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Questão Social E Reprodução Das Desigualdades Face às Relações De Trabalho - Algumas Reflexões

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Por:   •  8/10/2013  •  1.831 Palavras (8 Páginas)  •  717 Visualizações

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Questão social e reprodução das desigualdades face às

relações de trabalho - algumas reflexões

I – Introdução

A questão social é história recente. Iniciada na terceira década do século XIX teve seus desdobramentos ao longo dos séculos e inclusive na cena contemporânea, na qual continua determinada pelas relações sociais, políticas, econômicas, culturais, e principalmente pela relação capital – trabalho e suas formas de exploração e de expressão.

Contudo, estamos de acordo que na contemporaneidade a questão social se expressa sobre novas e diferentes formas, como nos impactos das transformações no mundo do trabalho, nas particularidades da formação social e econômica de cada país, nos padrões de proteção social, e ainda nas formas de enfrentamentos de suas expressões pela classe trabalhadora.

Com base em tais transformações, buscamos elucidar os impactos trazidos pelas expressões da questão social perante as transformações societárias, em especial no mundo do trabalho, com subsídio de um veículo de informações voltado para o público juvenil, e assim, promover uma breve reflexão sobre a questão social e os desafios cabíveis a categoria profissional do serviço social na cena contemporânea.

Neste sentido, aproximaremos da categoria questão social em seu sentido histórico e na análise de importantes pesquisadores sobre tal assunto, tendo como fio condutor as transformações no mundo do trabalho desde o taylorismo/fordismo, até o regime de acumulação flexível, tendo em vista as novas e futuras exigências do mercado de trabalho e as estratégias de enfrentamento das expressões da questão social, apontando alguns desafios não apenas para a categoria de profissionais de serviço social, mas para todos que buscam a consolidação de um projeto de cunho contra-hegemônico.

Desenvolvimento

A questão social apresenta-se carregada de influências históricas, políticas e culturais, embora não tenha relação com os desdobramentos de problemas sociais que a ordem burguesa herdou, ou com traços invariáveis da sociedade humana, mas tem relação exclusiva com a sociabilidade erguida sob o comando do capital (Netto 2004). Com referência ao movimento eclodido na Europa Ocidental em 18481, Netto (2004) vai destacar que não foi somente o campo burguês o afetado, mas também as bases da cultura política que sustentava o movimento dos trabalhadores, uma vez que emergem dos interesses sociais antagônicos.

Ianni (1992) nos chama atenção para a criminalização da questão social, e considera que a problemática é tão complexa que provoca diferentes e contraditórios enfoques, que além de aspectos econômicos e políticos, implica também aspectos culturais.

E neste sentido, destaca que freqüentemente as formas de interpretar as manifestações tanto operárias como camponesas, são problemas de polícia ou militar, ou seja, reações intolerantes no âmbito de reprimir e culpabilizar, quando não de indicar suas manifestações como problemas da assistência social, que deve explicar e resolver.

Muito tempo depois, praticamente um século após a Abolição da Escravatura, ainda ressoa no pensamento social brasileiro a suspeita de que a vítima é culpada. Há estudos em que a “miséria”, a “pobreza” e a “ignorância” parecem estados de natureza, ou da responsabilidade do miserável, pobre, analfabeto. Não há empenho visível em revelar a trama das relações que produzem e reproduzem as desigualdades sociais (Ianni, 1992, p.97).

Consideramos que a questão social em sua essência e estrutura continua sendo expressão concreta da mesma questão social eclodida na Europa Ocidental no século XIX, caracterizada por contradições e antagonismos entre as classes e destas com o Estado.

No entanto, estamos de acordo que na contemporaneidade essas se expressam sobre novas e diferentes formas, a partir dos impactos sobre as transformações no mundo do trabalho e suas relações, as particularidades ocorridas na formação social e econômica de cada país, e ainda conforme aponta Yazbek (2008) sobre as transformações nos padrões de proteção social.

Mas, concordando ainda com Yazbek (2008), consideramos que a questão social continua a mesma, e, portanto não há uma nova questão social, pois esta é componente de “uma questão estruturante de relações sociais desiguais que configuram o sistema capitalista” (p.13), e historicamente está vinculada a exploração do trabalho e embate político da classe trabalhadora pela apropriação da riqueza social, pela tomada de consciência sobre a desigualdade social e a busca por seu enfrentamento.

Diante deste contexto, a pobreza é expressão direta dessas relações, e se fundamenta pelo desenvolvimento desigual vivenciado entre acumulação e miséria (Yazbek, 2008). E o pauperismo produzido pelo próprio fenômeno de pauperização, num circuito de produção e reprodução entre capital/trabalho e mercadoria/lucro, que ao longo da história se agrava, como expresso entre as “lutas operárias e camponesas, as reivindicações do movimento negro, o problema indígena, a luta pela terra, a liberdade sindical, o direito de greve, as garantias do emprego, [...] o acesso a, educação, alimentação e habitação” (Ianni, 1992, p.111). Mas, referenciando Martins com relação à pobreza, Yazbek (2008, p.17) ainda faz um significante apontamento:

É importante considerar que a pobreza é uma categoria multidimensional, e, portanto, não se expressa apenas pela carência de bens materiais, mas é categoria política que se traduz pela carência de direitos, de oportunidades, de informações, de possibilidades e de esperanças.

Diante das transformações nas relações de trabalho e expansão capitalista, a pobreza se expressa e se evidencia cada vez mais pela precarização nas relações de trabalho, pela mão de obra barata, pela vulnerabilidade perante a condição de trabalhador, pelo desemprego, caracterizando além de situações de miséria econômica, ausência de direitos.

A proteção trabalhista se distancia cada vez mais da realidade dos trabalhadores e as oportunidades ainda mais acirradas e competitivas entre jovens, adultos e até mesmo idosos.

Em matéria de revista voltada para o público juvenil, distribuídas em escolas, universidades e cursinhos, a Revista Young (2009, p.17) em sua quarta edição gratuita publicou uma matéria sobre as profissões do futuro, indicando para o público alvo as necessidades do

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