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A MULTIPLICIDADE DE FOCOS E MULTIPLICIDADE DE SENTIDOS

Por:   •  9/7/2017  •  Pesquisas Acadêmicas  •  3.132 Palavras (13 Páginas)  •  303 Visualizações

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Universidade Federal do Rio de Janeiro

Escola de Belas Artes

Artes visuais - Escultura

MULTIPLICIDADE DE FOCOS/ MULTIPLICIDADE DE SENTIDOS

Daniela Andrade

Rio de Janeiro - RJ

2017

Universidade Federal do Rio de Janeiro

Escola de Belas Artes

Artes visuais - Escultura

MULTIPLICIDADE DE FOCOS/ MULTIPLICIDADE DE SENTIDOS

DANIELA ANDRADE

     Monografia de conclusão da disciplina Teorias da arte contemporânea I apresentada ao Curso de Artes Visuais - Escultura, da Escola de Belas Artes, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, sob a orientação da Prof Liliane Benetti

                                                           

Rio de Janeiro - RJ

2017

Introdução

A arte percorre junto com a história da humanidade o caminho natural de constantes transformações. Sendo assim, a presente monografia discorre a cerca dessas transformações por meio de processos históricos e contextualiza os movimentos artísticos que se desenvolveram a partir disso e apresento paralelos com a minha própria produção artística.

Para isso há uma divisão em cinco capítulos: no primeiro, apresento uma síntese histórica do Construtivismo Russo, um movimento do início do século XX, com ideais revolucionários e como ele influenciou o cinema Russo. No segundo capítulo, faço uma breve exposição dos trabalhos de Einsestein e reflexões sobre o seu modo de criação. No terceiro, aprofundo o tipo de montagem que Einsestein empregou no cinema e como é usado ainda hoje. No quarto abordo o Surrealismo no cinema, usando como referência obras de Man Ray e Fernand Léger. No quinto e último capitulo, faço uma descrição de um de meus trabalhos e traço alguns paralelos com esses movimentos artísticos.

A partir da bibliografia estudada faço esse percurso em uma parte da história, na tentativa de mostrar as contribuições e influências das vanguardas artísticas, no processo contemporâneo de se fazer arte e a partir disso refletir sobre o futuro da arte e da vida.

I. Construtivismo Russo

A ideologia revolucionária e libertária que impregnou as vanguardas em geral, adquire feições concretas na Rússia, diante da revolução de 1917 que foi um  dos acontecimentos mais marcantes do século XX, de um ponto de vista social e político, e certamente artístico.

A nova sociedade projetada no contexto revolucionário mobiliza os artistas em torno[a] de uma arte nova, que se coloca a serviço da revolução e de produções concretas para a vida do povo[b]. A expressão artística, no Construtivismo, deveria ser pensada em termos de construções não separadas da realidade e precisaria servir aos objetivos na constituição de um  mundo socialista, ou seja, a arte era vista como um instrumento predominantemente político e libertador – devendo suprir as necessidades físicas e intelectuais da sociedade[c].

O cinema visto como arma de agitação política, de manipulação e difusão de ideias e mensagens, logo foi olhado como a arte por excelência para servir os desígnios dos bolcheviques. Nesse contexto o movimento do construtivismo levou o cinema a retratar etapas da Revolução de 1917 e a difundir seus ideais.

Se o fenômeno social era explicado por “tese, antítese e síntese”, para se concluir que a sociedade avançava historicamente com base nesta progressão, no cinema a ideia vingava de igual forma: um plano (tese) ligado a outro (antítese), impõem uma síntese de significado que não é igual à soma dos dois, mas a algo que ultrapassa essa soma (síntese[d]).

De modo oposto à narrativa clássica, a construção visa sair da literalidade do sentido, ela não busca o primeiro nível de significação da imagem. Através da organicidade, o sistema geral cumpre o papel de atribuir significação ao que é particular, tendo como referência sempre a relação entre o todo e as partes. A literalidade é deixada de lado para que seja empregada uma construção de sentido sempre relacional e elaborada[e].

Nesse contexto surge Vertov e Eisenstein, magos do cinema, que trazem o conceito de montagem cinematográfica explorando a multiplicidade de focos, a multiplicidade de sentidos ao se construir um discurso. Essa geração de cineastas revolucionou as gerações posteriores para sempre. 

II. Eisenstein

Como já visto, no cinema russo, os temas resumiam-se às etapas da Revolução Russa e a seus ideais. Nesse cenário o teórico e cineasta Serguei Eisenstein (1898-1948) foi o principal representante. No início da carreira, as suas obras são inseparáveis dos seus valores políticos e da ideologia do regime. Eisenstein lutou pela revolução com a convicção do poder das imagens. Ajudou a consolidar o derrube do czarismo e promoveu a ascensão de Lenin que nunca abandonou a visão utilitária do cinema, como veículo preferencial de propaganda política.

Os primeiros assuntos de Eisenstein foram as greves e as revoluções de 1905 e 1917 que fez uso dos princípios da dialética tão úteis nos acontecimentos pré-revolucionários e revolucionários. Com seus conhecimentos de desenho e teatro Eisenstein tentou reunir as lições de Griffith e Karl Marx criando uma experiência única para o público.

Seu primeiro filme experimentou teorizar sobre a montagem como um choque de imagens e ideias. “A Greve” (1925), abordava o caso de uma greve, ainda durante o período czarista, onde se testemunhava o esforço dos trabalhadores em busca de melhores condições de trabalho e de vida, em confronto com os patrões, vistos como ditadores capitalistas, tendo como aliado o poder político e militar.

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