A História da Arte no Século XIX
Por: Eduarda Oberg • 20/10/2021 • Trabalho acadêmico • 1.699 Palavras (7 Páginas) • 130 Visualizações
1 – CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRIA
O mundo presenciou o início das contestações ao absolutismo em meados do século XVIII, tendo como influência os ideais iluministas que eram desenvolvidos na época, e ganhando força com a Revolução Industrial que ocorria ao mesmo tempo. As mudanças drásticas na economia deram força à classe burguesa, que foi privilegiada durante o crescimento industrial e usou deste para exigir maior presença nas ações políticas, descentralizando o poder do Rei, e tirando a força que a Igreja obtinha na época.
A monarquia viveu seus tempos de glória antes do início das revoluções, envolta em muita riqueza e demonstrações grandiosas como prova de seu poder. Tal prazer em se cercar de extravagância foi saciado com o estilo Rococó/Barroco, que se manteve de 1720 até em torno de 1770, instaurando uma ideia exagerada e expressiva, ornamentando tudo em seu alcance, e trazendo o aspecto de luxuosidade tão almejado. A arquitetura, o design dos interiores dos palácios e até mesmo as roupas foram contagiadas por essa onda de riqueza, a qual exigia um trabalho árduo da plebe, que gerava diretamente a renda que bancava os privilégios da burguesia, sendo esse um dos motivos para o culminar de uma insatisfação cultivada por anos.
No século XIV, após o desenrolar das Revoluções Francesa e Americana, a sociedade já não tinha o mesmo olhar sobre a solidez do poder monarca, assim como não mais consegui admirar a exuberância contida no estilo artístico da época, e o que ele representava.
2 – NEOCLASSICISMO
O movimento artístico adotado posteriormente foi o Neoclassicismo, este tendo como base os ideais iluministas, trazendo os conceitos de formalidade, proporção e clareza, em oposição à estética barroca com suas ornamentações, excessos e irregularidades.
Durante o século XVIII, as escavações nas regiões das atuais Grécia e Roma estavam em um momento de glória com as descobertas das cidades de Herculano e Pompeia, e tais acontecimentos trouxeram o renascimento do espírito heroico e dos padrões arquitetônicos e decorativos greco-romanos. Diante das consequências mundiais geradas pela Revolução Francesa, o modelo clássico ganha um sentido ético e moral, associando as mudanças na visão do mundo social aos estudos desenvolvidos sobre a sociedade e o homem por estas antigas civilizações, enquanto consequentemente tira o foco das crenças religiosas e se apoia do Iluminismo valorizando o homem e sua realidade.
Os neoclássicos defendiam a supremacia da técnica, e a necessidade de um projeto guiando a execução da obra, seja ela uma tela ou um edifício. Em virtude de tais exigências, o ensino aplicado nas academias de arte foi muito valorizado, abrindo mão da liberdade pela imaginação e do conceito individual, para debruçar-se nas técnicas e regras ensinadas na academia.
A arquitetura neoclássica ficou marcada pela retomada dos clássicos greco-romanos, trazendo elementos como as colunatas, frontões e grandes arcos em grandes dimensões, com objetivo de demonstrar seu poder econômico e social, contrapondo a monumentalidade das construções religiosas e monarcas da época. Um dos maiores nomes desse período foi o do arquiteto francês Pierre-Alexandre Barthélémy Vignon, responsável por erguer a Igreja de Maria Madalena, que foi consagrada em 1842 e possuía toda sua estrutura inspirada nos templos gregos, contando com um cumprimento de 108 metros, uma largura de 43 metros e 30,5 metros de altura.
Figura 1 – Igreja de Maria Madalena
[pic 1]
Fonte: Biblioteca Digital Mundial (2014)
Em relação às pinturas, os artistas neoclássicos abriram mão das cores e do contraste presentes no Rococó pelos valores greco-romanos, passando a retratar momentos históricos e retratos, apostando em imagens realistas com contornos precisos, sem marcas de pinceladas, harmônicas e proporcionais. A beleza idealizada, novamente remetendo aos ideais gregos, estava claramente presente, notando-se a partir dos estudos e cálculos precisos realizados antes da criação da obra afim de manter a rigidez no método, que leva em conta a proporção áurea.
Sendo o maior pintor neoclássico francês, Jacque Loius David colocou em prática todos os conceitos abordados anteriormente em obras como O juramento dos Horácios (1784), o qual celebra a vida e a arte da Roma antiga, enquanto retrata o momento em que os Horácios juram diante do pai lealdade ao Estado, afirmando estarem dispostos à morrer pela pátria.
Figura 2 – O Juramento dos Horácios
[pic 2]
Fonte: Santhatela (2020)
As esculturas produzidas nesta época voltaram-se para a representação dos grandes heróis, dos personagens importantes e dos homens públicos. A preocupação com a harmonia era clara, os materiais usados eram o mármore e o bronze, e o país que abrigou os maiores escultores neoclassicistas foi a Itália.
3 – ROMANTISMO
Como resposta ao Neoclassicismo, o Romantismo esteve presente de 1820 a 1850, e os artistas deste movimento procuravam libertar a arte das convenções acadêmicas, com base na livre expressão da personalidade do artista, podendo associar-se à tensão encontrada na França em relação à pauta de respeito aos direitos individuais levantada durante a Revolução Francesa. O movimento alemão chamado Strürm und Drang também foi fonte de inspiração para os românticos, o qual tinha como principais elementos o sentimento e a natureza.
A formalidade aderida no Neoclassicismo foi brutalmente contestada, com o retorno das emoções, da fantasia, da originalidade e exaltação à natureza, sendo aqui o início da pintura moderna de paisagem. As irregularidades retornaram após a rigidez à proporção, assim como a preferência às formais mais complexas e curvas.
A inspiração nas antigas civilizações manteve-se, mas desta vez, se estendendo apenas até a Idade Média e redescobrindo o românico e o gótico, reanalisando e reaplicando suas técnicas. A sociedade burguesa vivia um ápice econômico, e ao ver o contexto histórico, a burguesia identificou-se à aristocracia do período medieval, querendo trazer de volta a ostentação vivida pela monarquia.
Além da Idade Média, a arte exótica também foi estudada, e características da cultura chinesa, japonesa, indiana e africana foram incorporadas às releituras que estavam sendo feitas, pois com a vontade de cultivar a excentricidade, a burguesia investia alto em viagens e no consumo de arte; Durante esse período, foram criadas as construções Neogóticas, as Neorromânicas, Neobarrocas, Neoárabes e Neomedievais, comprovando o sentimento inquieto, insatisfeito e sonhador presente no movimento romântico, que junto às assimetrias deliberadas e composições pitorescas, conseguiram criar estruturas mais elaboradas e com efeitos visuais totalmente novos, que no fim, originam o Exotismo.
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