Repórter da Agência Brasil
Artigo: Repórter da Agência Brasil. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: mozellileal • 2/11/2014 • Artigo • 6.734 Palavras (27 Páginas) • 242 Visualizações
Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - As manifestações que ocorreram ontem (20) em dezenas de cidades podem ter causado prejuízos de R$ 700 milhões ao setor do comércio no país, segundo estimativa do professor de varejo da Fundação Getulio Vargas, Daniel Plá. O economista disse à Agência Brasil que o cálculo considera o encerramento antecipado das lojas e do expediente dos trabalhadores, o que acaba refletindo sobre o consumo.
O economista avaliou que os números estimados são bem conservadores, porque não incluem as perdas causadas pelas depredações feitas em estabelecimentos comerciais.
Somente na capital fluminense, as perdas são estimadas por Daniel Plá em mais de R$ 100 milhões. A região mais afetada no município do Rio foi o centro, que teve queda de 50% do faturamento previsto em um dia normal. “Os shopping centers ficaram vazios ontem à tarde”, disse o professor. “As pessoas deixaram de ir às compras, em função até do inconsciente coletivo afetado”.
Para o economista, o movimento anunciado levou muitas pessoas a evitar sair ou a regressar para casa mais cedo. “Isso afeta o comércio como um todo. É uma verdadeira catástrofe”, avaliou. Ele salientou que, apesar dessas perdas, “ninguém fala da questão econômica” que essas manifestações provocam.
Na região da Sociedade de Amigos das Adjacências da Rua da Alfândega (Saara), no centro do Rio de Janeiro, considerada o maior shopping a céu aberto do estado, as lojas que vendem mercadorias com as cores da bandeira brasileira, como máscaras, cornetas, chapéus, por exemplo, conseguiram vender seus estoques.
Daniel Plá advertiu, contudo, que isso não compensa o prejuízo das lojas da Saara. “A gente está falando de menos de 10% dos lojistas [da região]. É uma coisa muito pontual e um tipo específico de mercadoria”, concluiu.
Edição: Davi Oliveira
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Em uma semana, ocorreram quatro grandes protestos na cidade de São Paulo contra o aumento da passagem do transporte público. O primeiro foi no dia 6 de junho; os seguintes aconteceram nos dia 7, 11 e 13. Todos eles resultaram em confrontos com a polícia militar. A cada edição, o número de manifestantes era maior – assim como a violência usada para contê-los. No dia 13, mais de 200 pessoas foram presas, incluindo jornalistas, e foram publicados na internet inúmeros vídeos e relatos de pessoas que presenciaram extrema violência policial contra manifestantes e transeuntes pacíficos. Os protestos se espalharam por dezenas de cidades do país (e de fora dele) e, em algumas delas, incluindo São Paulo e Rio de Janeiro, o aumento da tarifa foi revogado. Mesmo nesses lugares, enormes manifestações continuam sendo feitas – porém, seus participantes têm agora reivindicações variadas, pouco objetivas e, muitas vezes, contraditórias entre si. Muitos manifestantes que iam às ruas no início criticam o rumo que o movimento está tomando. Há os otimistas porque “o povo acordou” e também os que temem um golpe de Estado. Ninguém sabe o que irá acontecer.
Este é um bom momento para relembrar outros movimentos populares que fizeram história no país – há boas chances de algo do tipo ser abordado nos vestibulares deste ano.
Apesar de ter sido um movimento de caráter político-militar (e, por isso, não entrará na lista), a Intentona Comunista de novembro de 1935 merece atenção especial, segundo o professor de história do cursinho do XI, Samuel Loureiro. Trata-se de uma tentativa fracassada de golpe contra o governo de Getúlio Vargas feita pelo PCB (na época, Partido Comunista do Brasil) em nome da Aliança Nacional Libertadora. É que o movimento tem uma característica importante que remete aos protestos desta semana: a tarifa zero do transporte público. Foi estabelecido um governo revolucionário em Natal, no Rio Grande do Norte, que determinou que os bondes seriam gratuitos para a população. Mas esse governo durou apenas três dias. Leia mais neste link. Mas vamos à lista de movimentos liderados pelo povo:
1. Revolta da vacina, de 10 a 16 de novembro de 1904 (República Velha)
O que foi: Uma revolta dupla – dos militares e do povo. “O povo da cidade do Rio de Janeiro rebelou-se contra a lei que tornava a vacinação obrigatória, criada pelo sanitarista Oswaldo Cruz. Juntaram-se a eles os alunos da Escola Militar da Praia Vermelha. Os militares tentaram afastar o presidente Rodrigues Alves do governo para tentar voltar ao poder, mas acabaram sendo presos e a escola militar foi fechada”, explica o professor de história do cursinho do XI, Samuel Loureiro. A cidade virou um campo de guerra; a população depredou lojas, incendiou bondes, fez barricadas, atacou as forças da polícia com pedras, paus e pedaços de ferro. Foram registrados 30 mortos e 110 feridos. Mas o que levou as pessoas a se irritarem tanto? A matéria ”Rio: cidade doente”, da revista Aventuras na História (leia na íntegra aqui) responde:
“Não é difícil entender por que o povo ficou contra a vacina. Pela lei, os agentes de saúde tinham o direito de invadir as casas, levantar os braços ou pernas das pessoas, fosse homem ou mulher, e, com uma espécie de estilete (não era uma seringa como as de hoje), aplicar a substância. Para alguns, isso era uma invasão de privacidade – e, na sociedade de 100 anos atrás, um atentado ao pudor. Os homens não queriam sair de casa para trabalhar, sabendo que suas esposas e filhas seriam visitadas por desconhecidos. E tem mais: pouca gente acreditava que a vacina funcionava. A maioria achava, ao contrário, que ela podia infectar quem a tomasse. O pior é que isso acontecia. A vacina não era tão eficaz como hoje”.
2. Greves operárias do início do século 20
O que foi: Até o início do século 20, não havia direitos trabalhistas: os salários eram baixos, a jornada de trabalho era enorme, havia o emprego maciço de mão de obra infantil. Muitos trabalhadores eram imigrantes europeus fortemente influenciados pelos princípios anarquistas e comunistas. Essa influência foi importantíssima para a eclosão das greves operárias da época. Em 1905, foi criada a Federação Operária de São Paulo, que reunia as associações de trabalhadores da cidade. Em abril do ano seguinte, o Rio de Janeiro recebeu o 1º Congresso Operário Brasileiro, evento considerado a origem do sindicalismo no Brasil. No dia 1º de maio de 1907, eclodiu a primeira greve geral da história do Brasil. A greve, que durou
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