A Formação da Música Popular Brasileira Urbana e Seus Instrumentos
Por: aldolandi • 19/10/2021 • Artigo • 4.195 Palavras (17 Páginas) • 222 Visualizações
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FACULDADE VENDA NOVA DO IMIGRANTE
Pós - Graduação em Música
ALDO DA SILVA BASTOS JUNIOR
A MÚSICA BRASILEIRA URBANA E SEUS PRINCIPAIS INSTRUMENTOS
São Paulo
2021
A MÚSICA BRASILEIRA URBANA E SEUS INSTRUMENTOS
ALDO DA SILVA BASTOS JUNIOR
RESUMO
O presente trabalho aborda os principais gêneros que formaram a música urbana brasileira, observando os termos, a síntese histórica e os instrumentos utilizados para tocar cada estilo, a partir das culturas envolvidas. A pesquisa abrange o período que se estende do final do século XVII, aos dias atuais, identificando os ritmos que contribuíram diretamente para a construção da mpb. A metodologia aplicada trata-se da bibliográfica, consultados os autores que abordam os assuntos relativos ao tema proposto.
Palavras Chave: Batuque, Lundu, Maxixe, Choro, Samba.
- INTRODUÇÃO
Esta pesquisa apresenta a formação da música brasileira urbana, quanto aos estilos que lhe deram origem e os principais instrumentos utilizados. Para tanto, estabelecemos como premissa determinar de que maneira o fenômeno ocorreu e considerando os gêneros que no Brasil urbano floresceram, desde meados do século XVII, aos dias atuais.
Não se trata de um apanhado do folclore disponível, porém de realizar uma captação dos estilos e instrumentos que contribuíram para a formação da mpb - música popular brasileira, tomando como referência a cidade do Rio de Janeiro, uma vez que a maioria dos autores se dedicam à busca no universo rural e pouco dissertando sobre como a música do campo migrou para os centros urbanos. Foi descartada a influência indígena na pesquisa, por essa cultura ter sido afastada pelos atos de evangelização dos jesuítas.
A contribuição europeia ocorreu por suas estruturas tonais, modais, pela forma e instrumentos que encontramos na música popular e erudita de países como Portugal, Itália e Alemanha, e que ocorreram no Brasil a partir de meados do século XVII. Relevante é a contribuição norte-americana pela criação do cool jazz, rock, funk, pop music, rap e hip-hop, bem como por sua hegemonia no desenvolvimento dos instrumentos eletrônicos no século XX.
O objetivo do presente trabalho é a investigação dos gêneros e instrumentos formadores da música popular brasileira urbana, sendo os específicos, aqueles que apontam para cada grupo étnico e como contribuíram para a ocorrência da mesma no Brasil.
Consideramos importante a presente pesquisa, porque ela tenta esclarecer sobre como nasceu o samba, a bossa - nova, a tropicália, bem como a evolução dos instrumentos musicais utilizados para cada gênero no cancioneiro urbano brasileiro. Foi adotada por metodologia a pesquisa à bibliografia disponível e que trata dos temas relacionados ao presente trabalho.
- DESENVOLVIMENTO
A formação da música brasileira ocorre a partir da fusão de ritmos, melodias e harmonia provenientes dos colonizadores portugueses e dos escravos africanos. Diniz, (2010, p.21), acredita que a música indígena tenha contribuído, porém, não justifica o alegado e deixando uma lacuna a ser preenchida. Com opinião oposta encontramos Tinhorão (1972, p.12), que descreve a exclusão da cultura nativa afirmando que a pressão pela catequização efetuada pelos jesuítas, afastou qualquer resquício da música original dos índios. Cita que essa arte ficou de fora da estruturação da mpb, pelo desprezo que o colonizador branco desenvolveu ao indígena e suas manifestações sociais, em prol de uma suposta superioridade da civilização branca. Gallet (1934, p.37), conclui que a música brasileira é luso-africana, admitindo apenas essas etnias no processo de formação.
2.1 A Modinha
Trata-se de um estilo de composição musical que se tornou popular em Portugal, a partir do século XVIII. Denominada moda portuguesa, nasceu das árias de óperas italianas e preza pelo sentido dramático que afeta emocionalmente o indivíduo, por utilizar tons ou modos menores. O gênero pode ser descrito como um produto do romantismo e que ocorreu, tanto em Portugal, quanto nos países por ele colonizados (SINZIG, 1976, p. 379). Contudo, a modinha não carrega pretensão estética das escolas eruditas da música europeia; ela demonstra apenas algumas afinidades com o período romântico, uma vez que descreve sensações e relações humanas no cerne de cada peça musical.
Quanto à forma, a modinha possui estrutura de canção avulsa não se tratando de parte integrante de uma obra maior como as óperas, operetas, cantatas ou outras peças. (ENCICLOPÉDIA BARSA,1974, p.176). O estilo possui andamento lento e não tardou em conquistar o gosto popular, tanto em Portugal, quanto no Brasil, por trazer temas relacionados aos devaneios, sendo considerada uma ameaça aos bons costumes determinados pela estrutura social da época. (TINHORÃO,2010, p.123). Sobre o termo modinha, Lima (2001,p.48) afirma que em Portugal, ocorria a palavra “Moda’ e que representava um tipo qualquer de canção, não o vestuário.
A modinha foi o primeiro gênero musical brasileiro a ser exportado e a fazer sucesso fora do Brasil, porque na cidade do Rio de Janeiro, o estilo encontrava-se sedimentado entre todas as camadas da população. Ela representou o início da história do cancioneiro popular urbano do país, contudo, progressivamente acabou por se fixar nas regiões interioranas da nação (SINZIG, 1976, p. 379), deixando de ser arte urbana. Tom Jobim e Chico Buarque de Hollanda, na década de 1970, continuaram a compor modinhas (TINHORÃO,1997 apud GIRON, 1997), o que demonstra estar, o estilo, ainda vivo. Os instrumentos utilizados para tocar as modinhas eram as violas e a guitarra.[1] (CASTAGNA, s.d.).
2.2 Lundu
O lundu é um estilo de música e dança dos negros escravos vindos de Angola, que foi desenvolvido do final do século XVIII ao XIX no Brasil. Alguns pesquisadores afirmam que o gênero surge com influência do batuque e que era praticado nas rodas de sèmba, umbigada, na Bahia. Sinzig (1976, p.87- 88), demonstra que o batuque aponta para qualquer dança vinda da África, podendo conter ou não a umbigada. Nesse aspecto, a dança de roda do nordeste não representa o culto praticado no Rio Grande do Sul, por tratar-se de uma religião. (SOUZA, 2020).
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