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Globalização e isolamento social

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Por:   •  26/5/2014  •  Projeto de pesquisa  •  9.187 Palavras (37 Páginas)  •  266 Visualizações

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POLÍTICAS SOCIAIS DE INCLUSÃO

2 MARCO TEÓRICO

2.1 Globalização e Exclusão Social

O que é globalização? O que é exclusão social? De que modos e em que contextos se aproximam e se relacionam globalização e exclusão social? Ou ainda: o que possuem em comum globalização e exclusão social? Seria a exclusão social uma conseqüência direta do fenômeno da globalização? Isto é, seria a globalização responsável pelo subdesenvolvimento? Ora, este é precisamente o objetivo deste capítulo, a saber: uma breve análise da relação idiossincrática que aproxima globalização e exclusão social. Tendo este propósito em vista, primeiramente, direcionaremos os holofotes de nossa atenção para o pano de fundo histórico no qual irrompe o fenômeno da globalização – o que nos possibilitará precisar sua origem e os estágios de seu desenvolvimento. Posteriormente, uma vez estabelecido o contexto histórico no qual teve origem o fenômeno da globalização, procuraremos definir globalização recorrendo às principais teorias da globalização atualmente vigentes, já com vista nas vantagens e desvantagens advindas do fenômeno em questão. Ulteriormente, após definirmos exclusão social e suas principais ranhuras na face da sociedade contemporânea, procuraremos estabelecer os pontos de intersecção existentes entre ambos os fenômenos – globalização e exclusão social – com a finalidade de circunscrever suas relações comuns no escopo da sociedade hodierna.

2.1.1 Globalização: gênese e desenvolvimento

A idéia de que o planeta tornou-se mundo e este, por assim dizer, uma “aldeia global” suscita nas pessoas diferentes sentimentos: surpresa, encantamento, medo. Tais sentimentos advêm da impressão de que os modos de ser, pensar, agir e sentir foram drasticamente rompidos e alterados. Ainda que com características distintas, o impacto trazido pelo fenômeno global se assemelha

[...] com as drásticas rupturas epistemológicas representadas pela descoberta de que a Terra não é mais o centro do universo conforme Copérnico, de que o homem não é mais filho de Deus segundo Darwin, de que o indivíduo é um labirinto povoado de inconsciente de acordo com Freud (Ianni, 2003, p. 14).

Como se pode depreender do que foi dito no parágrafo acima, assim como as idéias difundidas por Copérnico, Darwin e Freud, também a globalização é um fenômeno que está presente não apenas no imaginário das pessoas, isto é, no pensamento, mas também na realidade. O modo como este fenômeno se delineia em nosso hodierno é a maneira como se desenha o novo mapa do mundo, seja na realidade, seja no pensamento. Por esta e outras razões, prefaceia Ianni (2003, p. ix),

Já são muitas as teorias empenhadas em esclarecer as condições e os significados da globalização. Umas são um tanto tímidas, ao passo que outras, bastante audaciosas; algumas vezes desconhecem-se mutuamente, noutras, influenciam-se. Mas todas abrem perspectivas para o esclarecimento das configurações e movimentos da sociedade global.

Entre outras coisas, isto significa que uma leitura atenta do fenômeno da globalização, seja de cunho histórico, teórico ou metodológico, possibilita a compreensão das configurações e movimentos da sociedade contemporânea. Dito de outra maneira, a globalização mostra-se como uma importante ferramenta heurística para a compreensão das condições sobre as quais se funda a sociedade global, bem como descortinar os novos desafios que lhe são impostos. Em suma, ainda segundo Ianni (2003, p. ix), presta-se à abertura de “[...] novas perspectivas para a interpretação do presente, a releitura do passado e a imaginação do futuro.”

Antes, porém, de discorrermos sobre o significado do fenômeno global e suas inúmeras nuances no escopo da sociedade contemporânea, redirecionaremos o foco de nossa atenção para o background histórico no qual a globalização irrompeu com maior proeminência. Dito de outra maneira, a indagação com a qual nos ocuparemos agora é a seguinte: em que momento teve início o fenômeno da globalização?

2.1.1.1 Globalização: precedentes históricos

Não é rara entre os estudiosos a afirmação de que a globalização encontra seus precedentes históricos mais remotos no início da Idade Moderna, mais precisamente no século XV. Como é sabido, segundo historiadores, foi no século XV que teve início o processo de expansão do capitalismo, fenômeno este que passou a ser conhecido como a época dos descobrimentos, do mercantilismo ou como o período das grandes navegações.

Ainda menos incomum é a afirmação de que este período corresponde à primeira etapa da globalização planetária (Almeida, 2008). Nesta etapa,

[...] os príncipes conquistadores e os comerciantes europeus deitavam velas em todas as direções dos mares para incorporar novos territórios a seus domínios próprios e novos mercados provedores ou consumidores das mercadorias então valorizadas (Almeida, 2008, p. 02).

Como pode-se perceber claramente, esta etapa da globalização confunde-se com o regime colonialista. Em sua jornada expansionista, as nações e seus líderes obedeciam a uma ordem econômica fragmentada, já que, conforme complementa Almeida (2008, p. 02), “[...] colocada sob o domínio do ‘exclusivo colonial’ e dos regimes fechados entre si, com escassa complementaridade produtiva entre impérios concorrentes, quando não inimigos.”

Além disso, no que tange à relação entre metrópole e colônia, salvo raras exceções, o objetivo unilateral da primeira consistia em explorar a colônia, o que significava extrair o máximo possível de recursos mediante trabalho escravo e/ou servil. Este ponto de vista é compartilhado por Almeida ao afirmar:

Está claro que o regime da “globalização colonizadora” não se organizava para promover o desenvolvimento econômico e social das novas “terras de promissão” assim incorporadas aos circuitos mercantis do primeiro capitalismo, e nem poderia ser de outro modo: o objetivo era mesmo o de, com base no trabalho servil, “extrair” recursos ou instalar centros produtores para atender a mercados que existiam tão somente nos centros consumidores já constituídos (Almeida, 2008, p. 03).

Como seria de esperar, uma das conseqüências mais marcantes desse tipo de globalização de exploração diz respeito à escassa ou inexistente incorporação de técnicas “modernas” e quase nenhum desenvolvimento institucional e

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