Resenha Capítulos Ética e vergonha na cara
Por: Kennedy Vieira • 2/6/2019 • Resenha • 2.681 Palavras (11 Páginas) • 328 Visualizações
CORTELLA, Mario Sérgio; BARROS FILHO, Clóvis de. Ética da Conveniência; Moral do Foco no resultado. In: CORTELLA, Mario Sérgio; BARROS FILHO, Clóvis de. Ética e Vergonha na Cara. 1ª Edição. São Paulo: Editora Papirus, 2014
RESENHA CRÍTICA
Kennedy Webert Vieira
Esta resenha trata dos capítulos “Ética da Conveniência”, e da Obra “Ética e Vergonha na Cara!” e “Moral do Foco no resultado”, escrita pelos autores Mário Sergio Cortella e Clóvis de Barros Filho. A Obra irá tratar de assuntos voltados para ética e moral, presentes no nosso dia a dia, como nossas escolhas e como elas são pautadas, corrupção e suas relações com a sociedade.
Em seu primeiro capítulo citado acima, os autores dialogam sobre o relativismo moral, da ética da conveniência, em que o autor cita a frase “se é bom para mim, tudo bem”, afim de esclarecer o conceito sobre o assunto abordado. Estamos inseridos em uma sociedade que busca seus próprios interesses, o qual em algumas situações, chegando a ser mais fortes que nossa ética e moral, assunto esse que será abordado também nesse capítulo um pouco mais adiante pelo autor Clóvis de Barros Filho.
Antes disso, Cortella relata um exemplo interessante que ocorreu no ano de 2012, em Navarra, Espanha. O Autor cita a corrida de cross-country, em que o queniano Abel Mutai, vencedor dos três mil metros com obstáculo realizado em Londres, estava prestes a vencer mais uma corrida, se confundiu com a sinalização e acreditando já ter vencido, começou a posar pra fotos. Porém, logo atrás vinha outro competidor, Iván Fernández Anaya, que ao se deparar com a situação, começou a gritar para seu concorrente, com o objetivo de alertá-lo sobre o desentendido, porém, Abel não compreendeu. Fernández, então, empurra seu adversário em direção à vitória.
Questionado pelos repórteres, Iván responde em outras palavras que não seria justo ele vencer, não haveria mérito nenhum em vencer àquela corrida e finaliza sua resposta com a frase “Se eu ganhasse desse jeito, o que ia falar para minha mãe¿” O autor, logo, coloca as mães como matriz do desvergonhar uma coisa extremamente inspiradora, pois por ser a matriz de vida, é a última pessoa que se quer envergonhar.
Apoiando Cortella, Clóvis cita o d’O banquete, de Platão, o qual defende a ideia de que se houvesse uma cidade de amantes, seria perfeita e indestrutível. Afirma-se então que em um local onde há mais afetos e mais preocupação em não desonrar pessoas que nos querem bem, as relações seriam mais saudáveis e a sociedade seria melhor.
Clóvis então apresenta sua idéia de como a ética deve ser tratada. Ele entende que a ética deverá ser analisada através das emoções, paixões e de sensações. Afirma que existe um dilema entre esperança e temor. A esperança está pautada na imaginação de alcançar bons resultados e ainda diminuir os custos e trabalho com isso, logo, a esperança é um ganho de potência a partir de uma situação pensada a qual é vantajosa. Do outro lado do vetor, existe o temor, no qual o indivíduo se apequena diante da utopia, a qual se vê com consequências pesadas para si.
Cortella entende que o outro autor coloca a esperança como força vital, que impulsiona, que inspira. Apoiando o argumento, coloca a esperança como expectativa, já que não se trata da esperança como virtude, mas como expectativa de impunidade e de sucesso que ultrapasse o risco de temor, ou seja, o delito compensa a eventual penalidade.
Clóvis, entendendo a ética como uma força impulsora, afirma eu essa potência oscila. Como exemplo prático, ela conta um pouco do seu dia. Afirma que algumas vezes quando acorda, está indisposto, mas por volta das dez horas da manhã já entusiasmado para fazer suas tarefas e obrigações. O Autor concluí que esse ganho de potência, é chamado por Espinosa de alegria, a qual é a passagem de alegria para um estado mais potente do próprio ser. Clóvis complemente dizendo que nem sempre isso acontece, pode vir uma situação que mude esse estado e sua potência caia bruscamente, entendendo isso como tristeza.
Finalizando o capítulo, Clóvis expõe o conceito de esperança feito segundo Espinosa, o qual afirma que essa esperança é justamente um tipo particular de alegria. A qual não é estipulada por aquilo que achamos no mundo, mas pelo que imaginamos dele, a chamada então paixão triste. Espinosa define dessa forma, pois quando se perde entre a esperança e o temor, perde-se a oportunidade de nos reconciliarmos com o real e de nos deixarmos alegrar ou entristecer. Clóvis ainda afirma que o indivíduo que não espera o mundo chegar com sua carga de alegria ou tristeza e acaba, de um modo ou de outro, antecipando e vivendo aquilo que Espinosa denomina de flutuação da alma.
Aquele estado de alma que nasce de duas afecções contrárias chama-se flutuação da alma, a qual está para a afecção como a dúvida para a imaginação; e a flutuação da alma e a dúvida não diferem senão segundo o mais e o menos. [...] o corpo humano é composto de um grande número de indivíduos de natureza diversa e, por consequência, pode ser afetado de maneiras muito numerosas e diversas por um só e mesmo corpo e, inversamente, uma vez que uma só e mesma coisa pode ser afetada de numerosas maneiras, poderá, portanto, afetar também uma só e mesma parte do corpo de maneiras múltiplas e diversas. Por estas explicações, podemos conceber facilmente que um só e mesmo objeto pode ser a causa de afecções múltiplas e contrárias. (Ética, III, Proposição XVII, Escólio, p. 194)
Continuando o desenvolvimento dessa resenha no segundo capítulo, Clóvis começa o capítulo questionando sobre as emoções, afirmando que tais podem até não ser determinantes, todavia, estão diretamente relacionadas ao que acontece na hora de tomar as decisões e apresenta como exemplo o aluno que cola durante a prova. Completando o exemplo, Cortella alega que a solução de colar em uma prova, embora traga o resultado, não proporciona alegria, afirmando que tal ação não é o melhor a se fazer no ponto de vista de uma consciência deliberada. O Autor ainda cita novamente Espinosa, e diz que não há uma ética da alegria nessa situação, pois o resultado não veio de um esforço próprio.
Clóvis cita que sempre que se toma uma ação visando os resultados, o indivíduo torna-se preso à ética chamada de consequencialista. Logo, ele entende que sua conduta está atrelada ao que ele acarreta na sociedade. Trazendo bons feitos, é boa, se produzir maus efeitos, é ruim. Em seguida, faz uma análise quanto as visões de uma empresa, as quais possuem Honestidade, criatividade e transparência por exemplo, como os principais valores da corporação (o autor coloca essas características em caixa alta, afim de atrair ainda mais a atenção do leitor). Porém, existem as palavras “Foco No Resultado”. Então, é feita uma analogia atiçadora, quando compara tal situação com um exame oftalmológico. Ele então chama atenção pra Palavra foco, à qual, muitas vezes é utilizada pelo médico quando este diz “Foque a terceira letra”. Quando isso é feito pelo paciente, as demais palavras se destoam, ou seja, o Foco no Resultado pode em sua grande maioria fazer com que Honestidade, criatividade e transparência, se percam, afinal. O objetivo principal denomina-se resultado.
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