Pobreza, fome e isolamento social
Tese: Pobreza, fome e isolamento social. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: MAPL • 7/10/2014 • Tese • 1.867 Palavras (8 Páginas) • 373 Visualizações
Pobreza, fome e exclusão social
Os 50 anos de Guerra Fria protagonizaram, aos olhos do mundo, uma das maiores farsas do Século. Os dois blocos em confronto procuravam mostrar prosperidade, fartura e bem-estar social sob seus regimes, escondendo nas sombras a realidade dura e cruel da degradação humana que se alastrava solerte e implacável: a fome e a miséria.
O espectro da pobreza em todo o mundo é aterrador. Em março de 1995, durante a Cúpula Mundial sobre o Desenvolvimento Social, realizada em Copenhague, foram divulgados alguns dados sobre a pobreza, a fome e outras realidades da humanidade. Esses dados impressionam:
- a expectativa de vida é de 76 anos nos países desenvolvidos e 53 nos demais, e até 42 anos em Uganda;
- as taxas de mortalidade materna são de 11 mortes por 100 mil partos nos países desenvolvidos e 112 nos demais;
- a taxa de mortalidade infantil nos países desenvolvidos é de 7 por mil nascidos vivos e 112 nos demais;
- crianças desnutridas com idades abaixo de 5 anos: 192,5 milhões, sendo, em média, uma de cada três regiões subdesenvolvidas (uma de cada quatro na África; duas em cada cinco na Ásia e uma em cada dez na América Latina);
- peso ao nascer: 20% dos nascidos nos países subdesenvolvidos pesam menos de 2,5 quilos;
- condições das mães: 56% das grávidas sofrem de anemia nos países subdesenvolvidos; 7% das grávidas sofrem de anemia profunda nos países do Sudeste Asiático. As cifras de mortalidade materna nos países subdesenvolvidos são 100 vezes mais elevadas que as dos países industrializados;
- cerca de 100 milhões de crianças e adolescentes vivem nas ruas das grandes cidades;
- cerca de 25% das meninas dos países subdesenvolvidos apresenta insuficiências de iodo, principal causa dos atrasos mentais.
Em grande número de países as taxas de suicídios sofrem uma profunda e dramática progressão desde os anos 50. Em alguns países essas taxas duplicaram e até mesmo triplicaram. Grande proporção de suicídios prevalece entre os infectados pelo vírus HIV, sem distinção de sexo.
Agregue-se a essas cifras catastróficas 800 milhões de desempregados ou subempregados em todo o mundo, cuja parte mais atrasada e subdesenvolvida tem uma gigantesca dívida de US$ 1,5 trilhão com os países ricos.
Um relógio atômico instalado nas dependências onde foi realizada a Conferência de Cúpula Mundial pelo Desenvolvimento, à vista de 120 chefes de Estado ou de governo presentes, entre os dias 3 e 12 de março de 1995, registrou o nascimento de 598.070 crianças pobres, ou seja, o Relógio da Pobreza registrou o nascimento de 47 bebês por minuto ou 67.680 por dia.
Dentro dessa realidade é que foi realizada a Cúpula de Copenhague.
Ao final da Conferência foram firmados vários compromissos numa Declaração contra a Pobreza, assinada por 184 países, que previa:
- erradicar a pobreza no mundo através de ações decisivas no âmbito nacional e da cooperação internacional;
- promover o pleno emprego como prioridade básica da política econômica e social;
- promover o pleno respeito à dignidade humana, igualdade e equidade entre homens e mulheres;
- promover a integração social através das sociedades baseada na promoção e proteção de todos os direitos humanos;
- reconhecer o papel fundamental da educação e da formação, da saúde e da cultura, no desenvolvimento social;
- acelerar o desenvolvimento econômico e social dos recursos humanos da África e dos países mais pobres;
- garantir que quando forem feitos ajustes de caráter estrutural, sejam incluídos objetivos de desenvolvimento social, especialmente no que concerne à erradicação da pobreza, à promoção do emprego pleno e produtivo e ao incentivo à integração social;
- aumentar significativamente e utilizar mais eficazmente os recursos destinados ao desenvolvimento social para atingir os objetivos da Conferência de Cúpula, através da ação e da cooperação regional e internacional;
- melhorar e fortalecer a cooperação internacional e regional para o desenvolvimento social, com espírito associativo, através da ONU e de outras instituições multilaterais.
Interpretando o pensamento de muitos chefes de Estado e de governo presentes, ao final da reunião, o então presidente da França, François Mitterrand, deixou uma pergunta que viria a se transformar em uma profecia: “Para que servirá a Cúpula, se depois das palavras não chegarão os atos?”
Prosseguindo nas reuniões, encontros, comemorações e cúpulas, em 17 de outubro de 1995, quando dos atos realizados por ocasião do Dia Mundial contra a Miséria, instituído em 1992 pela ONU, era divulgado que 1 bilhão e 300 milhões de pessoas viviam na pobreza extrema. Desse número, 700 milhões sofriam de desnutrição e 900 milhões nunca haviam ido à escola.
Embora nos últimos 50 anos as riquezas do Planeta tenham sido multiplicadas por 7, elas nunca estiveram tão mal distribuídas, pois 20% da população mundial detém 82,7% da riqueza do mundo, enquanto os 20% mais pobres vivem mergulhados na miséria, tentando sobreviver com menos de US$ 1 diário, e 60% da população mundial com menos de US$ 2.
O Norte, onde vive a quarta parte da população global, consome 70% da energia mundial; 75% dos metais; 85% da madeira e 60% dos alimentos. Em todo o mundo 1,3 bilhão de pessoas não têm acesso à água potável e 880 milhões de adultos são analfabetos. Um número estimado entre 13 milhões e 18 milhões de pessoas, principalmente crianças, morrem de fome a cada ano. Isso significa 40 mil pessoas por dia!
Esses números caracterizam que há algo de errado no mundo.
Somente o continente africano conta com mais de 500 milhões de miseráveis e também nas sociedades altamente industrializadas, que compõem o chamado Grupo dos Sete, vem sendo registrado o empobrecimento progressivo de um setor da população em face do aumento do desemprego, que hoje afeta uma em cada dez pessoas.
Em fevereiro de 1997, a OCDE-Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico divulgou os seguintes números sobre o desemprego, em %, que atinge a população economicamente ativa nos países que integram esse organismo:
Alemanha – 12,2; Suíça – 5,7; Espanha – 22,3;
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