Resenha sobre o Documentário "Mulheres de Tucum"

        No documentário “ Mulheres de Tucum: de um extremo a outro”, produzido por Cristal Carvalho, é possível perceber através do depoimento das detentas do maior presidio feminino do Espirito Santo, as principais motivações para entrada no mundo do crime, os motivos apontados pelas entrevistadas não se restringe apenas a elas, mas também á maioria das mulheres que cometem ou já cometeram algum tipo de infração.

        Entre os principais fatores que contribuem para inserção das mulheres em atividades criminosas podemos citar a desestruturação das famílias pois pesquisas apontam que a maioria das presidiarias na infância sofrem algum tipo de violência, por parte dos responsáveis e na vida adulta, por parte dos maridos ou companheiros. O vício no álcool e outras drogas também podem servir de mediador para estas mulheres, já que para custear possíveis dividas elas passam a desenvolver atividades como prostituição, servirem de mula para os traficantes levando drogas para presídios.

“Ao falarem da motivação para o ingresso no tráfico de drogas, as entrevistadas se referem à falta de opção que leva meninos e meninos a entrarem para a atividade. A dificuldade de inserção no mercado formal de trabalho e a necessidade de sustentarem seus filhos e suas famílias aparecem como elementos determinantes de suas escolhas (ou falta de escolhas).” (Barcinski, 2009), no artigo “ Centralidade de gênero no processo de construção de identidade de mulheres envolvidas na rede de tráfico de drogas”, da autora Mariana Barcinski, assim como no texto “Mulher de Bandido”, percebe-se que algumas mulheres além de se envolverem na criminalidade por influência dos seus parceiros amorosos , não encontrando outra saída a não ser servir de cúmplice aos companheiros,, para complementarem a renda da família, algumas mulheres são influenciadas pelo desejo de obter “status” e poder  na comunidade, em seu texto Barcinski, traz parte dos depoimentos colhidos em entrevistas com oito mulheres com uma história de envolvimento na rede do tráfico de drogas em cinco favelas do Rio de Janeiro. E algumas delas mencionam que a busca pelo prazer de se sentirem temidas pelos os moradores de suas comunidades despertaram nelas o desejo de se tornarem traficantes.

É importante ressaltar que ingresso de homens e mulheres na criminalidade em consequência dos problemas econômicos e dificuldade de conseguirem ingressar no mercado formal de trabalho, não podem ser vistos como fatores determinantes, para que o discurso preconceituoso de que pobreza e exclusão estão diretamente ligados a criminalidade e delinquência.

As principais caraterísticas das mulheres que praticam crime, estabelecem um padrão, que estão principalmente associados a idade, classe social, salários baixos, etnia, desemprego e nível educacional, desde modo as mulheres que possuam essas caracteriticas são mais suscetíveis a cometer crimes.

“A partir dos dados apresentados podemos concluir que são diversos os fatores que levam as mulheres a se inserirem no contexto da criminalidade, podendo variar desde motivações materiais ou econômicas, até, questões sociais, culturais ou mesmo afetivas e emocionais, como desdobramento, tem-se o aumento da população carcerária nas instituições prisionais do Brasil. Principalmente o tráfico ilícito de drogas tem privado a mulher da liberdade.” (BRAGA et al., 2008)