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O SERVIÇO SOCIAL NO PROCESSO DE REPRODUÇÃO DAS RELAÇÕES SOCIAIS

Por:   •  23/1/2019  •  Artigo  •  2.641 Palavras (11 Páginas)  •  345 Visualizações

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Referência bibliográfica: CARVALHO, Raul de & IAMAMOTO, Marilda Vilela. Relações Sociais e Serviço Social no Brasil  - esboço de uma interpretação histórico-metodológica. 1ª parte. SP: Cortez,1988. pp. 71 a 123) .

CAPÍTULO II – O SERVIÇO SOCIAL NO PROCESSO DE REPRODUÇÃO DAS RELAÇÕES SOCIAIS

  1. A PERSPECTIVA DE ANÁLISE
  • o objeto de estudo da autora é a profissão de Serviço Social, buscando captar o significado social da profissão na sociedade capitalista, situando-a como elemento  de participação da reprodução das relações de classe e da contradição inerente à sociedade capitalista;
  • a autora pretende ( e consegue) compreender a profissão historicamente como um tipo de especialização do trabalho coletivo na divisão social e técnica do trabalho. No mesmo veio de análise busca também apreender as implicações sociais que a prática do profissional acarreta na sociedade burguesa.
  • IAMAMOTO cria com seu trabalho de pesquisa hipóteses e diretrizes de trabalho sobre a gênese e a afirmação (consolidação) do Serviço Social no Brasil, para que eixos sejam estabelecidos, permitindo uma caracterização da participação do Serviço Social no processo de reprodução das relações sociais n a ótica do trabalho no capitalismo organizado e maduro.
  • Partindo dessa análise reafirma que a reprodução das relações sociais não se limita à reprodução da força de trabalho e dos meios de produção. A reprodução abarca-os, também, como elementos substanciais do processo de trabalho, mas os ultrapassa. Leva em consideração não apenas a reprodução no sentido “latu”, mas a reprodução das forças produtivas, das relações de produção na sua globalidade e a reprodução da produção espiritual.
  • A conclusão parcial é a de que a reprodução das relações sociais é a reprodução da totalidade do processo social que está em movimento e em permanente estruturação.
  • A profissão de Serviço Social possui dois ângulos indissociáveis:
  1. o da realidade vivida e representada na e pela consciência de seus agentes profissionais, expressa pelo discurso teórico-ideológico sobre o exercício profissional;
  2. a atuação profissional como atividade socialmente determinada pelas circunstâncias sociais objetivas que dão uma direção social prática profissional, o que condiciona e mesmo ultrapassa a vontade e/ou consciência de seus agentes individuais.
  • há uma contradição entre a unidade das duas dimensões, pois está presente uma defasagem entre as intenções demonstradas no discurso que reafirma esse fazer e o próprio exercício do fazer;
  • a reflexão que se busca atualmente no Serviço Social não se identifica com a tese unilateral que visa aumentar o caráter conservador da profissão apoiando o poder vigente. Não significa também, assumir a tese divulgada pelo Movimento de Reconceituação, sustentada na dimensão transformadora e/ou revolucionária da atividade profissional e, conseqüentemente, da sociedade burguesa;
  • por isso, a análise da profissão não se restringe à afirmativa que aponta o Serviço Social como um dos instrumentos a serviço de um poder monolítico. Por outro lado, o voluntarismo quando considera o assistente social como “agente de transformação”, não reconhece e nem demonstra o verdadeiro caráter da prática profissional na sociedade. Quando superestimamos a eficácia política da atividade profissional, subestimamos o lugar das organizações da sociedade enquanto sujeitos da história; e ainda demonstramos um desconhecimento do mercado de trabalho;
  • o que caracteriza o exercício profissional do assistente social em dada época são as materializações da dinâmica das relações sociais vigentes. Dessa forma, o agir do assistente social é polarizado pelos interesses da burguesia e do proletariado, tendendo a ser cooptado  pela classe que detém o poder. Esta profissão ainda reproduz interesses contrapostos que convivem em tensão;
  • assim, são dadas respostas às demandas impostas pelo capital e pelo trabalhador sendo  que o fortalecimento de um pólo ou outro se dá pela mediação do seu oposto. É a partir da compreensão de que o assistente social desenvolve seu trabalho via mediação que é possível criar estratégias profissionais e políticas para fortalecer o capital ou o trabalho pois as classes só existem inter-relacionadas;
  • Essa análise está voltada para reconstruir a profissão considerando as relações sociais nas quais seus personagens são vistos além de suas meras individualidades. Os personagens sociais que exercem sua prática profissional são considerados como seres sociais e particulares e, por isso, os seus modos de ver o mundo estão impregnados pela posição que ocupam no processo de produção e no jogo do poder;
  • Nesse contexto, tanto quem contrata, como quem usufrui dos serviços desenvolvidos pelo assistente social pode ser apreendido como representante dos interesses de classes.
  1. A INTERVENÇÃO DO AGENTE PROFISSIONAL NAS RELAÇÕES SOCIAIS
  • para compreendermos a profissão partiremos do pressuposto que é preciso inserir o Serviço Social no conjunto de condições e relações socais que lhe dão significado;
  • o Serviço Social nasce e se desenvolve junto com o crescimento do capitalismo industrial e a expansão urbana. Nesse contexto verifica-se que o capital industrial e financeiro se torna hegemônico, ocasionando o avanço da questão social, sendo que estas justificaram  o aparecimento da profissão;
  • a questão social é expressão do desenvolvimento da classe operária e do seu ingresso no cenário político, exigindo seu reconhecimento como classe por parte do empresário e do Estado. É desta maneira que a classe operária passa a exigir outros tipos de intervenção que vão além da caridade e da filantropia. O Estado se vê, então, pressionado e acaba criando não só uma regulamentação jurídica para o mercado de trabalho, mas passa a gerir a organização e prestação de serviços sociais visando enfrentar a questão social;
  • a título de esclarecimento, quando há referências sobre a classe trabalhadora, temos que considerar os que estão  inseridos  no mercado e os que pertencem  ao exército industrial de reserva;  
  • percebe-se que, quanto mais há o desenvolvimento das forças produtivas, da divisão do trabalho e sua potencialização, modificam-se as formas de exploração da força de trabalho. Modifica-se, também, as posições das diversas frações da classe dominante e suas formas de enfrentar a questão social quando os interesses de grupos econômicos específicos entram em cena;
  •  a questão social se apresenta com duas faces inseparáveis:

1ª) se configura pela situação objetiva da classe trabalhadora em decorrência das alterações no modo de produzir e de apropriar o trabalho na defesa de seus interesses de classe e na busca de satisfazer suas necessidades básicas;

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