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A Consolidação do Mercado de Bens Culturais nos Anos 1960-1970

Por:   •  6/7/2016  •  Artigo  •  1.124 Palavras (5 Páginas)  •  487 Visualizações

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A consolidação do mercado de bens culturais nos anos 1960-1970

No Brasil, as décadas de 1960 e 1970 foram marcadas como décadas da consolidação do mercado de bens culturais e definidas pela repressão e censura, advindas de um governo autoritário militarista.

               Neste período, também, houve uma reorganização da economia do país que permitiu, com a maior inserção no processo de internacionalização do capital, o fortalecimento da produção de cultura e do tráfico cultural, assim como do tráfico de bens materiais.

               Em 1964, quando a censura foi, de fato, instalada, houve um forte barramento a todo e qualquer produto cultural e ao mesmo tempo, foi a época onde mais se produziu e difundiu conteúdo de cultura. Tudo explica-se devido a haver uma repressão seletiva contra as obras culturais e não aos meios ao qual elas eram produzidas. Renato Ortiz (ORTIZ, 2010) coloca o seguinte:

“São censuradas as peças teatrais, os filmes, os livros, mas não o teatro, o cinema ou a indústria editorial. O ato censor atinge a especificidade da obra, mas não a generalidade da sua produção. (...) Isto se deve ao fato de ser o próprio Estado autoritário o promotor do desenvolvimento capitalista na sua forma mais avançada.” (ORTIZ, 2010)  

Levando em conta a percepção de Ortiz, o Estado tem em mãos uma grande máquina de coerção em massa, onde ele pode controlar o que as pessoas irão consumir culturalmente e manter os costumes.

               Desde então, o Estado depreende o quão importante é atuar junto ás esferas culturais, o controle obtido sob a massa, a capacidade de difundir ideias, a comunicação direta e, como o próprio Ortiz cita (ORTIZ, 2010), a possibilidade que têm em criar estados emocionais coletivos.

               Diante de todo este cenário favorável, o Estado inicia a elaboração de uma gestão política cultural, criando novas instituições como a FUNARTE, o Conselho Federal de Cultura, o Instituto Nacional do Cinema, o Pró-memória, a EMBRAFILME etc, objetivando fortalecer, cada vez mais, os laços entre Estado e empresas de cultura. Renato Ortiz considera o seguinte:

“Ambos os setores vêem vantagens em integrar o território nacional, mas enquanto os militares propõem a unificação política das consciências, os empresários sublinham o lado da integração do mercado.” (ORTIZ, 2010)

Essa integração que Ortiz considera, nada mais é do que a mesma ponte para caminhos diferenciados.

               Ainda seguindo Ortiz, o que melhor caracteriza o advento e a consolidação da indústria cultural no Brasil é o desenvolvimento da televisão.

               Apesar de existir o conflito entre Estado e televisão em detrimento da censura, a mesma não é motivo para dissensão. As emissoras que buscam conquistar o mercado a qualquer custo se submetem a assinar um protocolo de autocensura, o que faz delas maiores alinhadas do Estado tendo em vista, também, que o Estado será o maior gerador de propaganda entre essas emissoras, assim captarão maiores recursos e crescerão diante ao mercado. Dentro dessas condições encontra-se a Tv Globo e a Tv Tupi.

               Esta aliança entre Estado e cultura fez com que a produção, a expansão e o consumo de cultura se desenvolvesse e ampliasse consideravelmente, havendo também a consolidação da cultura de massa.

               Na década de 1970 o costume de assistir televisão se estabelece por todas as classes sociais do Brasil. A produção e o consumo de aparelhos eletroeletrônicos aumenta torrencialmente, as pessoas já não precisam mais sair das suas casas para ter um momento de lazer, elas, agora, possuem televisão e assistem à telenovelas, assim, tendo como consequência também a diminuição do público do cinema que antes era considerável. As rádios passam a ser conveniadas com outras estações e centram em uma programação destinada a um público alvo, assim como suas propagandas. As revistas também se especializam e os jornais passam a pesquisar onde está o interesse do leitor para publicar eventuais matérias.

               Logo, com a expansão do setor cultural, os grandes empreendedores passam a presar pelo processo de racionalização do tempo de produção e passam a administrar aglomerados cada vez maiores e que conquistam fatias cada vez mais largas no mercado de bens culturais.

               Isto posto, a implantação de uma indústria cultural modifica o padrão de relacionamento com a cultura. A escola de Frankfurt (FRANKFURT, 1985) diz que numa sociedade de consumo a cultura se torna mercadoria, seja para aquele que a fabrica ou a consome. Porém, devemos levar em conta que a cultura não é unicamente mercadoria, é também, mas não única. A cultura faz com que cada bloco social se identifique e identifique seus pensamentos.

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