Profissionais Da Educação Infantil: Formação E Construção De Identidades
Monografias: Profissionais Da Educação Infantil: Formação E Construção De Identidades. Pesquise 861.000+ trabalhos acadêmicosPor: anibalfn • 7/10/2013 • 3.438 Palavras (14 Páginas) • 691 Visualizações
Profissionais da Educação Infantil: Formação e Construção de Identidades
INTRODUÇÃO
A educação infantil, recentemente, vem tendo um maior destaque no cenário nacional, caraterizando um momento bastante diferenciado e de razoáveis modificações na área. O aumento no número de pesquisas, e a incorporação da educação infantil ao sistema de ensino são exemplos atuais de um processo de reconhecimento e de construção de uma nova identidade dessa modalidade de prática social que, durante a sua história, assumiu um importante papel no processo de socialização para a subalternidade das classes pobres.
Vários critérios e diferentes eixos temáticos poderiam ser utilizados para a reflexão das transformações pelas quais vem passando a educação infantil que, no geral, são apontadas como bastante positivas e detentoras de uma certa capacidade provocativa de mudanças no sentido da promoção da melhoria do atendimento à criança pequena e às suas famílias.
1 IDENTIDADE PROFISSIONAL: UMA QUESTÃO PARA A EDUCAÇÃO INFANTIL
A formação de uma identidade profissional está associada à formação de uma identidade institucional. Como não poderia deixar de ser, o novo papel que vem sendo construído para a educação infantil traz uma nova visão de criança e também uma nova concepção de profissional.
As expectativas em relação a esse profissional dessa nova creche não são poucas.
A sua formação deve incluir o conhecimento técnico e o desenvolvimento de habilidades para realizar atividades variadas, particularmente expressivas, e para interagir com crianças pequenas. Espera-se que educador seja um mediador eficiente das interações entre as crianças, sendo capaz de organizar ambientes que promovam essas interações, além de trazer sempre um elemento de conhecimento novo. O peso da importância do educador é assumido ao refletir sobre a formulação de propostas pedagógicas que tomem como ponto de partida a criança, alerta-nos o seguinte: não é a criança que precisaria dominar conteúdos disciplinares, mas as pessoas que as educam.
Além das exigências advindas das novidades introduzidas na área, os professores de educação infantil também sofrem aquelas exigências oriundas das transformações no mundo do trabalho, que veiculam um discurso cujas competências do novo trabalhador passam pela autonomia, criatividade e produtividade, além da capacidade de adequar-se às mais variadas situações. O que está em jogo é um tipo de formação que garanta a competência humana em questão. Pesquisa e elaboração própria constituem as pilastras desse trajeto, e fundamentam também a capacidade de recapacitação permanente, que deveria ser primorosa em todo educador. O fulcro da competência humana moderna está na capacidade de refazer todo dia. Estudar sempre é condição essencial profissional. As novas exigências que se apresentam na educação infantil, na América Latina como um todo, requerem um educador que seja capaz de criar modalidades curriculares e promover o auto estudo e a avaliação permanente dos avanços e das limitações de sua prática.
A importância da formação profissional é ainda reforçada quando se considera que, a partir de todas essas transformações legais, as instituições deverão elaborar e efetuar sua proposta pedagógica. Para a efetivação de uma proposta que realmente esteja afinada com a nova função social da creche e com as diretrizes estabelecidas na política nacional de educação infantil, novamente um profissional bastante qualificado é solicitado. E essa solicitação se dá não apenas no que se refere ao momento de sua elaboração mas, principalmente, na gestão diária dessa proposta, realizada no dia a dia da instituição .
Como se observa, tratam-se de exigências que, dependendo do modo como as encaramos, tornam-se bastante pesadas e, mais do que isso, colocam os profissionais em uma posição bastante diferenciada daquela ocupada até alguns anos atrás. Essas exigências traduzem a necessidade de um profissional bastante diferente daquele apontado nos levantamentos de perfil profissional que dispomos. Os poucos dados nacionais sistematizados a esse respeito confirmam a necessidade de urgência nessas ações frente ao estado em que se encontra a realidade das creches no país.
Diversos autores, encontram-se referências à importância da formação do educador de creche, reafirmando-se a escolaridade mínima em nível de 2º grau e defendendo uma formação específica para os profissionais que lidam com crianças de 0 a 6 anos. De fato, o prega-se a profissionalização dessa categoria também enquanto um direito: não apenas o direito da criança em ter um melhor atendimento, mas também o do educador em ter acesso aos bens educacionais e culturais da nossa sociedade.
A distância entre a realidade de nossos profissionais - que há anos foi cultivada por descaso e incentivos negativos das políticas públicas - e as novas questões a eles impostas são bastante grandes. Sem formação, esses profissionais, alheios às imposições de regras e normas, construíram no dia-a-dia um saber-fazer carregado das experiências e contradições inerentes às práticas sociais.
Com certeza faz-se necessário construir um novo perfil profissional. Evidentemente, essa construção não aparece do nada. Documentos oficiais e a inspiração em experiências internacionais têm provocado o estabelecimento de políticas que se propõem a fornecer subsídios para a formação dos profissionais. Contudo, qual o limite entre a contribuição e a possibilidade de retrocesso trazida por essas estratégias? Como garantir que a apropriação de experiências internacionais venham somar esforços para a promoção da qualidade do atendimento? Em que medida a produção do conhecimento vem sendo utilizada para a promoção dos profissionais de creche?
É claro que responder a essas questões não é função específica, ou melhor, exclusiva da comunidade científica. Contudo, não podemos continuar fazendo pesquisa sem considerarmos que os cientistas fazem parte das negociações sociais, podendo tanto informar os demais atores sociais como legitimar determinadas políticas públicas. Nesse sentido, discutir a formação dos profissionais significa discutir também o nosso papel e a nossa contribuição nesse processo. Mais do que isso, acreditamos que, quando assumimos o ponto de vista da articulação entre a produção concretizada no discurso e seu equivalente na prática, faz-se necessária a ampliação da discussão da formação e qualificação para além da consideração de aspectos relacionados apenas aos profissionais, que
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