Política nacional de humanização atenção e gestão da saúde
Seminário: Política nacional de humanização atenção e gestão da saúde. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: ellcy • 11/6/2014 • Seminário • 5.114 Palavras (21 Páginas) • 289 Visualizações
Acompanhamos o debate em torno do tema da humanização no campo da saúde,
impulsionado recentemente pela construção da Política Nacional de Humanização da
atenção e da gestão na saúde (PNH), com a qual estivemos implicados em 2003 e 2004
na posição de integrantes da equipe da Secretaria Executiva (SE) do Ministério da Saúde
(MS).
Ainda que timidamente, este tema se anuncia desde a XI Conferência Nacional de
Saúde, CNS (2000), que tinha como título “Acesso, qualidade e humanização na atenção
à saúde com controle social”, procurando interferir nas agendas das políticas públicas de
saúde. De 2000 a 2002, o Programa Nacional de Humanização da Atenção Hospitalar
(PNHAH) iniciou ações em hospitais com o intuito de criar comitês de humanização
voltados para a melhoria na qualidade da atenção ao usuário e, mais tarde, ao
trabalhador. Tais iniciativas encontravam um cenário ambíguo em que a humanização era
reivindicada pelos usuários e alguns trabalhadores e, no mínimo, secundarizada (quando
não banalizada) pela maioria dos gestores e dos profissionais. Os discursos apontavam
SÍLVIA MECOZZI, Anêmona V, 2002
para a urgência de se encontrar outras respostas à crise da saúde, identificada por
muitos como falência do modelo SUS. A fala era de esgotamento. De fato, cada posição
neste debate se sustenta com as suas razões. Por um lado, os usuários por
reivindicarem o que é de direito: atenção com acolhimento e de modo resolutivo; os
profissionais, por lutarem por melhores condições de trabalho. Por outro lado, os críticos
às propostas humanizantes no campo da saúde denunciavam que as iniciativas em
curso se reduziam, grande parte das vezes, a alterações que não chegavam efetivamente
a colocar em questão os modelos de atenção e de gestão instituídos. Vale destacar que
entre os anos 1999 e 2002, além do PNHAH, algumas outras ações e Programas foram
propostos pelo Ministério da Saúde voltados para o que também ali ia se definindo como
Professora, Departamento de Psicologia, Universidade Federal Fluminense, Niterói, RJ; coordenadora da Política Nacional de
1
Humanização do Ministério da Saúde de jan. 2003 a jan. 2005. <rebenevi@terra.com.br>
Professor, Departamento de Psicologia, Universidade Federal Fluminense, Niterói, RJ; consultor da Política Nacional de Humanização do
2
Ministério da Saúde de jul. 2003 a fev. 2005. <e.passos@superig.com.br>
1
Departamento de Psicologia/UFF
Campus do Gragoatá, bloco O, 2o andar
Gragoatá - Niterói, RJ
24.000-000
Interface - Comunic, Saúde, Educ, v.9, n.17, p.389-406, mar/ago 2005 389
DEBATES
campo da humanização contornado pelo debate sobre busca da qualidade na atenção ao
usuário. Apenas para citar alguns, destacamos a instauração do procedimento de Carta
ao Usuário (1999), Programa Nacional de Avaliação dos Serviços Hospitalares – PNASH
(1999); Programa de Acreditação Hospitalar (2001); Programa Centros Colaboradores
para a Qualidade e Assistência Hospitalar (2000); Programa de Modernização Gerencial
dos Grandes Estabelecimentos de Saúde (1999); Programa de Humanização no Pré-
Natal e Nascimento (2000); Norma de Atenção Humanizada de Recém-Nascido de Baixo
Peso – Método Canguru (2000), dentre outros. Ainda que a palavra humanização não
apareça em todos os Programas e ações e que haja diferentes intenções e focos entre
eles, podemos acompanhar uma tênue relação que vai se estabelecendo entre
humanização-qualidade na atenção-satisfação do usuário.
A humanização, expressa em ações fragmentadas e numa imprecisão e fragilidade do
conceito, vê seus sentidos ligados ao voluntarismo, ao assistencialismo,
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