Resenha de Crônicas de Cascudo
Por: YagoDangelo • 3/5/2019 • Pesquisas Acadêmicas • 696 Palavras (3 Páginas) • 141 Visualizações
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Disciplina: Língua Portuguesa
Professor: Louise Lidiane Lima de Moura Câmara
Alunos: Irandir Gomes de Almeida
RESENHA DA CRÔNICA “XARIAS E CANGULEIROS” – CÂMARA CASCUDO
Cascudo inicia a crônica falando sobre uma antiga divisão da cidade do Natal: a Cidade Alta e Ribeira e segue estabelecendo os limites geográficos de cada um dos territórios (bem detalhadamente, aliás) e expondo uma disparidade: enquanto a Cidade Alta era elitizada, a Ribeira tinha um aspecto semelhante ao de favela.
O poema “A Pinimba de Xarias e Canguleiros”, de Graco Medeiros retrata bem este contraste de realidades entre os xarias, festeiros e mais afidalgados, e os canguleiros, mais humildes. Pode-se notar ainda que os primeiros, uma vez que tinham melhores condições de vida e eram letrados, se julgavam superiores aos últimos. Câmara Cascudo faz toda esta contextualização e ainda cita alguns elementos do cotidiano daquele povo para então se chegar à temática central do texto: os xarias da Cidade Alta e os canguleiros da Ribeira.
O cronista segue explicitando a fronteira entre as áreas e frisa que a rixa era antiga e durou anos, rixa essa majoritariamente oriunda dos meninos, homens e criados, visto que, de forma geral, as famílias de ambos os bairros se davam bem. Segundo o texto, a regra geral era: “Xaria não sobe e Canguleiro não desce” e em caso de violação, o pau comia.
Mesmo em ocasiões especiais como a festa da padroeira a norma continuava a valer os atrevidos canguleiros descumpriam o acordo e já o faziam cientes da inevitabilidade do embate na divisa entre as localidades. Já quando se tratava dos espetáculos circenses, a coisa ficava feia para os xarias, uma vez que o circo ficava instalado na Ribeira a maioria das vezes.
Havia também um contraste no que diz respeito às profissões. O cronista potiguar é bem sutil no concernente a isso enquanto a poesia de Medeiros enfatiza que enquanto os canguleiros viviam no meio periférico e faziam arte popular, os xarias tinham mais afinidade com as artes eruditas. Até mesmo no que concerne aos ofícios de cada um o poema é claro: enquanto o povo da Cidade exercia tarefas que exigiam pouco esforço, o pessoal da Ribeira tinha ocupações mais pesadas, como a limpeza de coberta de embarcações marítimas.
Cascudo segue explicando as denominações “xarias e canguleiros”, que vem do gosto pelo xaréu e xarelete vindos das águas de Ponta Negra e Areia Preta, e pelo cangulo do rio Potengi, respectivamente.
O potiguar conclui relatando que tudo levava a mais conflitos: os xarias tinham o quartel da cidade e a Escola Augusto Severo, em contrapartida aos canguleiros pertencia o batalhão de segurança e o Colégio Santo Antônio. Após verdadeiras batalhas sangrentas que tiveram como consequência graves ferimentos, lesões e até prisões, o surgimento dos bondes fomentava a fusão entre esses povos, uma vez que o trajeto do meio de transporte envolvia a então Rua da Cruz, atual Junqueira Alves, que liga um bairro a outro. Assim a rivalidade é abolida e a partir daí a cidade desenvolve-se mais ainda e não se fala mais em xarias e canguleiros, mas natalenses.
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