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TRABALHO DE ASSISTÊNCIA SOCIAL NA INTERACÇÃO DE MULHERES NO MERCADO DE TRABALHO

Tese: TRABALHO DE ASSISTÊNCIA SOCIAL NA INTERACÇÃO DE MULHERES NO MERCADO DE TRABALHO. Pesquise 861.000+ trabalhos acadêmicos

Por:   •  14/6/2014  •  Tese  •  9.163 Palavras (37 Páginas)  •  542 Visualizações

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A ATUAÇÃO DO ASSISTENTE SOCIAL NA INSERÇÃO DA MULHER NO MERCADO DE TRABALHO: UM ESTUDO NA COORDENADORIA MUNICIPAL DE POLÍTICAS PÚBLICAS DA MULHER

Quando falamos sobre a situação de vulnerabilidade das famílias nos remetemos à sua situação de pobreza, exploração e abuso, aspectos psicossociais e culturais. Contudo a pobreza tem diversas formas de expressão e muitas vezes expõem indivíduos a condições de vida a níveis abaixo da dignidade humana, influenciando na intricada dinâmica da vida familiar. Conforme explicita Koga (2003, p. 19): “a pobreza não se configura apenas pela ausência de renda, mas também por discriminações e sofrimentos que se superpõem, causando, conseqüentemente repercussões nas condições de vida.”

Dessa forma, na sociedade contemporânea tem sido crescente o número de famílias monoparentais, especialmente aquelas chefiadas pela mulher. É verdade que em relação à estrutura da família, as unidades domésticas nesse segmento social apresentaram um crescimento significativo. No documento Síntese dos indicadores sociais, os dados sobre a distribuição por sexo da pessoa de referência entre 1998 e 2008 mostra que houve um significativo aumento de mulheres nessa condição: de 25,9% para 34,9%.(IBGE, 2009, p. 95).

Nas camadas mais pobres da população, as famílias chefiadas por mulheres, são em grande parte associadas às situações de vulnerabilidade econômica, pois a mulher, como único membro adulto do domicílio, é sua provedora, além de assumir funções domésticas e o cuidado com os filhos, o que implica sua vinculação em trabalhos mal remunerados em tempo parcial ou intermitente, gerando assim maiores dificuldades para garantir a subsistência da própria família. (CARVALHO, 1998, p. 85).

Existe também o fato de que as famílias chefiadas por mulheres são em grande parte resultado de uma gravidez precoce ou indesejada, instabilidade familiar e abandono. Contexto onde não é difícil encontrar mulheres que foram ou ainda são vítimas de violência doméstica em suas mais variadas formas, incluindo-se aquela que não deixa marcas visíveis, mas seqüelas profundas em relação à sua autoestima e à busca ou reconstrução de sua identidade como mulher, como cidadã e aos preconceitos decorrentes da relação de gênero.

Além da vulnerabilidade social a que estão expostas, elas também apresentam a vulnerabilidade emocional, seja pelo sentimento de abandono, seja pela violência e exploração a que foram submetidas, seja pela fragilização a que estão expostas cotidianamente na busca de estratégias para a sobrevivência de seu núcleo familiar.

Um olhar sobre a mulher chefe de família supõe reconhecer que as condições adversas de vida podem ter impacto nas relações familiares e sociais. Deste modo, duas categorias de análise tornaram-se fundamentais para este estudo:

[...]empoderamento e estratégias de sobrevivência, porque estão intimamente vinculadas e favorecem o empoderamento e em alguns casos a resiliência, observados na trajetória de vida das mulheres. Processo de resiliência aqui entendido como um sistema em si mesmo, envolvendo um processo dinâmico de interação entre vários aspectos tais como os fatores de risco e protetores (individuais, familiares e comunitários), o contexto histórico e o social, mediados pela interpretação e pela atribuição de significados.” (SOUZA, 2004, p. 81).

A vulnerabilidade a que estão expostas as mulheres não se limita a considerar apenas a escassez de renda, mas também o contexto da vida familiar, o acesso a serviços públicos, a possibilidade de obter trabalho com qualidade e remuneração adequadas, a existência de garantias legais e políticas.

Assim, essas mulheres buscam construir uma estratégia de sobrevivência onde buscam o que querem e o que podem construir a partir dos recursos de que dispõem, ou seja, da sua capacidade para enfrentar as dificuldades imediatas e mediatas para sua reprodução social e também a capacidade de se reestruturar diante das vicissitudes da vida e fortalecer sua identidade e, assim, criar condições próprias para sobreviver.

Conforme explicita Kurzawa (2003, p.5), “a mulher vem ocupando cargos em todos os setores produtivos e de gestão, auxiliando de forma efetiva no desenvolvimento estadual e nacional e participando do processo de planejamento e execução de governo democrático”. Mas apesar de se estar realmente caminhando para eliminar a desigualdade de gênero, é relevante, adotar ações que garantam na legislação, a inexistência de qualquer forma de discriminação, seja na promoção profissional ou na ocupação de postos de comando (KURZAWA, 2003). O modo como as mulheres estão inseridas como trabalhadoras, produtoras, reprodutoras da força de trabalho e, principalmente, pela condição de classe, gênero, raça/etnia, orientação sexual, idade, religião e outros aspectos de identidade e nacionalidade tem tornado cada vez mais visível a difícil realidade das trabalhadoras. Considera-se então que, com o processo de globalização, estas questões têm se agravado fortemente e interferido na vida destas mulheres.

Neste sentido, percebe-se uma intensificação das assimetrias nas relações de gênero e raça no mercado de trabalho globalizado. Não reconhecer as contribuições econômicas e sociais do trabalho não remunerado das mulheres compromete a vida, a identidade e a auto-estima destas trabalhadoras. Pode-se observar nas “limitações de oportunidades ao emprego, à capacitação, ao acesso a vida pública, social e política e ao exercício dos direitos fundamentais, como os direitos humanos” (LIMA, 2004, p. 54)

As regras comerciais carecem de uma visão de gênero e raça, pois elas não levam em conta, nem o trabalho doméstico não remunerado das mulheres, nem o acesso desigual a recursos como crédito, terra, educação e serviços adequados de saúde. Para as trabalhadoras do setor formal - protegidas por leis - estão garantidas a licença-maternidade, creche, espaçamento de tempo livre para a amamentação, mesmo que estes direitos fiquem apenas na legislação. Há ainda grande parte de mulheres que enfrentam a discriminação na contratação, seja por serem casadas e com filhos, seja para comprovar a infertilidade ou mesmo a não gravidez. Ainda no trabalho, elas são alvos de abuso de poder por parte de chefias como o assédio sexual, assédio moral, punições por atrasos e faltas, quando necessitam cuidar da saúde dos filhos. (MELLO, 2011).

Para as mulheres, é central avançar no reconhecimento de que as diferenças são culturais e de que a organização dos movimentos sociais e feministas no continente deve se articular a partir das demandas existentes, do ponto de vista de gênero e da justiça social.

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