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Trabalho Sobre A Cultura De Angola

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Por:   •  30/9/2014  •  1.499 Palavras (6 Páginas)  •  890 Visualizações

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A particularidade cultural

Angola é um país pluriétnico e multicultural ("uma Nação de várias nações", como a definiu o poeta Agostinho Neto, primeiro presidente da República independente), cuja identidade se foi forjando ao longo de séculos de uma história conflituosa, feita de trocas socioeconómicas, biológicas, culturais e linguísticas entre intervenientes de muitas origens, alguns deles provindos de fora do continente.

Tudo isto conformou uma sociedade “sui generis”, mesmo no contexto dos outros países africanos colonizados por Portugal, em que coexistem povos de diferentes características e em diferente nível de desenvolvimento, mais abertos uns, sobretudo os de cultura urbana, a todas as inovações e influências vindas do exterior (aí incluída a língua portuguesa) e outros, mais confinados ao mundo rural, conservando praticamente intactas as suas tradições e formas de vida, com línguas próprias (ainda que de comum raiz bantu) e com comportamentos e práticas sociais perfeitamente diferenciáveis no quadro nacional.

É assim inevitável que as manifestações expressivas de uns e de outros se situem muitas vezes em extremos quase opostos, errando apenas quem pretenda estabelecer entre elas hierarquizações ou quaisquer outras escalas valorativas, em vez de reconhecer que nessa diversidade está a verdadeira riqueza cultural do país.

A longa guerra de libertação nacional (1961-1974) e as guerras que se seguiram à Independência do país, apesar dos dramas e do cortejo de horrores que lhes estão associados, tiveram pelo menos o mérito de concluir a já avançada destribalização do pais, fazendo circular (forçosamente, nalguns casos) povos de todas as etnias e regiões pelo país inteiro e acelerando a sua integração num todo nacional reconhecível nos seus principais símbolos - a bandeira, o hino, a unidade monetária comum - e até mesmo na língua oficial portuguesa.

Hoje já ninguém questiona a existência da "angolanidade", que mais não é do que a consciência de pertença a um todo nacional, seja numa base histórico-cultural, simbólica ou simplesmente afectiva, que implica não só o respeito pelo património comum e pelos valores, crenças e princípios da maioria dos cidadãos, mas também o respeito pela identidade e a valorização de todos os grupos parcelares que compõem a Nação angolana e suas respectivas culturas.

Uma fase importante dessa valorização consistiu, por exemplo, na fixação do alfabeto e na descrição fonética, fonóloga, morfossintática e semântica das seis principais línguas africanas de Angola - o kikongo (falado a Norte), o kimbundo (falado numa região que vai de Luanda para o interior, até Malanje), o tchokwe (falado a Leste), o umbundo (no Centro/Sul), o mbunda e o kwanyama (a Sul).

Literatura e as Artes

Num quadro de grande diversidade cultural, a literatura e as artes foram-se afirmando em Angola de forma particularmente inovadora.

A literatura angolana, cuja origem remonta a meados do século XIX, inscreve-se numa tradição intervencionista e mesmo panfletária de uma imprensa feita por naturais da terra e demarcou-se rapidamente das suas congêneres em língua portuguesa, granjeando projecção mesmo fora das fronteiras do país. Ela conheceu a maioridade em 1935, com a publicação do primeiro romance escrito por um angolano, António Assis Júnior: O segredo da morta. Algo mais tarde, Castro Soromenho - embora nativo de Moçambique - havia de fazer com Terra morta e Viragem notáveis análises das relações entre as várias etnias angolanas e os europeus.

A geração dos anos 50, em volta da revista Mensagem, fará realçar nomes como Agostinho Neto, Viriato da Cruz e António Jacinto, que deram continuidade a essa tradição de luta, pois os seus poemas foram decisivos para ajudar a conformar a consciência de gerações inteiras para a necessidade de resistência contra a dominação colonial e pela afirmação nacional.

Nos anos seguintes, autores como Óscar Ribas, Luandino Vieira, Arnaldo Santos, Uanhenga Xitu e Mário António, entre alguns outros, vão recriando uma linguagem que tornava reconhecíveis na palavra escrita modos de ser, pensar e agir que só aos angolanos diziam respeito, contribuindo para a difusão e consolidação de uma identidade própria.

Após a Independência do país, com a formação da União de Escritores Angolanos, multiplica-se a atividade editorial, revelando ou, nalguns casos, consagrando a obra dos poetas Arlindo Barbeitos, David Mestre e Ruy Duarte de Carvalho, e dos prosadores e ficcionistas Henrique Abranches, Manuel Rui Monteiro e Pepetela, que ganhou o prémio Camões, máximo galardão literário em língua portuguesa. Todos eles, a um nível de maior elaboração estética e literária, questionam os rumos do país e ajudam a forjar uma nova sensibilidade (no caso dos poetas) e a recriar uma consciência crítica do todo nacional (no caso dos prosadores).

A incipiente literatura dramática continua praticamente inexpressiva, havendo a registar desde a Independência a publicação de obras de apenas nove autores: José Mena Abrantes (12 obras), Pepetela, Domingos Van-Dúnem e Trajano Nankhova (duas obras cada um); e, com uma única obra, Henrique Guerra, Manuel dos Santos Lima, Costa Andrade, João Maimona e Casimiro Alfredo.

É, no entanto, no plano da música e das artes plásticas que a extrema diversidade da herança nacional se revela com mais intensidade. Quase todos os povos e grupos étnicos angolanos dispõem de um riquíssimo acervo de músicas e danças, que integram com naturalidade o seu quotidiano e agir social, prolongando e recriando de forma praticamente anónima tradições muito antigas. O mesmo se pode dizer da pintura mural e da escultura e estatuária artesanais.

Paralelamente, sobretudo nas áreas urbanas, muitos músicos e artistas plásticos utilizam em maior ou menor grau essas manifestações

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