Plágio E Adaptações Na Moda Brasileira
Exames: Plágio E Adaptações Na Moda Brasileira. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: joseaneac • 4/3/2015 • 2.087 Palavras (9 Páginas) • 291 Visualizações
PLÁGIO E ADAPTAÇÕES NA MODA BRASILEIRA
PLAGIARISM AND ADJUSTMENTS IN BRAZILIAN FASHION
RESUMO
Este artigo refere-se à pesquisa sobre a cópia e as adaptações na moda nacional, usando como pontos principais três momentos da moda brasileira, sendo eles a Belle Époque, anos 60 e a atualidade. Em cada período são detalhadas as questões de cópia, adaptação e releitura, essa última com foco no plágio existente entre marcas. O artigo inicia com a moda no Brasil sendo trazida pela alta sociedade dos anos 10 e segue usando como ponto principal o estilista Dener e a Casa Canadá, mas ainda sob influência europeia. O último tópico trata sobre o plágio e as coleções inspiradas em outras coleções que causam muita controversa na moda, não só nacional, como mundial.
Palavras-chave: Brasil. Plágio. Moda.
ABSTRACT
This article refers to research on the copy and improvements to the national fashion, using as main points three times in Brazilian fashion, they being the Belle Époque, 60s and today. In each period are detailed issues copying, adaptation and reinterpretation, the latter focusing on existing plagiarism among brands. The article starts with the fashion in Brazil being brought by high society and follows 10 years of using as the main point Dener stylist and House Canada, but still under European influence. The last topic deals with plagiarism and collections inspired by other collections causing much controversy in fashion, not only national, and worldwide.
Key-words: Brazil. Plagiarism. Fashion.
1 INTRODUÇÃO
A moda é criada no meio social, e compartilha de criadores culturais, vendedores, compradores e de um público, que a ajuda criar, avalia, dissemina e recebe esses tipos de cultura. Para Diana Crane em Ensaios sobre moda, arte e globalização, “A criação e a disseminação da moda e da arte podem ser analisadas com o uso de conceitos similares” (CRANE, 2011, p.13).
Para chegarmos ao objeto do atual estudo, plágio e adaptações na moda, torna-se necessário incluir também nesta análise a constante transformação que a globalização dos mercados de produtos culturais impõe à criação cultural.
Assim, para melhor compreensão das criações no Brasil, através deste estudo analisaremos relações e convergências a partir da questão do plágio e da cópia de aspectos culturais europeus nos produtos da indústria de moda brasileira.
2 PLÁGIO E ADAPTAÇÕES DA MODA NO BRASIL
Até o início do século XIX o Brasil se contentava com a exploração predatória de matérias-primas e a exportação da produção agrícola, após este período o país ficou mais suscetível às influências culturais e assim as ideias foram se modificando, mas o que modifica enfaticamente este ambiente é a chegada da família real em 1808 e a consequente abertura dos portos às nações amigas permitindo a entrada de produtos têxteis. Segundo João Braga e Luís André do Prado (2011), a corte portuguesa seguia as definições europeias definidas pelas cortes anualmente. Antes e depois da independência de 1822 essas regras eram rigorosamente seguidas.
No entanto, na França surge a Alta Costura, “nesse sentido, um momento fundamental na estruturação do campo da moda em sua trajetória rumo à autonomia em relação às outras esferas da sociedade.” (BRAGA; PRADO, 2011, p.31).
No Brasil, existiam sindicatos regionais de alfaiates, mas nada comparável a representatividade francesa. A elite burguesa e agrária que emergia no Brasil preferia vestir roupas vindas diretamente da Europa, preferivelmente de Paris. No período da Belle Époque, o Brasil tinha uma indústria embrionária e atrasada em comparação ao mercado europeu, não existia a figura do couturier (costureiro), profissional da moda, sem criação local, o processo de imitação e cópia ficou notória no Brasil.
Foram muitas as transformações nos modos de vestir ocorridas nas duas décadas e meia abrangidas pela Belle Époque, como mostra na figura 1. No topo da hierarquia social brasileira, estava a elite [...]. E a roupa era importada ou cópia do que se vestia lá fora, ainda que muitas vezes em desacordo com o clima e circunstâncias sociais (BRAGA; PRADO, 2011, p.33).
Figura 1 – Fashion Plates.
Fonte: História da moda, 2014.
Na década de 30, devido aos filmes de Hollywood, o Brasil começa a sofrer influência norte-americana. Ocorre então um dos exemplos mais marcantes das cópias, as mulheres brasileiras passam a usar peles, como de raposas, contrariando a lógica do clima. Para conservar suas peles, pagavam mensalidade, para mante-las refrigeradas (SEIXAS, 2009, p.7).
Em Rio de Janeiro haviam casas que trabalhavam a importação e cópia/adaptação da moda francesa, a principal delas era a Casa Canadá, grande centro de moda do Brasil, conhecida como o espelho do glamour e do luxo, parâmetro de sofisticação e de requinte, sob a direção de D. Mena Fiala.
Segundo Braga e Prado (2011, p. 157),
Por meio da copiagem, essas casas se esquivavam de produzir uma moda própria, em parte por não dispor de Know-how para tanto, mas também (e principalmente!) porque suas clientes não desejavam consumir moda criada no Brasil.
Porém de acordo com Braga e Prado, o mero ato de copiar proporcionou a aquisição de Know-how e permitia às costureiras locais treinar e aprender. A cópia era um fato naturalizado e até aconselhado por revistas, que traziam junto às ilustrações os moldes para a confecção de modelos.
De acordo com D. Mena (1956), “... inspirar-se na França ou na Itália não quer dizer que não se tenha espírito criador. Sábios, cientistas, artistas e literatos não buscam sabedoria nos quatro cantos do mundo?...”.
Em 1960, o estilista Dener Pamplona de Abreu, conhecido como o criador da alta costura brasileira, começa chamar atenção das elites e da imprensa com modelos que ousavam apresentar personalidade própria (figura 2), mesmo à moda ainda sendo influenciada por tendências estrangeiras (AVELAR, 2009, p.108).
Figura 2 – Croquis de criação de Dener, que pertence ao acervo da Faculdade Belas Artes.
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