O tom da composicao
Por: Júlia Sobreira • 6/1/2016 • Resenha • 277 Palavras (2 Páginas) • 193 Visualizações
O tom da composição
A composição de algo requer uma entrega total, ela suga a alma do compositor e a partir do momento em que a obra vai surgindo, ambos entrelaçam-se; os dois começam a dançar, a girar, rodopiar, até que se fundem em um só corpo, tomando forma e nitidez.
Trata-se, talvez, de um jogo de sedução, repleto de impulsos, de gracejos, junto a uma voz que fala mais alto. Fala para depois pensar. Imersos nessa aquarela, um dos dois começa a pesar mais, distanciando-se do pretenso equilíbrio.
Assim sendo, o conquistador pausa, mede as palavras, controla as suas exclamações, cede um pouco e, assim, reata e reconquista a sua composição. Previsível? Possível? Pode ser que não. Pode ser que esse desfecho não seja mais possível. A relação desgastada, a folha muito amassada...
Foi-se a ilusão, não há como continuar. A sintonia já foi perdida e o melhor a fazer é recomeçar: em branco, sem marcas de palavras rabiscadas, sem sobrepor ideias. Apenas recomeçar.
A partir daí o caminho é o mesmo: frio na barriga, ansiedade, impulsos, delirios amargos, docuras, desencontros, reencontros... Pronto! O sucesso na (re)conquista, no (re)começo fora alcançado. Agora já há confiança, pureza, todas as músicas no mesmo tom, o ritmo certo.
Desta forma, tudo passa a fluir de simples e delicadamente, um encontro de dois. Vão dançando sem esforço algum; Envolvendo-se sem pressa, tudo em seu tempo, até formarem um, até compartilharem da mesma inspiração. Obra e autor, conquistador e sua musa, compositor e composição, eles vêm vagando unidos, andando a dois pés e, aos poucos, ganhando forma. Deixaram de ser ideia e se concretizaram.
Júlia Sobreira dos Santos.
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