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A pesquisa sobre a libra no Brasil

Por:   •  23/5/2015  •  Trabalho acadêmico  •  2.425 Palavras (10 Páginas)  •  426 Visualizações

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A Pesquisa sobre as Libras no Brasil 

Introdução:

A surdez, como tópico de estudo, contém vários aspectos. O aspecto fisiológico, por exemplo, foca na deficiência, na perda da capacidade auditiva. O aspecto humanista, por sua vez, centra-se na condição do indivíduo surdo. Essas diferenças refletem até na terminologia usada. As ciências médicas preferem o termo “deficiência auditiva”, enquanto as ciências humanas utilizam o termo “surdez”. Apesar das duas áreas do conhecimento compartilharem o mesmo tema, possuem diferenças substanciais em seus estudos. A surdez, também, possui um caráter social, pois como fenômeno humano, reflete na sociedade. Os estudos sociais sobre a surdez, por sua vez, diferem dos estudos das ciências humanas e médicas. As relações entre os indivíduos surdos e seu meio social revelam características diferentes de outros grupos de indivíduos, com necessidades diferenciadas, entre outros. As múltiplas dimensões da surdez revelam a complexidade do tema, que apresentam estudos em várias áreas do conhecimento. Nesse sentido, a surdez permite uma variedade de tópicos a serem estudados por várias disciplinas, em aspectos fisiológicos, humanos e sociais. Um desses aspectos refere-se à comunicação, pois a surdez profunda requer um tipo de comunicação mais específico. A Libras, forma de expressão dos surdos e institucionalizada por lei, é a principal forma de comunicação dos surdos profundos brasileiros. Segundo Shintaku (2009), o assunto mais estudado nas teses e dissertações, disponíveis na Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçãoe (BDTD)1 , sobre a surdez com ênfase na linguagem é a Libras.

 A Libras:

 É uma língua de sinais, que possui algumas características distintas. Para Ferreira Brito (1995) é uma língua espaço-visual não seqüencial. Assim, possui estrutura de língua, mas com algumas características diferentes das línguas orais. As línguas de sinas apresentam parametros diferentes das orais, tais como configuração de mão ou ponto de contato, mas possuem semelhanças, como léxico e sintaxe. Assim, como as línguas orais, muitas das línguas de sinais possuem semelhanças. A Libras possui características semelhantes à Língua de Sinais Francesa (LSF – Langue dês Signes Française) e à Língua de Sinais Americana (ASL - American Sign Language). Dessa mesma forma, as línguas de sinais Japonesa (JSL ou Shuwa - 手話), língua de sinais coreana (KVK ou Suhwa - 수화) e a língua de sinais taiwanesa (TSL ou shoyu 手話 ) possuem semelhanças. Essas semelhanças, na maioria das vezes, possuem razões históricas. Assim, como as línguas orais, as línguas de sinais podem formar grandes famílias. Muitas línguas de sinais no mundo se desenvolveram a partir de iniciativas relacionadas a outras línguas de sinais. Se no Brasil a Libras teve influência da língua de sinais francesa, por questões relacionadas ao ensino, como apresenta Sabanai (2007), na linha de tempo sobre a Libras, as línguas de sinais da Coréia e Taiwan sofreram influência da Shuwa, japonês, devido ao período em que esses países estiveram sob o domínio japonês, período anterior a segunda grande guerra. A influência pode ser verificada na própria designação da língua. Língua Brasileira de Sinais e Língua de Signos Francesa são muito semelhante. O mesmo podese dizer da JSL, KVK e TSL em que todas possuem o mesmo significado, shu, su e sho significam mão, enquanto wa, hwa e yu significam falar. Ou seja, todas significam falar com as mãos. Ouras semelhanças podem ser verificadas na sintaxe e no léxico. No Brasil verifica-se a ocorrência de duas línguas de sinais utilizadas por surdos. A língua de sinais Urubu-kaapor (LSUK), menos comum, utilizada pelos índios da etnia Urubu-Kaapor e a Libras, mais comum, utilizada pela maioria dos surdos brasileiros. A alta ocorrência de surdos entre os índios da etnia Urubu-Kaapor deu origem a uma língua gestual que difere da Libras, mais utilizada na comunidade surda brasileira em geral, com pequenas diferenças regionais. A língua de sinais dos índios Urubu-kaapor, demonstra uma forma diferenciada da Libras. Enquanto a Libras nasce da influência da LSF, a LSUK é espontânea e possui características mais cultural da etnia Urubu-kaapor. A Libras, por sua vez, evolui de forma plena e ampla como as línguas orais, com o dinamismo, observáveis mais claramente em seu léxico. Contando com empréstimos, estrangeirismos e variações. A Libras, no entanto, foi institucionalizada como forma de expressão dos surdos brasileiros, pela Lei de Libras (BRASIL, 2002). Dessa forma, torna-se a forma oficial que os surdos utilizam para a comunicação. Assegurado por lei, o direito do surdo de ser atendido na forma natural de expressão, ou seja em Libras, em diversos serviços públicos. A implementação da Lei de Libras teve reflexo em vários setores. Na educação, por exemplo, a Libras tornou-se disciplina curricular obrigatória nos cursos de formação de professores para o exercício do magistério, em nível médio e superior, e nos cursos de Fonoaudiologia. Com esse ato, o ensino da Libras na formação de professores tornase obrigatória. Outra iniciativa de relevância foi à criação do curso de graduação letras Libras no decreto de regulamentação da Lei de Libras (BRASIL, 2005). Inicialmente dado pela Universidade de Santa Catarina em formato de Ensino a Distancia (EAD), com pólos em nove estados brasileiros, a saber, universidades federais do Amazonas (Ufam), Ceará (UFCE), Bahia (UFBA), Brasília (UnB), Santa Maria (UFSM), estadual de São Paulo (USP), Instituto Nacional de Educação de Surdos (Ines) e Centro Federal de Educação Tecnológica (Cefet) de Goiânia (GO). Atualmente, outras instituições de ensino superior (IES) implementaram cursos de graduação de Letras Libras com o intuito de formar professores de Libras que atuem no ensino fundamental e médio. Em programas de pós-graduações, como na Universidade de Brasília no programa de pós-graduação em lingüística, é assegurado vagas aos surdos para cursos de mestrado e doutorado.

Biblioteca Digital de Teses e Dissertações:

 A Biblioteca Digital de Teses e Dissertações, doravante BDTD, é um projeto do Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (IBICT) com o propósito de agregar informações sobre teses e dissertações e possibilitar acesso ao texto completo desses documentos. De acesso livre na Intenet, essa iniciativa, permite acesso gratuito de informações sobre teses e dissertações das principais universidades brasileiras, alem de teses e dissertações de brasileiros defendidas no exterior. A BDTD possui características próximas a federações de fontes de informação, mesmo possuindo a denominação de biblioteca digital. Para Duguit (1997), uma biblioteca digital é uma iniciativa que permite a integração de um conjunto de documentos em formato digitais, serviços e pessoas, com o intuito de gerenciar dados, informações e conhecimento na geração, uso e disseminação, além da preservação. Nesse caso, a BDTD não apresenta todas as características de bibliotecas digitais, entretanto, é uma importante fonte de informação. Assim, possui mais características de uma federação de bibliotecas digitais, que agrega informações coletadas automaticamente de outras bibliotecas digitais, mas que não possui controle direto do acervo que gerencia. Como fonte de informação, no entanto, apresenta um grande potencial ao permitir acesso a informações, e ao texto completo, de teses e dissertações de várias instituições de ensino. Nesse caso, possibilitando o acesso a informação e metainformação. Essa última opção, pela BDTD não ser rica em indicadores, necessita de técnicas de levantamento para tabulação das informações. Enfim, a BDTD é uma fonte de informações valiosa, mas também pode ser objeto de estudo, principalmente, sobre seu acervo. Devido a composição multiinstitucional e multitemática, permite ter um panorama geral sobre a produção acadêmica, no que concerne a formação de estudiosos no Brasil.

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