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Relatório dos trabalhos de sondagem no Algar da Figueira, Loulé (Portugal)

Por:   •  22/6/2021  •  Trabalho acadêmico  •  1.251 Palavras (6 Páginas)  •  200 Visualizações

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Técnicas de Campo - Escavação

Relatório dos trabalhos de sondagem no Algar da Figueira, Loulé.

Anne Farias– 50163 (2017)

  1. Enquadramento
  1. Enquadramento institucional

Os trabalhos de sondagem descritos a seguir foram realizados no âmbito da Unidade Curricular opcional “Técnicas de Campo: Escavação” do Curso de Património Cultural e Arqueologia (vertente Arqueologia) da Universidade do Algarve. Os trabalhos descritos no presente relatório inserem-se no âmbito da alínea a) do Artigo 3 do Decreto-Lei n.º 164/2014, de 4 de novembro “Regulamento de Trabalhos Arqueológicos”: Categoria A - ações de investigação, programadas em projetos de investigação plurianual em arqueologia, integráveis no Plano Nacional de Trabalhos Arqueológicos.

  1. Enquadramento administrativo e geomorfológico

O Algar da Figueira (CNS 36670) localiza-se administrativamente na freguesia de Salir, concelho de Loulé, distrito de Faro, tendo expressão na Carta Militar de Portugal 1:25000 nº 597 – Querença (Loule) e na Carta Geológica de Portugal 1:50000 nº 49-D.

O sítio está situado na Serra da Picavessa, cuja formação geológica é constituída por calcários e dolomitos. Essa unidade representa grande importância na região, seja pela sua extensão, como pelo papel na morfologia do Barrocal algarvio. Sendo a maioria dos relevos mesozoicos situados a Norte da Ribeira do Algibre, constituídos ou coroados por rochas dessa unidade.

Os afloramentos desta formação ocorrem de forma praticamente contínua, para oeste duma linha entre Tôr e Salir, sendo limitados a sul pela Ribeira de Algibre. Para leste de Tôr o limite faz-se muitas vezes por falha observando-se o contacto directo dos calcários e dolomitos de Picavessa com os xistos e grauvaques da Formação de Mira. A litologia predominante inclui dolomitos cálcicos rosados ou brancos, sacaróides, calcarenitos oolíticos brancos e calcários compactos brancos e cinzentos. (Almeida, C. 1985: 20).

Nesta região as dolinas - depressão circular em forma de funil que ocorre na superfície de terrenos calcário - estão presentes, embora muitas vezes apresentem contornos mal definidos, e estejam muito degradadas ou abertas. No caso do Algar da Figueira, é definida como dolina de abatimento, ou seja, uma cavidade de grande diâmetro numa parede vertical.

O sítio propriamente dito é uma grande cavidade na parede à Sudoeste, que apresenta duas entradas ligadas por uma plataforma. À Noroeste entrontra-se o abrigo, numa cota superior. Em formato triangular tem cerca de 4 metros de profundidade (Machado, F. 1945)

  1. Condições do sítio antes do início dos trabalhos

A primeira referencia ao Algar da Figueira é feita por Machado F. no folhetim “Povo Algarvio”, de 1945. A partir de um levantamento realizado pelo autor no barrocal algarvio, onde enumera diversos sítios inéditos nas publicações anteriores de Estácio da Veiga e Ataide e Oliveira, no contexto da espeleologia.

No momento dos trabalhos de sondagem o sítio encontrava-se coberto por vegetação, transponível sem grande dificuldade. O algar propriamente dito apresentava uma grande concentração de blocos de calcários oriundos de abatimentos e escoamentos ao longos dos anos. Seu pacote sedimentar varia entre arenoso nas partes mais expostas e argilosos próximo às paredes devido a humidade da gruta.  Já o abrigo, apesar de não encontrarmos grandes blocos a cobrir o pacote sedimentar, apresentava um muro baixo e de pequena extensão, possivelmente construído há décadas para atividades de caça e alojamento.

 

  1. Trabalhos desenvolvidos
  1. Objetivo

Os trabalhos efetuados visaram verificar a existência de níveis arqueológicos, nomeadamente de ocupação humana, sua caracterização e avaliação da preservação dos mesmos.

Por se tratar de uma disciplina curricular, o objetivo também é desenvolver as aptidões dos envolvidos para trabalhar de forma independente no campo com base nas técnicas de escavação arqueológica e suas componentes.

  1. Calendário

Os trabalhos de campo decorreram nos dias 8 e 15 de Março e 3 de Maio de 2017.

  1. Metodologia

No Algar da Figueira, inicialmente, foram determinadas as áreas de sondagem manual e a partir disso deu-se a “limpeza” da área. O que basicamente consistiu na retirada dos blocos de calcários que cobriam o pacote sedimentar.

No primeiro dia de trabalho foram determinadas três áreas de sondagem, num quadrado de 1mx2m, devido as limitações que os blocos de calcários proporcionavam, foram atribuídas a designação S1 (à Oeste), S2 mais ao centro da gruta; já a terceira junto a parede de sustentação à Este, próxima a uma das duas entradas, numa cota mais alta foi realizado um quadrado de 1mx1m e sua designação foi S3. Toda a área das sondagens foram cotadas com a Estação Total, assim como os achados que se seguiram. Tanto em S1 como S2 os níveis artificiais foram de 25cm devido, mais uma vez, a limitação que os grandes blocos de calcário representavam para a área de escavação. Todos o sedimento das mesmas foi crivado. Utilizamos crivos de malha grossa (10mm) e os achados foram guardados em sacos respectivos aos seus níveis artificiais. No caso da S3, empregamos níveis artificiais de 10 cm e o sedimento não foi crivado.

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