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Obesidade Morbida

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Por:   •  26/11/2014  •  2.074 Palavras (9 Páginas)  •  480 Visualizações

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. INTRODUÇÃO

A Obesidade mórbida ocorre quando o peso de uma pessoa ultrapassa o valor 40 no índice de massa corporal - (IMC). De acordo com o "National Institutes of Health (NIH)" - Instituto Nacional de Saúde dos Estados Unidos, um aumento de 20% ou mais acima de seu peso corporal ideal significa que o excesso de peso tornou-se um risco para a saúde, com o aparecimento de doenças agravantes, como cardiopatias, hipertensão e diabetes melittus.

A obesidade mórbida é uma patologia grave, qualificada como uma doença crônica multifatorial, ou seja, dura por longos períodos e está relacionada a vários fatores, tais como predisposição genética, desordens glandulares ou gastrintestinais, alterações nervosas e psicológicas, erros alimentares (comer em excesso, consumo elevado de açúcares e gorduras, mastigação rápida) e falta de exercícios físicos. Além de lidar com as complicações de saúde, os obesos mórbidos estão rotineiramente sujeitos a outros problemas sociais, seja a discriminação, a dificuldade para encontrar roupas com tamanho apropriado, dificuldades para realizar atividades básicas (sentar numa cadeira, passar em roletas de ônibus, amarrar os cadarços dos sapatos, fazer a própria higiene pessoal, manter relações afetivas e sexuais, trabalhar.), essa situação de extrema dependência, morbidade e às vezes até impotência, pode desencadear quadros depressivos nos pacientes, agravando ainda mais os problemas pré-existentes.

3. EPIDEMIOLOGIA DA OBESIDADE MORBIDA NO BRASIL.

Ao longo da historia da humanidade, ganho de peso e depósitos exagerados de gordura foram vistos como sinais de saúde e prosperidade. Em tempos de muito trabalho e freqüente falta de alimentos, assegurar uma ingesta energética adequada para manter as necessidades mínimas de sobrevivência foi indispensável para a evolução da espécie humana, durante séculos e séculos de privações e carências calórico-protéicas, onde eram necessários muito trabalho, principalmente físico, para a obtenção e preparo dos alimentos. Hoje, no entanto, como existe facilidade para se obter alimentos, e o padrão de vida está cada vez mais sedentário, as pessoas comem cada vez mais e se movimentam cada vez menos, levando a um superávit calórico e favorecendo a obesidade nas pessoas predispostas geneticamente, tornando-se então numa ameaça que cresce como uma gigantesca onda, que ameaça a saúde dos habitantes da maioria das nações, principalmente as do mundo ocidental.

Atualmente, é um dos mais graves problemas de saúde pública no mundo, e está avançando de forma rápida e progressiva, sem diferenciar raça, sexo, idade ou nível social. Nos últimos anos, a obesidade deixou de ser um mero problema ''estético'' e de ''desleixo'', tratado com despeito por pacientes e profissionais de saúde, para tornar-se uma alarmante e assustadora realidade. Os dados recentemente publicados da atualização 1999 -2000 do NHANES III demonstraram progressão da prevalência de obesidade nos USA, a despeito de todas as campanhas de conscientização sobre os malefícios causados pelo excesso de gordura corporal (2). Na verdade, esta progressão ocorre no mundo todo, inclusive em países de baixa renda.

A obesidade é a forma mais comum de má-nutrição, contribuindo para o surgimento de diversas co-morbidades, decorrentes do excesso de peso corporal, do padrão alimentar inadequado e da resistência insulínica (2,3). Nos Estados Unidos, a prevalência de obesidade (IMC > 30kg/m2 ) em mulheres adultas é de 33,4% e, em homens, 27,5% (1) e no Brasil, segundo dados do inquérito nacional de 1997, a prevalência está em torno de 12,4% para mulheres e 7,0% para homens. Quando inclui-se também os casos de sobrepeso (IMC > 25kg/m2) estes valores elevam-se para 38,5% dos homens e 39% das mulheres (3). Nos EUA, a prevalência de obesidade grau III ou mórbida, como é mais conhecida (IMC >40kg/m2), é estimada em 4,7% (2). No Brasil, estes dados ainda não estão bem definidos, porém estima-se que sejam em torno de 0,5 -1% da população adulta (4). O estudo epidemiológico realizado por Souza et al (5) em Campos RJ, confirma os achados de maior prevalência de obesidade em mulheres, com aumento dos riscos com o avançar da idade, e o conseqüente aumento de patologias associadas. Nesta população, 35% das pessoas avaliadas tinham medida de cintura acima dos níveis considerados normais, o que aumenta de forma significativa os fatores de risco cardiovasculares.

A obesidade na infância e adolescência é também uma grande preocupação em nosso país. Já dispomos de alguns estudos epidemiológicos bem delineados, realizados em diferentes cidades brasileiras, demonstrando que o sobrepeso e a obesidade, em algumas cidades, como Recife, já atingem cerca de 30% das crianças e adolescentes (6). Em Salvador, Souza Leão et al (7) evidenciaram uma prevalência de 15,8% de obesidade em 387 escolares, sendo que esta foi significativamente maior nas escolas particulares (30%) em relação às públicas (8,2%). Já nesta edição do ABE&M, o trabalho de Ramos e Barros Filho (8) demonstrou que, apesar de haver relação direta da obesidade na adolescência com o estado nutricional de seus pais, na população de escolares de Bragança Paulista, a prevalência de obesidade foi de apenas 3,5%, sendo considerada baixa quando comparada a de outras regiões do país.

4. CIRCUNSTÂNCIAS QUE PODEM LEVAR AO QUADRO DE OBESIDADE MÓRBIDA

As possíveis causas relacionadas com a obesidade mórbida devem ser analisadas a partir da infância do paciente. As experiências vividas estão totalmente interligadas com o que o ser humano vai se tornar e refletem no seu comportamento, logo, já podemos observar que essa patologia vai muito além de uma simples alimentação exagerada.

A intervenção biológica na obesidade mórbida é muito importante, porém não tem grandes resultados, pois apesar de regimes terapêuticos proporcionarem perda de peso, logo o paciente volta ao peso anterior, chegando a níveis ainda mais altos, devido ao privilégio que se dá ao tratamento biológico em detrimento do tratamento psicossocial. Uma abordagem terapêutica que contemple os aspectos psicológicos e sociais garante um êxito prolongado do tratamento, contribuindo para a melhoria do bem estar, aceitação da doença e satisfação.

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