Grebb, 1997). Porém, sabemos que nem todo abuso é denunciado, então os dados tendem a aumentar. A maior dificuldade em se identificar ou até mesmo de se comprovar casos de abuso infanto-juvenil é por motivos de medo e vergonha, principalmente se o agressor for um membro da família. Denunciar esse tipo de violência é primordial para que o agressor não ganhe mais poder sobre a vitima, e a vitima por sua vez, se sente cada vez mais impotente e vulnerável. Além dos danos que a agressão em si causa as intervenções legais não levam em conta questões psicológicas das vítimas. Outro fator que pode influenciar em danos maiores às vitimas, é caso o profissional da saúde que lida com elas, não denunciarem a agressão ou desconsiderar sua existência.
A partir de todo o contexto já citado sobre as alterações no desenvolvimento humano recorrentes do abuso sexual, o que gostaríamos de ressaltar em nosso trabalho são como essas alterações podem resultar em reais transtornos mentais: depressão, ansiedade, síndrome do pânico e como deve ser a ação do psicólogo nesse caso.
Desta maneira, esta revisão de literatura tem como objetivo abordar as principais psicopatologias desenvolvidas pela ocorrência do abuso sexual infanto–juvenil. Serão avaliados os impactos ambientais, sociais e psicológicos como possíveis fatores que contribuíram para o aparecimento de quadros psicopatológicos na criança ou adolescente vítima do abuso sexual.
Metodologia
Este trabalho é uma revisão de literatura baseado em revistas e artigos científicos quantitativos e qualitativos, com o objetivo de delinear as características e consequências do abuso sexual na vida de crianças e adolescentes. As etapas utilizadas para formulação da metodologia foram: leitura, fichamentos, e interpretações das referências (FLORENTINO, 2015).
Discussão
O abuso sexual infantil pode ser definido como qualquer interação de cunho sexual entre uma criança ou adolescente e alguém em estágio sexual de desenvolvimento mais adiantado, para qual o jovem não está preparado (OMS, 2006).
Diante de todas as observações e embasamento teórico, percebemos que a maior prevalência sobre o ambiente do abuso é o intrafamiliar, também se observa na maioria das vezes, a prevalência de múltiplos episódios de abuso, a presença de violência física e psicológica e também a duração do abuso é de mais de um ano.
As estatísticas nos colocam situações alarmantes, onde 85,2% dos pacientes não referem nenhum tipo de histórico antecedente, 35,7% conta ter sido abusada sexualmente mais de uma vez na infância.
As consequências do abuso sexual são múltiplas (Blanchard, 1996), sendo que seus efeitos físicos e psicológicos podem ser devastadores e perpétuos (Kaplan & Sadock, 1990). Knutson (1995) ressalta que entender as consequências do abuso sexual é um trabalho árduo e inseguro devido à falta de estudos longitudinais à ausência de grupos de controles apropriados. Portanto, antes de caracterizar a sintomatologia do abuso sexual infantil, faz-se necessário citar os fatores que influenciam o dano psicológico causado por essa experiência.
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