O MENINO QUE DESCOBRIU O VENTO

RESENHA

o MENINO que descobriu o vento. Chiwetel Ejiofor. Reino Unido: Gail Egan, Andrea Calderwood, 2019. NETFLIX (113 min.).

        O filme “O menino que descobriu o vento” é uma biografia que conta uma fase na história de vida de Willian Kamkwamba (personagem central da narrativa contada). A obra cinematográfica nos conta uma daquelas histórias inspiradoras, de pessoas que venceram grandes adversidades e conseguiram transformar, de maneira positiva, não só a sua realidade, como também a das pessoas ao seu redor, mas por outro lado, embora sem contextualizações, uma profunda crítica ao governo do Malawi, à desigualdade social (onde toca questões econômicas e educacionais) e até à democracia.

        William Kamkuamba cresceu em uma pequena comunidade na República do Malawi cuja economia e a sobrevivência era baseada no plantio, sendo assim o que eles teriam para comer ou se eles teriam dinheiro para pagar a educação dos filhos dependiam da resposta do sol, da chuva e do quanto arrecadariam com a colheita.

        Logo no início do filme fica evidente que mesmo que o pai de William não tenha tido a oportunidade de estudar, ele reconhece o valor da educação como instrumento de transformação. Ainda que com uma visão limitada do ensino, devido a realidade que faz parte, ele usa seus poucos recursos financeiros para custear a escola dos dois filhos, assim com o desenrolar da narrativa, percebe-se que o William enxerga o papel transformador da educação de maneira um pouco mais ampla, associando o conhecimento científico a um potencial sistema hídrico que renovaria de maneira inteligente o conceito da agricultura na região.

O filme no geral apresenta as crises e desigualdades que o povo daquela região está vivenciando e com a seca, apenas o governo vendia os grãos (alimento), racionados e aos preços que eles queriam e o povo começou a perecer de fome. Com isso, o pânico se alastrou, muitas famílias começaram a se mudar para o norte, pessoas começaram a saquear a casa umas das outras e gastar todas as suas economias comprando grãos aos preços absurdos do governo. Junto a todo esse cenário, a única escola da região também chegou à falência, devido à falta de recursos gerada pela crise.

        Willian quando vê a luta de seu pai para vencer a crise pela qual o povoado passa, decide colocar em prática a ideia que ele teve, e passando por todas as dificuldades ele consegue construir uma torre para gerar energia através da força dos ventos, de forma a poder consertar uma bomba de água e suprir o elemento vital por meio de irrigação para que a plantação dos grãos da aldeia pudesse germinar.

Por fim, dentre as muitas lições e mensagens que o filme deixa, a mais rica delas é o papel libertador da educação. Na medida em que as estações passam e as dificuldades se apresentam, a saída que a aldeia encontra vem justamente do poder transformador da educação, a qual tem a capacidade de modificar realidades e de criar oportunidades.