O peso físico e simbólico da Ditadura Civil-Militar de 1964
Resenha: O peso físico e simbólico da Ditadura Civil-Militar de 1964. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: marcusandresf • 26/2/2015 • Resenha • 688 Palavras (3 Páginas) • 282 Visualizações
O peso corpóreo e simbólico da Ditadura Civil-Militar de 1964, carregamos ainda hoje, sejam nos resquícios que permanecem arraigados em nossas instituições, consubstanciada na criminalização e perseguição a movimentos sociais, militarização da polícia e da política de segurança pública, concentração dos meios de comunicação, etc, seja pelo processo inconcluso de justiça transicional a que somos reféns, que forjou uma autoanistia aos militares que cometeram crimes de lesa-humanidade.
Para além das questões relativas à consolidação da democracia pós-Ditadura, um aspecto que merece especial preocupação diz respeito à localização dos desaparecidos políticos. Desta forma, este ensaio pretende analisar, em uma acepção histórica e jurídico-social, a representação do preso político desaparecido pela Ditadura Civil-Militar (1964-1985) na sociedade brasileira após a redemocratização.
A Comissão Nacional da Verdade (CNV), instalada, somente após a condenação do Estado brasileiro na Corte Interamericana de Direitos Humanos, vinte e sete anos após o fim do regime ditatorial, atualizou a listagem oficial de vítimas da ditadura para 434 mortos e desaparecidos políticos, e, identificou e mapeou, em todo o país, cerca de 230 instituições e locais associados a graves violações de direitos humanos.
Deste número, cerca de 140 pessoas estão sem paradeiro definido, vítimas de sequestros forçados, crime permanente, perpetrado por um Estado que sistematizou o terror como política de enfrentamento ao inimigo interno.
Os anos da ditadura Médici foram o máximo do terror de Estado já vivido no país. Hoje em dia, a juventude pós redemocratização não tem a menor noção do que foram esses anos.
O terror é um rapaz de 22 anos não ter projeto para os próximos 5 anos, porque os seus amigos e conhecidos estão sendo mortos e caçados, porque as pessoas mais altas na sua afeição caíram na clandestinidade, e ninguém sabe se morreram ou se já estão sendo torturados, e abriram o seu nome sob tortura. Ora cinco anos... você não se projetava nem um ano mais de vida. Você poderia ser o próximo. O terror era também o terror da neurose, era andar pelas ruas decorando placas de carros, para ver se se repetiam mais adiante, ou se batiam com placas anotadas por outros companheiros, de veículos que sequestravam militantes. O terror, ainda, era extrair dentes sem anestesia no dentista, para se acostumar à dor quando fosse preso. Eram tantas formas de terror, que lembradas hoje chegam às raias do cômico. Mas o cômico era trágico, real e doía muito, até a degradação humana. (SOLEDAD BARRETT..)
O sociólogo argentino Atílio Borón aponta com precisão que “a tortura não só degrada e destrói a humanidade de quem a sofre, como também degrada e destrói o regime que ordena sua execução ou justifica e consente com sua prática”.
Mas onde estão essas pessoas? Seus corpos, suas ossadas?
“Perdi várias coisas em Buenos Aires. Pela pressa ou por azar, ninguém sabe onde foram parar. Saí com um pouco de roupa e um punhado de papéis. Não me queixo. Com tantas pessoas perdidas, chorar pelas coisas seria desrespeitar a dor;”
Com esta epígrafe, Eduardo Galeano encena o cotidiano de inúmeros militante político, que
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