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Por:   •  14/12/2014  •  Projeto de pesquisa  •  2.803 Palavras (12 Páginas)  •  451 Visualizações

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SEMINÁRIO TEOLÓGICO BETESDA

ANGELA SILVIA NAKAMURA APOCALYPSE

ESTUDO SOBRE O LIVRO DE ECLESISASTES CAPÍTULO 3

TEMA – O TEMPO

SERRA-ES

2014

ANGELA SILVIA NAKAMURA APOCALYPSE

TRABALHO DE PESQUISA

TEMA - TEMPO

Trabalho apresentado no Curso de Teologia, do Seminário Teológico Betesda, como avaliação da disciplina Antigo Testamento II, ministrada pelo Professor Marcos Leonardo

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO................................................................................ 3

2. DESENVOLVIMENTO.................................................................... 4

3. O TEMPO NA PERSPECTIVA DA NARRATIVA........................... 5

4. CONCLUSÃO................................................................................. 6

5. BIBLIOGRAFIA.............................................................................. 7

1. INTRODUÇÃO

Procurei fazer um breve estudo sobre o Tempo, na perspectiva de análise de uma obra narrativa, por se tratar do Livro de Eclesiastes do capítulo 3 , onde o Tema central dessa narrativa é o Tempo. Procurei comparar com a perspectiva de Salomão sobre o Tempo e acrescentei no final desse estudo, uma pequena devocional pessoal dentro do mesmo tema proposto aqui.

2 . DESENVOLVIMENTO

2.1. O tempo na perspectiva da narrativa

Para narrarmos uma estória, necessitamos de tempo. Para apreciarmos uma narração, faz-se igualmente necessário tempo. É na camada temporal que se organizam os acontecimentos de uma estória em uma sequência passiva de entendimento. Mas de que trata, afinal, o tempo? Santo Agostinho, em suas reflexões, fez-se o mesmo questionamento: O que é, por conseguinte, o tempo? “Se ninguém me perguntar eu o sei; se eu quiser explicá-lo a quem me fizer essa pergunta, já não saberei dizê-lo (AGOSTINHO, p. 346). A reflexão de Santo Agostinho mostra-se pertinente para o estudo do tempo na narrativa. Como conceituar o tempo? E, principalmente, de que tempo estamos tratando? Conceituar o tempo de uma obra narrativa é, na realidade, tratar dos diversos tempos que participam de sua estruturação — externos ou internos à mesma.

A noção de que os estados dos eventos narrados se transformam sucessivamente na camada temporal, em uma sequência de acontecimentos marginais (ou fatos) ordenada por um narrador comprova a importância do tempo para o gênero narrativo. Sem uma ordenação sequencial dos acontecimentos no tempo, o que temos são fatos desconexos. O tempo pode se relacionar com a obra narrativa de diversas maneiras, em diversos níveis.

Aguiar e Silva identifica, portanto, cinco possíveis relações do tempo com a obra narrativa. O tempo concreto age sobre os indivíduos do mundo sensível, possuindo relação com a obra narrada, mas não com os acontecimentos narrados no enredo. Tempo-cronologia, tempo como durée e tempo psicológico são definidos por Gancho como tempos fictícios — criações internas à narrativa, entranhados no enredo. Por fim, há ainda o tempo histórico, por conter em si tanto o tempo concreto quanto o tempo-cronologia e o tempo como durée. O tempo histórico é o tempo maior, que abarca todos os acontecimentos narrados pela História.

Gancho lembra ainda que a época em que se passa a estória narrada nem sempre coincide com o tempo concreto em que a obra foi lançada ou produzida. Como exemplo, cita o romance O nome da rosa (1980), de Umberto Eco, que retrata fatos ocorridos no séc. XIV, durante a Idade Média, apesar de ter sido escrito e publicado em 1980, sendo o séc. XX, portanto, seu tempo concreto. O tempo concreto age sobre os indivíduos e as comunidades que estão fora da obra narrativa, que existem no mundo sensível e se relacionam com a narrativa de alguma maneira (autor, leitor, espectador, ouvinte...). “É o tempo que atua na criação narrativa e no processo de fruição” (LIMA;PIRES, 2003:5), ou seja, é o período em que uma obra foi produzida, o ano em que foi publicada, o momento em que a estória foi narrada, o tempo de duração (no caso de obras cinematográficas) ou o tempo levado para ser lida (no caso de obras literárias).

Da mesma maneira que o tempo concreto atua sobre os indivíduos, o tempo como durée atua sobre as personagens, apresentando e as modificando. É o tempo de duração de um fato, acontecimento marginal ou cena, tal como uma versão do tempo concreto interna à narrativa. Se uma personagem ocupa dez minutos de uma cena lendo uma carta, o tempo como durée da ação da personagem é de dez minutos. Ainda que a cena seja exibida para o espectador em um único minuto (tempo concreto a cena), um relógio no cenário pode transmitir a informação de que se passaram dez minutos na estória, pela simples mudança de posição de seus ponteiros. Como exemplo, Lima e Pires também citam Umberto Eco em seu Pós escrito ao romance O nome da rosa, em que o autor “explica que construiu toda a narrativa calculando o tempo de leitura a partir da planta baixa da Abadia. Deste modo, Eco dá a dica do tempo na narrativa, ou seja, de quanto tempo está durando o desenvolvimento da cena” (Ibidem). 215 Por fim, o tempo como durée, alertam Lima e Pires, não deve ser confundido com o timing, ou seja, o ritmo e a duração que cada autor utiliza em sua narração, estando mais bem caracterizado como um estilo de cada autor ou de cada narrativa (o timing de um conto, conforme estudado por Poe, por exemplo, ou ainda o timing de uma piada para que esta tenha seu sentido humorístico acentuado pela maneira como é narrada). O timing está relacionado com a narração, e não com o enredo, fazendo

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