A Análise Semiotica
Por: Ananísia Batista • 22/10/2018 • Artigo • 1.530 Palavras (7 Páginas) • 300 Visualizações
A EVOLUÇÃO DA ILUSTRAÇÃO NA LITERATURA INFANTIL
Ananísia Batista dos Santos
Faculdade do Centro Leste – UCL
Palavras-chave – literatura infantil, ilustração, Ziraldo, Voltolino, Monteiro Lobato.
Resumo
O presente estudo visa analisar através da semiótica a diferença contida nas ilustrações dos artistas brasileiros Ziraldo e Voltolino, em A menina do narizinho arrebitado de Monteiro Lobato. Ambos os artistas tiveram como missão a criação de um personagem que fez e ainda faz parte da infância de várias crianças.
Introdução
Para uma analise da evolução da ilustração no livro infantil é importante conhecer a trajetória da ilustração dentro da literatura infantil. Além de conhecer os ilustradores a serem analisados.
Ilustração na literatura infantil
Antes de compor os livros que conhecemos hoje, muitas histórias foram passadas por gerações através dos contadores de histórias, que criavam contos e narrativas para explicar às crianças, e até mesmo a adultos, fatos do cotidiano. Essas histórias cativavam o ouvinte, de acordo com a habilidade de encenação do narrador, o timbre da voz e a expressão facial despertavam a curiosidade e o desejo do ouvinte de ouvir o desfecho de cada história. A transcrição dessas histórias foi fundamental na sobrevivência delas por séculos, no entanto, perdeu-se um dos seus principais atrativos, a capacidade artística dos narradores, que instigavam a criatividade e a curiosidade do ouvinte.
Como fazer com que uma criança se interesse pela história que as páginas de um determinado livro contem? Ainda no século XIX, Lewis Carrol em Alice no País das Maravilhas cita a necessidade de se fazer um livro infantil que seja interativo, quando descreve uma personagem entediada por tentar acompanhar sua irmã em um livro sem diálogos, nem figuras.
Os primeiros livros, não eram ricos em gravuras. Continham um número reduzido de ilustrações que descreviam apenas fragmentos importantes do texto. Essas descrições gráficas eram ricas em detalhes, e beiravam o realismo.
Charles Perraut ficou conhecido por adaptar contos e lendas medievais, transformando-os em contos de fadas conhecidos até os dias de hoje. As primeiras ilustrações dos livros de Perrault foram realizadas pelo artista francês Gustave Doré.
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Da mesma forma que a partir de Perrault, a literatura infantil sofreu evoluções de maneira a obter outros tipos de abordagens, não somente o de teor pedagógico e de cunho moralista. A partir de Doré, também houveram grandes evoluções na ilustração de livros infantis. E já em meados do século XX, as histórias passaram a abordar temas próximo ao cotidiano infantil e as ilustrações se aproximaram da linguagem gráfica infantil.
Estudos de Piaget, Freud, e outros foram fundamentais para a mudança no conceito de infância que se tinha. Até então a criança era vista como um adulto em miniatura, por isso, era comum encontrar produtos infantis que somente se diferenciavam dos destinados aos adultos pelas dimensões e alguns poucos detalhes. A partir, desses estudos a criança passa a ter uma série de artefatos com características específicas a sua disposição. E a ilustração na literatura também passa por essa transformação.
O livro passa a interagir de maneiras diferenciadas com o pequeno leitor. Nascem os livros que possuem apenas imagens, que os acompanham no banho, que possibilita recortar e colar, que incentiva a criação de estórias e que possuem uma infinidade de outros artifícios capazes de induzir os mais variados tipos de leitura e interpretação.
Ilustrações e Ilustradores
Foi Monteiro Lobato quem introduziu a literatura infantil no Brasil, ciente da importância da ilustração no livro infantil, Lobato convidou artistas brasileiros para dar vida às suas personagens. Em seu primeiro livro, A menina do narizinho arrebitado, lançado em 1920, João Paulo Lemmo Lemmi, de pseudônimo Voltolino, recebeu a missão de ilustrar essa que seria a primeira obra literária de Monteiro Lobato voltada para o público infantil.
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A ilustração no livro de Monteiro Lobato, embora mais simplificada que as ilustrações dos livros de Perrault, ainda aparecia como uma descrição de apenas um fragmento do texto. As histórias de Lobato ainda fazem parte do imaginário de muitas crianças e adultos, mas há quem diga que toda a magia construída por seus textos está aos poucos sendo abandonada por ocasião de seu texto de difícil leitura.
Já em 1969, é Ziraldo quem resolve investir na literatura infantil, seu primeiro livro voltado para esse público foi FLICTS, mas é em 1980 com o lançamento de O menino maluquinho que Ziraldo emplaca como escritor infantil. Tamanho foi o sucesso que o livro já foi adaptado para teatro, quadrinho, TV, etc. Além de escrever, Ziraldo também dá vida as suas personagens através das suas ilustrações.
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Em seu livro, Ziraldo, utiliza a ilustração para fazer uma descrição do que é dito a cada frase.
Das qualidades visíveis
Em ambos os livros, as ilustrações no miolo aparecem com presença mínima de sombras, e traços simples.
As ilustrações de Ziraldo apresentam apenas as linhas de contorno como em livretos de colorir, sem nenhum volume, possuem ainda uma sutil geometria que garante ao desenho um visual limpo e agradável para quem o observa. Toda a ilustração de O menino maluquinho é concebida de maneira direta e desprendida de detalhes, característica dos desenhos infantis produzidos pelas próprias crianças. A capa do livro é colorida, e Ziraldo faz uso balanceado do degradê para obtenção de volume na imagem. Os traços permanecem simples, o trabalho mais elaborado está na pintura da gravura, utiliza cores fortes e vibrantes. A tipografia utilizada no título do livro possui característica de “feito à mão”.
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