Análise Crepúsculo dos Deuses
Por: joaoventurim • 5/10/2019 • Resenha • 674 Palavras (3 Páginas) • 214 Visualizações
Universidade Federal do Sul da Bahia
Instituto de Humanidades, Artes e Ciências - Campus Paulo Freire
Componente Curricular Arte e tecnologia
Docente: Francisco Gabriel de Almeida Rego
Discentes: João Alexandre Venturim Abutrabe e Reinan do Carmo Souza
Análise do som do filme Crepúsculo dos Deuses
O filme “Crepúsculo dos Deuses” (Sunset Boulevard, 1950) é um representante do estilo noir que constrói um retrato pessimista e crítico do universo cinematográfico de Hollywood e discute a fugacidade do sucesso. A narração over de Joe Gillis, já morto, relatando sua própria história também é um elemento marcante da obra. Já o Flashback é um fator que contribui para o suspense do filme, que sempre aparece acompanhado da narração do personagem, levando o espetador a compreender os acontecimentos que culminaram no assassinato. Dessa forma, o enredo é contado na perspectiva de Joe Gillis.
No filme há utilização de uma narração produzida fora do espaço da estória durante todo o roteiro, recurso denominado de som não diegético. Desde as primeiras cenas do filme percebe-se a intenção em conduzir o espectador a uma história de investigação policial e imaginação do desencadear da trama, típico do estilo noir. Tudo inicialmente leva a crer que o espectador está diante de filme do cinema clássico hollywoodiano, mas depois da cena inicial em plano geral passa-se para um plano aberto que revela um misterioso corpo boiando. Dado esse contexto, o espectador é surpreendido com a narração do próprio morto, como uma voz externa. Essa voz seria uma narração com o intuito de transmitir informações e auxiliar na construção de uma cronologia, uma espécie de narração em Voice Over, que nasce após o surgimento do cinema sonoro. De uma forma geral, o som é utilizado como uma forma de envolver o espectador no filme Crepúsculo dos Deuses.
A música também é um importante elemento para enfatizar a emoção em determinadas situações de tensão e suspense. A ilustração do nervosismo do personagem Joe Gills pode ser percebida através da inserção de uma canção tensa no momento em que os representantes do banco procuram por ele na casa de Norma Desmond. Assim como quando o personagem é obrigado a deslocar-se da garagem para um quarto da mansão, a música ilustra uma situação de incômodo com a situação. Durante a festa de fim de ano na residência de Norma Desmond, a música diegética da cena cria tanto um clima de romantismo quanto de mal estar. É possível perceber o drama de algumas cenas através dos elevados tons graves, como no momento da revelação sobre o passado amoroso entre o mordomo Max e Norma Desmond. Assim, a música pode ser colocada como não diegética e diegética a depender da narrativa do filme. Em determinados momentos, ainda existe uma mistura entre o som diegético e o não diegético, como no minuto 27 do filme, que se inicia com Joe Gillis deitado na cama e o som de um órgão tocando ao fundo, não diegético à cena. Conforme ocorre a progressão da cena, Joe se desloca de seu quarto nos fundos da casa e se dirige até a sala de estar e, durante esse trajeto, o som do órgão aumenta conforme ele se aproxima da sala de estar. Já no desfecho da cena, no minuto 28 do filme, Joe adentra a sala de estar e se depara com o mordomo Max tocando o órgão, deixando então o som de ser um elemento não diegético para se tornar um elemento diegético da cena.
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