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A Linguagem das Coisas

Por:   •  14/9/2018  •  Resenha  •  1.731 Palavras (7 Páginas)  •  681 Visualizações

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A Linguagem das coisas (Capitulo 05 - Arte)

Deyan Sudjic

Palavras-chave: Utilidade, Arte, design, massa, valor.

Nesse capitulo o autor começa falando que, em um certo nível, a arte é inútil e o design é util. Em seguida fala de conforto e quem merece isso, dando o exemplo de um carro, onde normalmente o banco do motorista é mais confortável, diferente de um carro com chofer, onde o ocupante mais importante é quem o assento mais confortável. Mas quanto mais inútil uma coisa é mais valor tem, como diversos objeto de decoração de luxo.

Mas a arte não deve ser comparada com o design, já que se tratam de coisas totalmente diferente. Apesar que no início os primeiros designers, em 1930, intitularam-se de Sociedade dos Artistas Industriais. Mas a arte tem o poder de transformar materiais banais em objetos de muito valor. O design faz algo parecido, embelezando objetos do dia a dia, algo que nos fizesse lembrar o mundo além da utilidade. Apesar de que o Museu de Arte Moderna (MoMA) expõe Design sugerindo como algo tão inútil quanto arte, mesmo assim importante. Designers aprenderam a não acreditar que design é arte, mesmo assim muitos tentam se tornar artistas e consideram design como arte; uma arte diferente. O autor cita diversos exemplos de designs inúteis, mas defende que muitos designs sem função pode ser um investimento em novas em pesquisa e inovação.

A cadeira, considerada útil, é um grande exemplo de evolução de design, tecnologia e técnica de produção, pois existe há séculos.

Ao longo do capitulo exemplos de obras de design que se mesclam a arte e pensamentos de diversos profissionais são expostos para saber o lugar do design e da arte, mas fica claro que a arte e seus objetivos estão mais próximos do design. Sendo que muitos critérios parecidos são levados em conta para a criação da obra e/ou objeto.

  1. "É um paradoxo curioso que até o mais materialista de nós tenda a dar mais valor ao que pode ser chamado de inútil do que ao útil. Inútil não no sentido de não ter finalidade, mas sim de não ter utilidade, ou pelo menos, não muita". (DEYAN SUDJIC, 2010, p. 167)
  2. "Uma Ferrari chama mais atenção que um Volkswagen, mas não é um meio prático de transporte urbano. E, em um nível fundamental, enquanto a arte é inútil, o design é útil". (DEYAN SUDJIC, 2010, p. 167)
  3. "Alguns designs são menos uteis que outros, e são os que têm mais status que os outros". (DEYAN SUDJIC, 2010, p. 167)
  4. "A utilidade é inversamente proporcional ao status. Quanto mais inútil, mais valorizado é um objeto". (DEYAN SUDJIC, 2010, p.168)
  5. "O design é considerado uma espécie de atividade que não deve ser comparada com a arte. A arte, supostamente, trata de toda uma categoria de coisas inteiramente diferentes". (DEYAN SUDJIC, 2010, p.168)
  6. "Na Grã-Bretanha, costumava-se chamar o design de arte comercial, para designa-la de arte de verdade. Quando os designers começaram a se organizar profissionalmente em 1930, intitularam-se Sociedade dos Artistas Industriais". (DEYAN SUDJIC, 2010, p. 168)
  7. "Entre outras coisas, nos falam do poder que a arte tem de transformar materiais banais em objetos de valor incalculável.  Mas é disso que o design também trata - em geral não como ferramenta crítica, mas oferecendo um guia passo a passo". (DEYAN SUDJIC, 2010, p. 169)
  8. "O design sempre envolveu moldar e embelezar coisas do dia a dia, para nos fornece algo que nos lembrasse o mundo para além da utilidade. O design se preocupa com o caráter emocional dos objetos". (DEYAN SUDJIC, 2010, p. 169)
  9. "Quase todos os designers foram treinados para, no fundo, acreditar que design não é arte. Talvez por isso tentem com tanta frequência ser artistas". (DEYAN SUDJIC, 2010, p. 169)
  10. "Para o design, o contexto e o processo são essenciais". (DEYAN SUDJIC, 2010, p. 173)
  11. "Por isso, obviamente, o Museu de Arte Moderna apresenta o design da forma que apresenta. De modo consciente ou não está fazendo o melhor para sugerir que o design é tão inútil quanto a arte, e, portanto, quase tão importante". (DEYAN SUDJIC, 2010, p. 173)
  12. "Arthur Drexler, que foi durante muito tempo curador das coleções de design e arquitetura do MoMA, se recusou a colecionar mais que um punhado de aparelhos mecânicos durante sua gestão. Afirmava que, "muitas vezes, seu design é determinado por fatores comerciais, irrelevantes ou até prejudiciais a qualidade estética". (DEYAN SUDJIC, 2010, p. 173)
  13. "O design cresceu em torno de um conjunto de ideias fundamentais. Uma é que design é uma resposta a uma série de instruções. É apresentado um problema para os designers, e eles encontram um modo de soluciona-lo. Outra é que o design é essencialmente democrático: aspira à produção em massa e à acessibilidade, o que pode ser o maior desafio dos designers". (DEYAN SUDJIC, 2010, p. 174)
  14. "Todos os designers que chamavam atenção na feira estavam fazendo coisas que, à primeira vista, são tudo o que o design não é. Estavam criando objetos que não tinham nenhuma relação com a solução de algum problema. Estavam produzindo coisas que eram fundamentalmente inúteis, em números reduzidos, e a preços elevadíssimos. Significa que não eram mais designers?" (DEYAN SUDJIC, 2010, p. 176)
  15. "A separação entre arte e design talvez não seja tão acentuada como às vezes sugere. Quer se reconheça ou não, o design sempre tratou de algo mais que dá utilidade imediata" (DEYAN SUDJIC, 2010, p. 177)
  16. "A moda vistosa e inutilizável tem uma relação simbólica com a corrente dominante da indústria do vestuário, e o design sem função pode ser um investimento em pesquisa e inovação, da forma como a indústria automobilística usa carros-conceito e a Formula 1 explora novas técnicas e novos materiais que mais tarde podem ser aplicados à produção em massa". (DEYAN SUDJIC, 2010, p. 177)
  17. "A cadeira, no fundo, é um objeto que deve ser descrito como útil, mas também é considerado culturalmente significativo porque tem uma longa história muito ligada a tantas finalidades que vão bem além da utilidade". (DEYAN SUDJIC, 2010, p. 180)
  18. "A cadeira é um reflexo impressionante das mudanças em tecnologia, técnica de produção e estética - embora as inovações técnicas mais promissoras dos últimos anos, como a moldagem por sopro de gás, que levam em conta a produção barata de formas resistentes e intricadamente esculpidas, foram antes emprestadas da indústria de autopeças do que produzidas para a manufatura moveleira". (DEYAN SUDJIC, 2010, p. 184)
  19. "Todos esses designers criaram objetos que fizeram muito mais do que tratar da questão puramente pragmática de sentar. Cada um de seus produtos podia ser visto como uma espécie de manifesto em prol de uma abordagem pessoal do design. E todos os objetos produzidos tem o respaldo de argumentos fortes para serem considerados não menos emblemáticos de sua época do que a arte feita por seus contemporâneos". (DEYAN SUDJIC, 2010, p. 186)
  20. "O contra-ataque frustrado à suposição de que o design não é tão importante quanto a arte se fundamentou na sugestão de que a arte foi marginalizada desde seu dia de glória como reflexo do poder do Estado e da fé religiosa. Umas sucessões de polemistas afirmam que a cultura industrial agora ocupa a posição central que a arte deixou vaga". (DEYAN SUDJIC, 2010, p. 191)
  21. "Diz-se sempre que a verdadeira arte do mundo moderno é a engenharia. Mas, na verdade, a verdadeira arte do mundo moderno acaba sendo a arte, que nunca foi mais poderosa do que é hoje. Os artistas se transformaram inesperadamente numa classe de xamãs, e conseguiram assimilar as técnicas da indústria para ajuda-los a fazer isso". (DEYAN SUDJIC, 2010, p. 192)
  22. "A arte contemporânea se tornou tão cara que só os museus e as galerias com enormes recursos financeiros podem compra-la". (DEYAN SUDJIC, 2010, p. 192)
  23. "Certamente o processo, se não os objetivos, de fazer arte, está mais próximo do design e da fabricação". (DEYAN SUDJIC, 2010, p. 193)
  24. "Muitos dos critérios para o sucesso ou o fracasso de uma obra chegam muito perto dos valores dos quais o design depende. A qualidade da confecção, a habilidade com que as juntas são formadas e o caráter tátil da superfície são fundamentais para o impacto do objeto acabado. Trata-se de uma convergência que certamente já incitou alguns a tratar design como se fosse arte. Ou, pelo menos, valoriza-lo como se fosse". (DEYAN SUDJIC, 2010, p. 193)
  25. "Arte e o design servem às vezes para se reforçar mutuamente". (DEYAN SUDJIC, 2010, p. 195)
  26. "As tentativas mais estudadas de eliminar a distância entre arte e design raramente foram bem-sucedidas". (DEYAN SUDJIC, 2010, p. 195)
  27. "A conclusão inevitável é que os objetos que podem ser categorizados como obras de design de fato carregam o fardo da utilidade, e, portanto, são menos valorizados na hierarquia cultural do que a categoria essencialmente inútil da arte". (DEYAN SUDJIC, 2010, p. 203)
  28. "Mas, apesar do que pretendia fazer e ser, a produção em massa ode rapidamente adotar características análogas as do trabalho artesanal. Os objetos produzidos em massa se diferenciam à medida que envelhecem, e com o passar do tempo começam a adquirir uma aura, a despeito das intenções de seus designers". (DEYAN SUDJIC, 2010, p. 203)
  29. "O preço, obviamente, pode tornar-se inútil um objeto útil". (DEYAN SUDJIC, 2010, p. 204)
  30. "[...] o mais inútil do útil é o mais valioso". (DEYAN SUDJIC, 2010, p. 204)
  31. "A arte cria uma linguagem a qual o design responde. O design também tem o seu papel na criação de um vocabulário visual que molda o que os artistas fazem". (DEYAN SUDJIC, 2010, p. 210)
  32. "Para o designer, fazer um objeto critico é cuspir no prato em que come. Sem o comércio, o desenho industrial não pode existir". (DEYAN SUDJIC, 2010, p. 211)
  33. "Esse debate entre ideologia e utilidade é, em parte, um reflexo da tendência que os profissionais criativos procuram a fim de aumentar seu prestigio. A utilidade é, ao que parece, a qualidade mais valiosa. Assim os designers aspiram a ser artistas". (DEYAN SUDJIC, 2010, p. 211)
  34. "Desde que surgiu como profissão independente, o design é usado para manipular o desejo. Tratava da separação entre o configurar e o fazer". (DEYAN SUDJIC, 2010, p. 216)
  35. "A ideologia do design está vinculada à solução de problemas. Agora nos oferecem uma categoria inteiramente diferente de objeto". (DEYAN SUDJIC, 2010, p. 216).

SUDJIC, Deyan. A linguagem das coisas. Intrínseca, Rio de Janeiro, 2010. vol. 1, n. 1, capítulo 05 p. 166-216.

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