O Poder do Crowdfunding e os Seus Benefícios no Cenário Musical Brasileiro.
Por: Felipe Cruz de Oliveira • 6/10/2016 • Artigo • 1.530 Palavras (7 Páginas) • 222 Visualizações
O poder do crowdfunding e os seus benefícios no cenário musical brasileiro.
Chegou devagar, com muitas perguntas e desconfianças, mas com um propósito digno e transparente.
Vem ganhando adeptos e fazendo acontecer muitos projetos, transformando o pequeno espaço que os músicos tinham para se destacar, em um universo cheio de novas esperanças.
O crowdfunding, financiamento coletivo, veio para bater de frente com a burocracia e a mídia de massa do Brasil, que empaca inúmeras ramificações importantes para o país. O crescimento cultural e suas conexões diminuem. Muitos talentos são perdidos por falta de oportunidades, fora a correria sem fim e decepção de muitos deles.
São muitas as perdas.
A força que o crowdfunding deu para os músicos concluírem seus projetos é gigantesca, porque só depende deles mesmos e do povo. Sem politicagem, sem enrolação. A conversa é outra.
Músicos tem a necessidade de disseminar a própria essência e a vontade de, talvez chegar onde poucos chegaram, no ponto de mudar o mundo de outras pessoas. É isso que o crowdfunding oferece.
Esse sonho de viver da energia do talento, é uma paixão angustiada, mixada com uma fé desesperada para muitos deles, porque sabem que é quase impossível se destacar e crescer como músico dependendo dos programas de incentivo público ou do próprio dinheiro.
Mas isso está mudando, e cada vez mais rápido.
Video da banda Capela para promover seu crowdfunding feito pelo Catarse.
Existem várias plataformas que trabalham com o crowdfunding no Brasil, mas a que tem mais se destacado é o Catarse, que já conta com 1,5 mil projetos bem sucedidos, R$ 26 milhões arrecadados e uma média de 180 mil pessoas que já patrocinaram algum projeto.
Não é mais só uma ideia no papel. Já estamos vivendo a realidade desse poder.
A banda Dead Fish consegue mostrar muito bem como isso tem dado certo.
Fez o plano de crowdfunding com a meta de arrecadar R$ 60 mil. Conseguiram fechar com R$ 258.766 mil, um recorde, mais que quadruplicaram o valor pré-requistado. Isso mostra como esse sistema dá certo, tem crescido e vem ajudando toda a frente cultural, principalmente a musical.
Por isso essa ideia tem de tudo pra ser uma revolução no cenário musical brasileiro. Muita gente se desafogando por conta dela, histórias que deixaram de ser estórias, que vivificam aquela esperança em quem já tinha jogado a toalha.
São inúmeras as possibilidades e benefícios que essa via trás, mas também são muitas as barreiras no Brasil que ainda precisam ser atravessadas.
“Visto que vivemos há anos num contexto em que as grandes gravadoras não investem mais em música alternativa, os pequenos selos não possuem capital de investimento e a captação via recursos públicos passa por processos pesados que muitas vezes acabam podando o artista.” (Cuscobaxo - banda independente que tenta, pelo catarse, o financiamento coletivo para seu primeiro cd)
A lei Rouanet é conhecida nesse meio artístico, e vem se aperfeiçoando desde que foi criada em 1991, mas tem tampado o sol com a peneira. Tem feito o que se espera de uma lei que arrecada dinheiro aqui no Brasil, infelizmente.
Tinha tudo pra ser um modo incrível de ajudar todo o contexto cultural do país, mas isso não tem acontecido.
Ela funciona assim: Os seus pilares são a divulgação, proteção e valorização dos projetos culturais nacionais.
Se destaca pela junção do governo com o povo. Empresas (pessoa jurídica) e cidadãos (pessoa física) podem investir uma parte do seu IR (imposto de renda) em ações culturais.
Mesmo só permitindo 6% do IR para cidadãos e 4% do IR para empresas, conseguiu arrecadar em 2008 R$ 1 bilhão, segundo o Ministério da Cultura.
O propósito inicial era incentivar empresas e cidadãos a investir em projetos culturais, fazendo isso viriam os incentivos fiscais, e assim, a iniciativa privada se sentiria estimulada a fazer o mesmo, já que valorizaria, além da cultura nacional, sua marca perante ao público.
Porém, não é exatamente assim que funciona. O governo começou a deixar que as próprias empresas decidissem para aonde iria o dinheiro. Isso, mais cedo ou mais tarde, acaba levando ao benefício próprio, fora a desconfiança do famoso desvio de verba pública que existe por aqui, ainda mas em um recurso para cultura. Sem esquecer que além de tudo isso existe uma burocracia quase impenetrável.
Ai fica difícil!
Quem perde com isso são os amantes da música! São milhares de estilos musicais, milhares de talentos mudos e acorrentados a uma burocracia pesada e a uma mídia de massa que só se preocupa em lucrar.
Fica um pouco pior se olhar mais de perto, porque também existem músicos que acabam se vendendo e perdem suas principais características para gravadoras e patrocinadores que só pensam em dinheiro e seguem a cultura de massa. Se perde muito com toda essa bagunça.
“Um bom histórico na carreira ainda não é suficiente para que um músico que atua pelo valor artístico que emana de sua criação, consiga se estabelecer no cenário musical a um ponto em que economicamente a sua arte lhe traga mais independência.” (Aleh - músico independente que também tenta financiamento coletivo pelo catarse)
E é ai que entra essa poderosa arma: o crowdfunding!
Ele serve de escada para muitos desses músicos, que utilizam o dinheiro arrecadado pelos patrocinadores (que pode ser qualquer pessoa) para fazer ou apenas concluir o seu projeto.
Muitas bandas e músicos a anos batalhando, gastando seu próprio dinheiro, investindo em shows e divulgação, e só agora com essa força estão conseguindo produzir o seu primeiro CD, por exemplo. Isso é estonteante.
É incrível ver fãs, gente comum ajudando a realizar o sonho desses músicos. Até algumas empresas que pensam mais no próprio umbigo se interessam em ajudar, porque por meio da doação que fazem, tem a opção de divulgar a sua marca através dos músicos, e isso com certeza as interessa.
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