O Filme Terra em Transe
Por: TayannePM • 21/2/2017 • Trabalho acadêmico • 587 Palavras (3 Páginas) • 805 Visualizações
O filme Terra em Transe, produzido por Glauber Rocha, em 1967, tem relação direta com o seu contexto histórico. O filme faz alusão às figuras políticas brasileiras, bem como às da América Latina.
Na época da produção dessa obra, o Brasil enfrentava o pós golpe militar, logo, é com esse evento que o filme mais dialoga. Além disso, o contexto cinematográfico da época era o movimento do Cinema Novo. O principal representante brasileiro desse movimento era Glauber Rocha.
Terra em Transe trata da arte e da política no Brasil, de modo que tenta denunciar a política populista do país. O populismo teve suas origens no governo Getúlio Vargas, sendo também chamado de Getulismo. Recorrentemente representado no filme, pode-se perceber a presença do populismo nas atitudes do personagem Vieira, que promete demais ao povo e, ao eleger-se, não cumpre as suas promessas. Há uma comparação direta do mesmo com o presidente João Goulart, que foi deposto pelo golpe militar. Marcado pela sua personalidade fraca e covarde, Vieira assemelha-se com João Goulart, sendo “o líder que não existiu”. Porém, o personagem também possui características de outros líderes populistas, como Miguel Arraes, Jânio Quadros e Getúlio Vargas.
Glauber Rocha compara as promessas não cumpridas de Vieira aos fenômenos da nossa política nacional, afinal, constantemente vemos políticos aproximando-se do povo nas épocas de eleição, fazendo promessas e, depois, não agindo, devido às suas alianças. Além de falar das figuras políticas, o filme também diz respeito ao povo, referindo-se a ele como uma mera massa a serviço dos políticos.
O Brasil viveu, entre 1946 e 1964, uma democracia populista. O filme passa para os telespectadores que o populismo, assim como seus líderes, têm uma possível culpa no golpe.
O imperialismo é representado pelo golpe planejado por Paulo Autran, junto à Explint. Naquela época, o imperialismo brasileiro vinha sendo questionado pela esquerda. Indagavam a João Goulart o fato de terem sido entregues recursos naturais aos estrangeiros. No filme, a Explint Exportaciones, sendo uma grande empresa estrangeira que possui poder político, é o símbolo do imperialismo. Ao mostrar que a Explint apoia determinados políticos, o filme faz referência, na questão do imperialismo, à participação dos Estados Unidos no golpe militar de 1964.
Terra em Transe também faz alusão à imprensa, mostrando a força das empresas de comunicação de massa, além de transparecer que elas mudam de opinião segundo uma situação política que a favoreça. A mídia teve grande participação no golpe que ocorreu no Brasil, com destaque na grande cobertura de “A Marcha da Família com Deus pela Liberdade”, realizada pelas coligações da Igreja Católica, no ano de 1964, algumas semanas antes do golpe.
No filme também foram representados os intelectuais marxistas, por meio de Paulo Martins, que, para alguns críticos, seria uma alter ego do próprio Glauber, estabelecendo uma reflexão sobre o seu papel e, principalmente, uma crítica. Ao tratar da relação política-arte, o filme busca mostrar as emoções nessa relação.
Terra em Transe conta a história por meio de flashbacks, além de utilizar várias metáforas. Um exemplo são as metáforas carnavalescas, que comparam a vida política brasileira a um grande carnaval.
A obra é destinada aos ativistas políticos de esquerda, de modo que é atribuída a eles a figura de Paulo. Devido a isso, há tantas metáforas e simbolismos.
Terra em Transe é um filme muito interessante, pois traz a arte e poética ao cinema, ao mesmo tempo em que ajuda os brasileiros a compreenderem os fenômenos políticos do país. É um marco não só na história do Cinema Novo, mas sim do cinema como um todo.
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