Pedagogia Do Oprimido (Paulo Freire)
Artigos Científicos: Pedagogia Do Oprimido (Paulo Freire). Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: andreia1968sioto • 19/3/2014 • 2.591 Palavras (11 Páginas) • 1.637 Visualizações
RESENHA DO LIVRO PEDAGOGIA DO OPRIMIDO
AUTOR :PAULO FREIRE
Paulo Freire é caracterizado com um pensador que se comprometeu, além das idéias, com a própria vida, com a própria existência; na Pedagogia do Oprimido ele nos apresenta sua experiência cativada no exílio durante cinco anos, bem como nos mostra o papel conscientizador da educação numa ação libertadora do próprio "medo da liberdade".Para Paulo Freire vivemos numa sociedade dividida em classes, sendo que os privilégios de uns impedem que a maioria usufrua dos bens produzidos e, coloca como um desses bens produzidos e necessários pata concretizar a vocação necessária do ser mais, a educação, da qual é excluída grande parte da população do Terceiro Mundo.Refere-se então a dois tipos de pedagogia: a pedagogia dos opressores, onde a educação existe como uma prática de dominação e a pedagogia do oprimido que precisa ser realizada para que surja uma educação com prática de liberdade.
O movimento da liberdade deve surgir e partir dos próprios oprimidos, e a pedagogia decorrente será gerada nos homens e não para os homens; vê-se que não é suficiente que o oprimido tenha consciência crítica da opressão, mas, que se disponha a transformar essa realidade, trata-se de um trabalho de conscientização e politização. A violência dos opressores é gerada por uma ordem que se posiciona injustamente sendo resultado de um processo histórico de desumanização.Esta desumanização dá margem ao surgimento da luta pelo direito de cada ser humano, a luta pela liberdade trabalhista, e pela afirmação do homem enquanto indivíduo possuidor destes direitos.
Em relação à definição de oprimidos e opressores pode haver algumas contradições; o que torna os opressores desumanizados é sua violência, e essa violência faz com que os oprimidos tendam a reagir lutando contra quem os oprime, contra quem os fez menos.Essa luta só adquire sentido quando o ser menos, ao buscar sua humanização, não se reconhece opressor devolvendo a quem o oprimiu tal violência.A libertação se dá á medida que o oprimido reconquista sua humanidade em ambos os papéis que possivelmente ocupa o do ser mais e o do ser menos.
Toda a Pedagogia do Oprimido se apresenta como um texto problematizador, que explicita a própria teoria da educação do homem; essa teoria da educação se reflete em generosidade verdadeira e humanista podendo alcançar o objetivo da libertação.Só unindo teoria e prática essa libertação pedagógica será possível, além disto, quando os líderes de uma revolução estabelecem uma relação dialógica, ao contrário de tentar sobrepor-se aos oprimidos querendo mantê-los como quase "coisas", isso se dá efetivamente.A pedagogia que parte de interesses individuais, a pedagogia "humanitarista", que está repleta de opressores que se disfarçam de generosos, essa pedagogia promove e constrói a desumanização.Quando os oprimidos se reconhecem como seus próprios refazedores permanentes é porque foram capazes de alcançar na prática o saber da realidade.Esta presença dos oprimidos na busca de sua libertação mesma é, assim como deve ser, um engajamento, desta forma esta atitude se configura como mais que uma pseudo-participação.
Paulo Freire também estabelece uma diferença crucial quando trata de educação bancária e educação libertadora.A pedagogia dominante é fundamentada em uma concepção bancária de educação (predomina o discurso e a prática, na qual, quem é o sujeito da educação é o educador, sendo os educandos como vasilhas a serem enchidas; o educador deposita "comunicados", que estes, recebem, memorizam e repetem), da qual deriva uma prática totalmente verbalista, dirigida para a transmissão e avaliação de conhecimentos abstratos, numa relação vertical, o saber é dado, fornecido de cima pra baixo, e autoritária, pois manda quem sabe.Na educação bancária o educador é sempre o que sabe, enquanto os educandos serão os que não sabem. A rigidez destas posições nega a educação e o conhecimento como processo de busca; educador é o sujeito do processo enquanto o educando o mero objeto.Desta maneira o educando, em sua passividade, torna-se apenas um objeto receptor numa falsa pressuposição de um mundo harmonioso, no qual não há contradições.
O método freireano não ensina a mera repetição de palavras, mas, a despeito disto, coloca o educando numa posição de poder re-existenciar criticamente as palavras de seu mundo.É a palavra que o homem constrói seu mundo e se diferencia dos animais.Aprender a escrever sua vida é o principal e mais exato sentido da alfabetização, aprender a escrever sua própria vida enquanto autor e testemunha constituindo historicamente sua forma e sua consciência se fazendo reflexivamente responsável pela história.
Enquanto a educação bancária é vista como uma modalidade em que o educador é o único detentor do conhecimento e o educando é vaso vazio a ser preenchido pela sabedoria do mestre, na educação libertadora, ao contrário, há interação entre educando e educador onde o ensino e a aprendizagem partem, ambos, de ambos os lados.Quem ensina aprende e quem aprende ensina simultaneamente. Nesta educação problematizadora proposta por Paulo Freire o conhecimento não é transferido do educador para o educando, mas, a despeito disto, ocorre um compartilhamento de experiências onde se encontram as condições necessárias para a construção de seres críticos, no decorrer do diálogo com o educador, por sua vez, também ser crítico.
Dentro da situação concreta de opressão e oprimidos, a auto-desvalia é uma das características do oprimido, que resulta da introjeção que fazem eles da visão que deles tem os opressores. De tanto ouvirem de si mesmos que são incapazes, indolentes, que não sabem nada, que não podem saber, acabam por se convencer de sua "incapacidade".Quando isto efetivamente ocorre o mundo do oprimido não é visto a partir de uma nova perspectiva que valoriza a verdade das palavras numa mediatização dos sujeitos conhecedores, que, por sua vez, não culminam em sua própria humanização.
O diálogo não é um produto histórico, é a própria historicização, é ele, pois, o movimento constitutivo da consciência que abrindo-se para a infinitude, vence intencionalmente as fronteiras da finitude e, incessantemente, busca reencontrar-se além de si mesmo. Expressar-se expressando o mundo, implica o comunicar-se.Alfabetização não é um jogo de palavras, é a consciência reflexiva da cultura, a reconstrução critica do mundo humano, é toda a pedagogia: aprender a ler é aprender a dizer sua palavra-ação.A teoria contrária, a anti-dialógica, se caracteriza nas
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