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O Meio Ambiente

Por:   •  12/1/2024  •  Ensaio  •  1.450 Palavras (6 Páginas)  •  42 Visualizações

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A criança e 'seu mundo natural': reflexões teóricas e práticas a partir do livro “Relaçoes com a natureza: manifestações, dimensões, elementos, fenômenos e seres vivos”.[1]

        O livro “ Relaçoes com a natureza: manifestações, dimensões, elementos, fenômenos e seres vivos” aborda diversas questões que envolvem os olhares possíveis das crianças sobre a natureza.  Olhares que podem trazer para nós – adultos – um mundo natural ressignificado a partir de como as crianças passam a interagir com este mundo. Quando as crianças imergem no mundo natural de forma direta, isto é, sem muitos filtros e condições que os adultos colocam, nos adultos tambêm podemos aprender muito com esse contato direto.

        Numa leitura preliminar do livro referência desta reflexão, chama a atenção que desde as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil, já havia a sensibilização de se promover  na educação infantil a relação direta da criança com a natureza: um dos objetivos do NAP/Natureza é claro e objetivo quanto sua articulação com as diretrizes: “tratar dos processos educativos que envolvem a relação com a natureza, nos contextos de educação infantil, devendo ser articulados às Diretrizes Curricaleres Nacionais para a Educação Infantil (BRASIL, 2009a)” (grifos meus).

        Avançando aos poucos na leitura da obra, vai se abrindo uma frente de questões que, no dia a dia da rotina escolar não são tão simples de aplicar, mas enriquece profundamente tanto nosso próprio olhar sobre a natureza quanto a concepção de infância e da própria educação infantil. Numa observação mais atenta deste livro passa-se a impressão que, dentro do cotidiano de Nei's e os espaços de educação infantil em geral, pode estar presente ações de aproximação das crianças com a natureza. A preocupação em aproximar o contato dos seres humanos em geral, e das crianças em especial da natureza, traz à tona reflexões que tendem a questionar o sentido e a qualidade dessa aproximação. Se por um lado “ a relação com a natureza nunca foi tão enfatizada nos discursos na contemporaneidade”, tendo em vista – talvez - “a real possibilidade de um devastamento da flora, da fauna, dos rios”, por outro, será que o contato das crianças precisam – necessariamente – iniciar a partir de uma concepção pré-estabelecida chamando-as para a responsabilidade de perservação? “Como educar as crianças na perspectiva do pertencimento, da preservação, do cuidado, da lucididade e do respeito com todos os seres, humanos e não humanos, que habitam a cidade de Florianópólis e numa perspectiva mais ampla, com nosso planeta? Quais relações promovemos entre as crianças e os elementos da natureza que compõem esse lugar?” (Op. Cit. p. 3).

        Observando nossa prática educacional conjugado com alguns relatos registrados no livro em questão, a promoção desse contato, isto é, da criança em relação ao mundo natural, se dá quase sempre sob um olhar contastrófico, preocupado tanto que a natureza não pereça quanto primando pela própria integridade física da criança. A reflexão de Martinho vêm a calhar nesse enfoque: “sensibilizar para o Ambiente é uma expressão quase rotineira. Mas quantas vezes a abordagem é feita pela negativa, pelo realce dado às várias formas de degradação e desrespeito pela Natureza....” (MARTINHO, 1995, p. 43).

        O discurso ecológico com apelo constante para preservação e cuidados com o meio ambiente traz à tona a impressão de que é uma lente que mais limita do que amplia os horinzontes perceptivos e sensitivos da criança em sua relação com o mundo natural. Nesta mesma linha, não só a preocupação ecológica é um fator limitante como nossa própria “condição de adulto”, formatados por uma “trajetória escolar e de formação (...) marcada por uma concepção de ciência em que a natureza é compreendida como algo distanciado do humano (…) privilegiando mais aspectos teóricos/razão do que uma relação que envolve outras dimensões do humano” Op. Cit. p.05) Certamente que o modo como nos adultos nos preocupamos e compreendemos o mundo natural repercute na forma como apresentamos esse 'mundo natural' “às crianças: didatizado através de aulas e da lógica do enclausuramento entre paredes, em que a brincadeira, as historias, os espaços, as plantas, os animais, a água, o ar, a terra, constituem-se em temas para o planejamento numa perspectiva abstrata, generalista, decorativa e instrumental”. (Op. Cit. p.5)

        Por um lado, obviamente que acompanhando de perto a aproximação da criança com o mundo natural tornar-se-á inevitável colocar as preocupações ambientais dos desgastes que o meio ambiente tem sofrido no horizonte do olhar delas.  E nós, na condição de docentes que acompanham seus passos, não devemos nos furtar de apontar tais problemas, uma vez que fazem parte de um de nossoas maiores problemas de nossa história contemporânea recente. Por outro, devemos ter a sensibilidade de propiciar condições pedagógicas que criem espaços para que a relação da criança com a natureza se desenvolva dentro da “ludicidade”, de interações férteis e saudáveis, de brincadeiras, linguagens e imaginações muito própria de cada uma delas.

        Em certo sentido, para que a aproximação da criança com esse mundo natural se desenvolva dentro da ludicidade e espontaneidade, é preciso deixarmos que elas próprias criem seus vínculos com esse mundo natural, sem intervenções excessivas , deixando elas perceberem o mundo natural com suas próprias lentes. Como Kuhlmann (1999, p. 57) afirma,  a fase da educação infantil “não é o momento de sistematizar o mundo e apresentá-lo à criança.” Antes de mais nada, “é preciso vivê-lo, proporcionar-lhe experiências ricas e diversificadas.” (Op. Cit. p. 6).

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