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Por Que Precisou Reconhecer Legalmente A Libras No Brasil?

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Por:   •  2/5/2014  •  493 Palavras (2 Páginas)  •  1.013 Visualizações

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maioria dos ouvintes desconhece a carga semântica que os termos mudo, surdo-mudo e deficiente auditivo evocam. É facilmente observável que, para muitos ouvintes alheios à discussão sobre a surdez, o uso da palavra surdo pareça imprimir mais preconceito, enquanto o termo deficiente auditivo parece-lhes ser mais politicamente correto.

Eu achava que “deficiente auditivo” era menos ofensivo ou pejorativo do que “surdo”, mas, na convivência com os próprios surdos, fui aprendendo que eles preferem mesmo é que os chamem de surdos e uns ficam ate irritados quando são chamadas de deficientes (GESSER, 2009, p. 45).

Sobre essa questão terminológica, muitos surdos têm a oportunidade de se posicionar nos cursos de LIBRAS que ministram para ouvintes.

Essa historia de dizer que surdo não fala, que é mudo, está errado. Eu sou contra o termo surdo-mudo e deficiente auditivo porque tem preconceito (...). Vocês sabem quem inventou o termo deficiente auditivo? Os médicos! Eu não estou aqui só para vocês aprenderem a LIBRAS, eu estou aqui também para explicar como é a vida do surdo, da cultura, da nossa identidade (GESSER, 2009, p. 45).

O termo surdo-mudo não é correto porque o surdo tem aparelho fonador, e se for treinado ele pode falar. Eu sou surdo, fui oralizado e não ouço nada, mas a minha língua é a de sinais (GESSER, 2009, p. 45).

As declarações acima caminham no trilho que rejeita a ideologia dominante vinculada aos estereótipos que constituem o poder e o saber clínico (LANE, 1992), e mostram outro lado da discussão, o reconhecimento da dimensão política, linguística, social e cultural da surdez, e que a nomeação surdo apropriadamente conota.

A deficiência é uma marca que historicamente não tem pertencido aos surdos. Essa marca sugere autorrepresentações, políticas e objetivos não familiares ao grupo. Quando os surdos discutem sua surdez, usam termos profundamente relacionados com sua língua, seu passado, e sua comunidade (PADDEN & HUMPHRIES, 1988, p. 44).

Pensar tais termos é de suma importância, uma vez que eles têm implicações cruciais para a vida dos surdos (GESSER, 2009). É disso que fala Laborrit (1994), quando diz,

Recuso-me a ser considerada excepcional, deficiente. Não sou. Sou surda. Para mim, a língua de sinais corresponde à minha voz, meus olhos são meus ouvidos. Sinceramente nada me falta, é a sociedade que me torna excepcional (LABORRIT, 1994).

Infelizmente, o povo surdo tem sido encarado em uma perspectiva exclusivamente fisiológica (déficit de audição), dentro de um discurso de normalização e de medicalização, cujas nomeações, como todas as outras, imprimem valores e convenções na forma como o outro é significado e representado. Cabe ressaltar, por outro lado, que não é apenas a escolha acertada de um termo que elimina os preconceitos sociais. Os preconceitos podem estar disfarçados até mesmo nos discursos que dizem assumir a diferença e a diversidade. Mas o deslocamento conceitual é preciso e urgente, e vem ocorrendo, em primeira instancia, na reflexão e problematização dos conceitos de que fazemos uso ao nomear o outro. Afinal, como argumenta Skliar (1997:33) a construção das identidades não depende

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