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A Breve Análise Formal e Técnica de 5 Obras da Última Ceia

Por:   •  12/11/2023  •  Trabalho acadêmico  •  3.320 Palavras (14 Páginas)  •  84 Visualizações

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1. Giotto di Bondone (1266-1337), “A última ceia” (1304-06), Cappella degli Scrovegni, Pádua, Itália  

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Figura 1 A última ceia, Giotto di Bondone, afresco, 1304-1306, Pádua. Wikipédia.

 

Contexto histórico e técnica:

A última ceia de Giotto (1266-1337) é um afresco de 200cmx185cm, foi pintado na Capella degli Scrovegni na cidade de Pádua na atual Itália. Por se tratar de um afresco, pintado diretamente na parede da capela, ela ainda está em seu local de origem. Giotto, foi um pintor, escultor, arquiteto e muralista italiano. Acredita-se que esse afresco foi pintando entre 1304 e 1306. Representa a última ceia entre os 12 discípulos e Jesus Cristo.  

No momento em que Giotto estava ativo como artista, a Europa estava emergindo da Idade Média, que havia sido caracterizada pela predominância da arte religiosa e pela iconografia rígida e simbólica. Giotto desempenhou um papel crucial na transição da arte medieval para o Renascimento, introduzindo elementos de naturalismo e representação tridimensional.

A representação da Última Ceia por Giotto é notável por seu estilo mais humano e narrativo. Ele quebrou com as convenções medievais ao retratar os discípulos em um ambiente mais realista, com emoções expressas em seus rostos e uma tentativa de criar uma sensação de profundidade no espaço.  

A técnica do afresco se resume a pintura sobre a argamassa ou gesso ainda fresca na parede, utilizando pigmentos puros diluídos na água que penetram no suporte e formam uma camada pictórica. Pode ser feito em paredes ou no teto. É uma técnica com registros desde a antiguidade, em especial pelos gregos e romanos.

 

Análise formal:

Linear vs. Pintoresco:

   Giotto opta por um estilo mais linear, caracterizado por contornos definidos e formas bem delineadas. Isso é evidente nas linhas fortes que definem as silhuetas dos personagens e seu panejamento, e, como o olhar do espectador é conduzido para o limite das formas como na Figura 2. As figuras têm uma clareza e nitidez semelhantes, criando uma sensação de estrutura e simplicidade na composição.

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Figura 2 Detalhe A última ceia, Giotto. Wikipédia 

Plano vs. Profundo:

   Embora Giotto incorpore alguma profundidade em sua representação, seu uso assim como o da perspectiva é mais limitado em comparação com as representações posteriores da Última Ceia. Ele divide o espaço em camadas, planos. Sendo as figuras e a mesa como espaço central. Os personagens retratados também estão em planos distintos, o artista fez uma simples contraposição de frente e trás. A posição corporal dessas representações também segue a lógica linear do plano, nenhum deles foi pensado, representado realizando algum movimento que interfira nessa dinâmica linear. Essas características podem ser vistas na Figura 3 a seguir:

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Figura 3 Detalhe A última ceia, Giotto. Wikipédia 

 

Claro vs. Escuro:

   Giotto utiliza uma iluminação uniforme, criando uma nitidez formal onde tudo é visto. As formas, contornos, estão todos evidentes. Além disso fez uso de uma modelagem de sombras bem suavizadas, como diferenças tonais, para dar volume às figuras.  

Pluralidade vs. Unidade

   A obra de Giotto apresenta fortes características de pluralidade, multiplicidade. Os personagens representados possuem certa independência, podem ser isolados e ainda sim compreendidos, entretanto, ainda fazem parte do conjunto. Essa lógica pode ser aplicada as 13 figuras representadas na pintura.

Fechado vs. Aberto

   A composição de Giotto é mais fechada em comparação com representações posteriores da Última Ceia. As figuras estão contidas dentro de uma sala com uma arquitetura definida, criando uma sensação de espaço limitado e confinado. A representação é mais focada na cena central, sem uma expansão excessiva do espaço. É predominante a oposição entre as linhas verticais e horizontais, seja nos personagens representados e ba mesa onde estão dispostos, seja nos elementos arquitetônicos retratados, o que é outra característica desse modelo fechado. O artista passa a ideia de que a obra é apenas aquilo que se vê, delimitada fisicamente por suas dimensões e seu formato.

 

2. Andrea del Castagno (1419-1457), “A última ceia” (1445-50), Sant'Apollonia, Florença, Itália.

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Figura 4 “A última ceia”, Andrea del Castagno, 1445-50, Florença, Itália. Wikipédia. 

Contexto Histórico e técnica:

Afresco datado entre 1445 e 1450, pintado por Andrea del Castagno (1420-1457), possui 543cmx975cm. Foi pintando em uma das paredes do refeitório do antigo Convento de Sant’Apollonia, hoje parte do Museu da Comuna de Florença.

A técnica do afresco se resume a pintura sobre a argamassa ou gesso ainda fresca na parede, utilizando pigmentos puros diluídos na água que penetram no suporte e formam uma camada pictórica. Pode ser feito em paredes ou no teto. É uma técnica com registros desde a antiguidade, em especial pelos gregos e romanos.

No início do século XV, a Renascença estava em ascensão na Itália, e artistas como Andrea del Castagno estavam experimentando novas técnicas artísticas e buscando representar figuras humanas de forma mais realista e tridimensional. "A Última Ceia" é um exemplo notável dessa abordagem, destacando-se pelo uso de perspectiva linear e atenção aos detalhes anatômicos.

 

Análise formal:

Estilo Linear vs. Pintoresco

   Andrea del Castagno adota um estilo mais linear em "A Última Ceia". As figuras são representadas com contornos nítidos e formas bem definidas. Esse estilo enfatiza a sua clareza e a estrutura, com poucas variações nas formas.  

Plano vs. Profundo

   As figuras estão organizadas em um plano linear com pouca profundidade, dividido em simples camadas. Ao contrário da obra anterior, nessa apenas um personagem se encontra em primeiro plano, passando uma impressão de maior simplicidade nesse aspecto. Como na obra de Giotto, as posições corporais dos personagens também seguem a lógica linear do plano, entretanto apresenta alguns gestos tímidos projetados para a frente, mas que ainda não quebram o espaço do plano em que estão inseridos como mostra a Figura 5. Apesar de ainda apresentar pouca profundidade, o contraste entre as linhas verticais e paralelas da edificação fazem com que essa característica seja mais acentuada nesta obra do que na apresentada anteriormente. Aqui, essa oposição de linhas não está presente apenas no contorno das paredes, mas também nos detalhes compositivos da decoração do espaço.

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